Finalmente terminou a época 2020-2021 dos seniores masculinos e é tempo de fazer uma pequena análise da mesma. É, possivelmente, um dos balanços mais complicados a fazer. Se por um lado vencemos uma competição importante, por outro as 14 (!!!) derrotas do ano também significam alguma coisa.

Ainda assim, e em jeito de conclusão, dou a época como positiva. Quando se vence uma competição tão desejada, dificilmente se pode caracterizar este tempo como desastroso. Um SL Benfica muito acima de todas as restantes equipas mostrava que vencer seria uma tarefa com superpoderes. No entanto, ficam as perguntas no ar: Esta conquista alavanca o futuro? Mostra que há projeto? Mostra que o plantel maturou este ano e para o ano estará melhor? Esta conquista uniu o grupo e trouxe um final de época interessante? Há futuro no voleibol masculino do Sporting CP?

Infelizmente as respostas não são boas e a história começa-se a contar no início, para não parecer que “isto” aconteceu do nada. Há uns anitos, decidiu-se regressar com a modalidade e dar-lhe condições para lutar pelo título. Puxou-se uma estrutura que dava garantias, do SC Espinho, levou-se o voleibol para Norte e até se imaginou um projeto Sporting CP com as escolas da zona de Fiães. Pouco tempo depois, o ex-director geral das modalidades, Miguel Albuquerque, decidiu, porque era pago para isso, que o voleibol não era uma prioridade e, imagino eu, os resultados desportivos não estavam satisfatórios. E reduziu o orçamento. No ano seguinte acontece o mesmo e, este ano, volta a fazer o mesmo. Sim, o orçamento desta época foi da responsabilidade dele. Deixou de haver visão para o voleibol masculino como se repara pela inércia na gestão. Não existe formação, não existe aproveitamento do Gersinho como expert da formação de voleibol, não se aproveitou nenhum craque (Dennis, Maia, Marshall, Roberto Reis, etc) que já passou pelo nosso voleibol para atrair a “canalha” para a modalidade. Ao contrário do que aconteceu no feminino que já apresenta 200 jovens.

Já agora, cito a “aula” aberta que o nosso anterior responsável deu: “(…) para se viver da formação tem de haver um projeto sério (…) Como é que EU posso apostar num voleibol, se alguém souber que me ajude. Não existe formação de voleibol em Portugal. A pouca formação masculina que existe está a Norte e não tem suficiente qualidade para alimentar os clubes como o Sporting ou como o Benfica.”

Chegámos, portanto, ao início desta época com mais uma redução de orçamento. Como é que tens a certeza que o orçamento desceu? Pela profundidade do plantel porque não é tanto pela qualidade do 6 inicial. Posto isto, o cenário que nos foi apresentado este ano foi: Rescisão de jogadores com contrato (€€), redução do orçamento da época, tentativa de haver formação através de 1 treino de captação mal sucedido. Então, a gestão da secção decidiu que, dado que temos pouco dinheiro, vamos dá-lo ao Gersinho e, pelo conhecimento que tem, ele trata de dizer quem quer/consegue. Imputação de responsabilidades no treinador e teórica desresponsabilização dos diretores.

E não é que o homem fez um milagre qualquer? Ganhou uma taça! E não se limitou a isso. Ainda conseguiu mais dois feitos. Colocou a rapaziada que tanto denegriu a sua imagem nas redes sociais no seu lugar e, ainda ontem na flash, deu um aviso aos seus responsáveis explicando que falta estrutura no voleibol.

Pois bem, possivelmente não será a melhor forma de analisar uma época, mas contar a história sem puxar o filme atrás parece meio que injusto. Portanto, dado o caminho que estamos a percorrer, continuo a considerar a época bem positiva. Positiva dadas as condições miseráveis que temos vindo a assistir.

Fica, depois disto tudo, a dúvida de como é que será abordada a próxima época. Sinceramente, eu não espero um camião de dinheiro para o voleibol para ganhar tudo. Primeiro não faria sentido, depois a equipa feminina ganhou um espaço superior e iria sofrer esta decisão e ainda continuaríamos sem qualquer projeto desportivo. Sobre patrocínios também não estou preocupado porque é tudo reativo e não proativo. E ainda bem, porque seria bem complicado tentar vender a marca de voleibol masculino a qualquer empresa em troca de patrocínio.

Em jeito de conclusão, vamos aos destaques.

Jogador do Ano
Renan Purificação. Conquistou-me pelo trabalho que faz e pela garra que traz ao campo. Foi, na minha opinião, o jogador mais consistente do ano. Já se percebeu, pelas redes sociais, que está de partida, por isso fica uma palavra de reconhecimento pelo profissionalismo que empregou no Sporting CP. Pareceu-me que gostou de cá andar.

Figura do Ano
Gersinho. Pela pancada que levou, pela dificuldade de ter um grupo competitivo com pouco dinheiro, pela falta de equipas de formação que é a sua praia de eleição, parece-me ser aquele que melhor aproveitou esta época para se valorizar.

Expectativas para 2021-2022
Eu só peço visão para o projeto do voleibol masculino do Sporting CP. Os adeptos são pacientes com projetos, não o são com incompetência. Esta não é só a minha opinião, basta ver o mediatismo que esta equipa desenvolveu este ano para perceber o definhar a que chegámos.

Em jeito de despedida vou utilizar uma metáfora para caracterizar a gestão da secção de voleibol e das modalidades do Sporting CP. Se dissesse 2,10,12,16,17,18,19 e perguntasse aos nossos dirigentes qual é o próximo número da sequência, eles iriam estar horas à procura da lógica matemática quando a resposta está na língua portuguesa.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.