Neste último sábado, 27 de Março, o Sporting recebeu (no Estádio Aurélio Pereira) e venceu o Torreense, último classificado, por 3-0. Suzana Cova escalou um 11 inicial com algumas “surpresas”: o “regresso” de Alícia Correia para a direita da defesa, lugar que tem sido ocupado pela Mariana Rosa; a entrada de Mónica Mendes para central mais “puxada” à direita, lugar que tem sido preenchido por Bruna Costa e voltou a apostar em Rita Fontemanha em vez de Fátima Pinto no “miolo do terreno” e voltou a colocar a Marta Ferreira na extrema esquerda, deixando mais uma vez no banco a habitual Raquel Fernandes. Se a Mónica Mendes e a Rita Fontemanha foram “apostas” bem sucedidas graças ao empenho colocado em campo e se a Alícia não comprometeu mas também não sobressaiu, já a opção de Marta Ferreira na ala esquerda revelou-se, de novo contraproducente. A Marta não me parece jogadora de ala e deve ser rotinada a jogar na área ou no apoio a quem jogue na área (parece-me ser jogadora para o falso 10 de um 4-3-3 híbrido que se transforma frequentemente em 4-2-4).

De qualquer modo, este seria sempre um bom jogo para experimentar outras soluções. Afinal defrontávamos um Torreense que é indubitavelmente a grande decepção deste Campeonato (mesmo o apuramento para esta série foi de serviços mínimos para uma equipa que se “apetrechou” com 7 brasileiras, 1 canadiana, 1 franco-lusa, 1 luso-americana e ainda conta nas suas fileiras com as ex-leoas Matilde Figueiras e Raquel Ferreira). O jogo foi de facto de sentido único e o resultado não espelha o domínio verde e branco (além dos 3 golos houve 3 bolas nos ferros e outras tantas oportunidades de “golo cantado” incrivelmente falhadas). A primeira hora de jogo, no entanto, pese embora o claro domínio foi jogada sem grande chama, deixando aquela sensação de que se confiava que o resultado se faria por si próprio. O único golo óbtido nesse período até viria a premiar uma das jogadoras que se mostrou sempre mais inconformada, a “capitã” Rita Fontemanha. Bem servida pela inevitável Ana Borges (grande jogo a comemorar a sua 100ª presença com a listada verde e branca).

Foram as alterações operadas por Suzana Cova que de facto mexeram com a equipa e a última meia hora mostrou um Sporting mais dinâmico e mais à procura do resultado. A entrada de Raquel Fernandes, aos 60 minutos, para o lugar da Marta Ferreira, veio dar mais critério à definição dos lances do lado esquerdo e “libertar” mais a Joana Marchão para o envolvimento ofensivo. Três minutos depois, um lance começado numa boa abertura de Mónica Mendes (mais uma) para Raquel Fernades que amortece para trás para o apoio de Joana Marchão a servir Ana Capeta à entrada da área que remata colocado, rasteiro, ao canto direito da guarda redes Mariana Ferreira. Ao minuto 72, as entradas de Carolina Mendes e Fátima Pinto para os lugares das protagonistas do 1º golo (Ana Borges e Rita Fontemanha), passando a Ana Capeta para a direita da nossa ofensiva, acentuou a pressão. Aos 78 minutos, Mariana Rosa (que jogadora que se está a fazer) e Bruna Costa entram para os lugares de Alícia Correia e da irreconhecível Nevena Damjanovic (que terá feito a pior exibição de leão ao peito … acontece às melhores). Ainda houve tempo para um momento de hino ao futebol: o 3º golo, de Raquel Fernandes, um milimétrico chapéu a 30 metros de distância. (podem clicar aqui e ver)

Ficava, assim, cumprida mais uma etapa desta esquisita “maratona” “competitiva” (maratona só no tempo … prova de saltos no modelo competitivo). Porque a prova vai sofrer mais uma interrupção (supostamente devida aos compromissos internacionais da Seleção para os 2 jogos com a Rússia, dos play-off de apuramento final para o Euro- 2022 em Inglaterra. Só que esses jogos realizam-se me 7 e 13 de Abril e a 10ª jornada do Campeonato BPI vai ser disputada a … 28 de Abril … precisamente 1 mês após a 9ª jornada. Entretanto, realizam-se 2 jogos em atraso: o Marítimo vs Condeixa a 10 de Abril (o que pressupõe que ou a maritimista Telma Encarnação não é convocada para o duplo confronto com a Rússia, ou o Marítimo ver-se-à privado do concurso da sua melhor jogadora no confronto contra o seu mais direto competidor no Campeonato BPI) e o Benfica vs Braga, na 4ª feira 21 de Abril.

O que nos leva a perguntar: se o último jogo com a Rússia é na 3ª feira dia 13 de Abril o que impede que se jogue a 10ª jornada do Campeonato BPI no fim de semana de 17 e 18 de Abril?; se o Benfica e o Braga podem jogar a 21 de Abril o seu jogo em atraso, o que impede de se realizar no mesmo dia o Sporting vs Marítimo também em atraso? O que impede que se realize a “famigerada” jornada 10 do campeonato BPI no fim de semana de 24 e 25 de Abril?; porque razão os 4 jogos da 10ª jornada se efetuam numa 4ª feira (28 de Abril) e 4 dias depois (2 de Maio), apenas se defrontem Sporting e Albergaria para os restantes 3 jogos dessa 11ª jornada, apenas se jogarem no domingo seguinte, a 9 de Maio? E porque razão a 12ª jornada se joga com 2 jogos a 16 de Maio e outros 2 (que inclui o Condeixa vs Sporting) apenas se realizem a 23 de Maio? Em suma, por que raio o Sporting joga a 9ª jornada a 27 de Março, a 10ª jornada só a 28 de Abril, a 11ª jornada logo a 2 de Maio e a 12ª jornada só a 16 de Maio e, mesmo após estes 50 dias para realizar 4 jogos, continua com o jogo contra o Marítimo em atraso? Jogo esse da 3ª jornada!!!

Desculpem a insistência nesta paradoxal “calendarização”, mas o facto é que este agendamento competitivo além de revelar um ABSOLUTO “AMADORISMO” da F.P.F. na organização do Futebol Feminino consubstancia um tratamento desigual para com o Clube que é só o que mais atletas fornece às Seleções dos diversos escalões. Mas, sejamos honestos, essa descriminação só sucede graças à total permissividade e passividade da estrutura leonina. Não é concebível que o Sporting não procure esclarecimentos junto da F.P.F. sobre estas disparidades de agenda ou que não seja muito mais proativo na marcação de uma agenda mais racional e consentânea com os normais propósitos de uma competição que se pretenda sã.

Finalmente uma palavra para 3 primeiras “centenárias” desta equipa: há 3 jogos foi a Ana Capeta a concretizar o seu jogo 100 a verde e branco; há 2 jogos foi a Joana Marchão (num jogo em que marca o livre do golo da suada vitória em Famalicão; golo marcado pela Raquel Fernandes que, nesse dia, comemorava o seu 30º aniversário); no último jogo foi a vez da Ana Borges inscrever na sua carreira esse bonito registro.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!