No passado sábado 13 de Março, a equipa principal do Sporting foi ao Seixal Campus defrontar a equipa A do Benfica. Era o 5º confronto no histórico entre os 2 rivais no Futebol Feminino. Até então, nos 4 encontros que o precederam, o Sporting havia obtido 2 vitórias, 1 empate e 1 derrota (tendo apenas jogado 1 vez no seu terreno, no Estádio Aurélio Pereira).

Para este 5º encontro as equipas alinharam: pelo Benfica, a guarda-redes brasileira Letícia (26 anos); as defesas Catarina Amado (21 anos, 2ª época no SLB), Sílvia Rebelo (31 anos), Carole Costa (30 anos) e Matilde Fidalgo (26 anos), as centro campistas Andreia Faria (20 anos), Beatriz Cameirão (19 anos), a nigeriana Christy Uchebe (20 anos) e como avançadas a brasileira Nicole Raysla (20 anos), a brasileira Marta Cyntra (20 anos) e a canadiana Chloé Lacasse (27 anos);
pelo Sporting, alinharam a guarda-redes Inês Pereira (21 anos), as defesas Mariana Rosa (18 anos), Bruna Costa (21 anos), a sérvia Nevena Damjanovic (27 anos) e Joana Marchão (24 anos) as centro campistas Tatiana Pinto (26 anos), Fátima Pinto (25 anos) e Andreia Jacinto 18 anos) e como avançadas Ana Borges (30 anos), Carolina Mendes (33 anos) e Raquel Fernandes (29 anos).

Os onze iniciais de SLB e SCP utilizavam, assim, respetivamente, 6 e 4 jogadoras com 21 anos ou menos e 5 e 2 estrangeiras. No SLB viriam a entrar as brasileiras Darlene (31 anos) e as portuguesas Lúcia Alves (23 anos) e Francisca Nazareth (18 anos), saindo Andreia Faria, Matilde Fidalgo e Christy Uchebe. No SCP, apenas sairia (aos 73 minutos) a Carolina, para entrar a Ana Capeta (23 anos). Deste modo a média de idades do 11 inicial do SLB era de 23,1 anos e do 11 inicial do SCP de 24,7 anos; já as médias com que finalizaram foram, respetivamente, de 23,6 anos e de 23,8 anos.

A história do jogo começa a definir-se aos 6 minutos quando, na sequência de um livre na nossa ala esquerda superiormente apontado por Joana Marchão, Raquel Fernandes falha o encosto para golo e Carolina Mendes aproveita a sobra para apontar de cabeça um golo de belo efeito que afetaria e muito a estratégia benfiquista.

A treinadora Filipa Patão optou por um meio campo menos recheado mudando o seu usual 4-4-2 para um 4-3-3 algo híbrido (ou contra-natura por forçar o avanço de Nicole Raysla para acompanhar a compatriota Cyntra e a canadiana Lacasse na frente de ataque obrigando-a a desempenhar funções que lhe são estranhas e a percorrer espaços menos usuais). Ora a Nicole é quem usualmente liga o jogo das encarnadas a meio campo, sendo fulcral nas manobras de uma equipa que inscreveu no seu ADN o controlo da posse de bola. Com este maior peso no ataque, a Filipa Patão terá tentado surpreender o Sporting. Só que o extraordinário acerto defensivo do meio campo leonino com Tatiana Pinto, Fátima Pinto e, sobretudo, Andreia Jacinto, frequentemente auxiliadas por uma Carolina Mendes muito solidária, impedia a circulação de bola a meio campo pelo SLB e forçava as suas jogadoras mais recuadas, particularmente Carole Costa, mas também a Beatriz Cameirão e a Catarina Amado a lançamentos longos tentando servir Lacasse e Cyntra nas alas; mas, ora esses passes eram demasiado longos, ora quando bem executados eram superiormente anulados pela Mariana Rosa e pela Joana Marchão e, mais tarde (quando Lacasse começou a percorrer zonas mais centrais do seu ataque apoiada pela Nicole), a Bruna e a Nevena estiveram, mais uma vez imperiais. Uma primeira parte em que o Sporting de Suzana Cova deu um banho tático ao Benfica de Fátima Patão.

Era de esperar, após o recomeço, um Benfica a preencher mais o seu centro de jogo e a ser mais pressionante no ataque. Mas aquilo a que assistimos foi a outra inesperada nuance estratégica da Suzana Cova: ao invés de começar a sua pressão defensiva em zonas avançadas do seu meio campo defensivo (como fizera na primeira parte), o Sporting fez avançar mais a Andreia Jacinto e colocou a Raquel e a Ana Borges a completarem o apoio a Carolina Mendes na pressão sobre a saída de bola defensiva do Benfica. Foram cerca de 20 minutos de quase total descontrolo das águias sem conseguirem ligar jogo ou sequer libertar-se da pressão sobre as suas defesas. Sucediam-se as recuperações em zonas altas de Andreia Jacinto e Raquel Fernandes. A Joana Marchão conseguia subir melhor e mais vezes, enquanto na outra ala, Mariana e Borges se entendiam ofensivamente com mais frequência. Era o Benfica quem sufocava, parecendo que o Sporting é que corria atrás do prejuízo.

Aos 57 minutos mais uma recuperação de Andreia Jacinto em zona avançado gera transição rápida e remate muito perigoso de Raquel Fernandes; aos 60 minutos Fátima Pinto enche o pé para um fantástico remate de fora da área que passa a escassos centímetros da base do poste esquerdo da baliza de Letícia, que estava completamente batida; aos 62 minutos, mais um cruzamento tenso “teleguiado” de Joana Marchão, correspondido com um gesto técnico quase perfeito de Carolina Mendes que só é parado pelo poste direito da baliza defendida por Letícia (mais uma vez, inapelavelmente batida); aos 66 minutos, a Mariana Rosa faz um lançamento para as costas da defesa encarnada solicitando a desmarcação de Carolina Mendes que, correspondendo muito bem, entra na área benfiquista e cruza rasteiro entre a última defesa e a guarda redes mas Tatiana faz o movimento para a defesa contrária em vez de atacar o espaço requerido, desperdiçando mais uma oportunidade dourada.

Aos 73 minutos entrou Ana Capeta para render Carolina Mendes sendo mais um fator de retardamento das transições ofensivas encarnadas e de desestabilização da sua procura em equilibrar o jogo. A única defesa complicada que Inês Pereira se viu forçada a executar foi em resposta a um livre apontado pela Darlene numa falta … sobre a Fátima Pinto a travar uma saída perigosa para o contra-ataque e que a árbitra Cláudia Ribeiro decidiu transformar em livre direto contra … o Sporting. Para culminar uma arbitragem inteligentemente tendenciosa, a Cláudia Ribeiro consegue transformar os já exagerados 5 minutos de descontos em 7, acabando por fazer soar o apito final “por cansaço”, (deve ter percebido que era escusado prolongar a agonia, uma vez que as leoas nem permitiam 3 passes seguidos às benfiquistas).

Tal como os 2 últimos jogos contra o Braga, este foi mais um confronto entre candidatos que define a nossa equipa: não é exuberante mas é extremamente competente, taticamente rigorosa, coletivamente solidária e muito inteligente a ler o jogo e a perceber o que ele pede a cada momento. Por mais qiue pareça injusto salientar qualquer jogadora, tal o foco e competência que todas colocaram em jogo, não posso deixar de referir 3 exibições: Joana Marchão (pendular); Carolina Mendes (talvez a melhor exibição desde que chegou ao Clube; assertiva e solidária) e Andreia Jacinto (enche o relvado de bom futebol).

Amanhã, 4ª feira, dia 17 de Março, pelas 18 horas de Portugal Continental, no Magalhães Pessoa em Leiria, Leoas e águias defrontam-se de novo, agora para decidir quem levanta o troféu da 2ª edição da Taça da Liga; e no domingo, dia 21 de Março, pelas 16 horas, as leoas vão a Famalicão disputar a 1ª jornada da 2ª volta. Ou seja, em apenas 2 semanas, 5 jogos contra as outras 3 grandes equipas do Futebol Feminino em Portugal. Nada mau para contrabalançar os hiatos competitivos que vinham acontecendo desde Dezembro passado: é mesmo caso para dizer “não há fome que não dê em fartura”.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!