Não pensem que o subtítulo tem alguma conotação com a senha/código para o início da operação militar que culminaria com a queda do regime ditatorial que mos gobernou 48 anos. Écerto que estamos em semana de comemoração dessa efeméride. Mas essa será feita por nós com uma vitória da equipa A masculina em Braga. O adeus a que me refiro é não é o momento que deu o mote para o início de um bonito sonho, mas sim o que revelou o fim de uma outra quimera, a do apuramento da seleção de Futebol Feminino para o Euro England 2022. E o que vem depois, é a queda na quase mórbida realidade do regresso do FF Luso ao “confinamento” das suas competições internas.

Esse regresso começou logo com a disputa, no último fim de semana, da 10ª Jornada da Série de Apuramento de Campeão do Campeonato BPI (ou dito melhor de 3 jogos da 10ª jornada e 1 em atraso da 3ª, precisamente o que disputámos no Aurélio Pereira contra a equipa do Marítimo. Para esta partida a treinadora Suzana Covas fez alinhar: Inês Pereira (G.R.); Mariana Rosa (D.D.), Bruna Costa (D.C.-d), Nevena Damjanovic (D.C.-e), Joana Marchão (D.E.); Tatiana Pinto (M.D.), Fátima Pinto (M.C.) e Andreia Jacianto (M.A.); Ana Borges (E.D.), Carolina Mendes (P.L.), Raquel Fernandes (E.E.). O treinador Luís Gabriel, por sua vez, fez alinhar de início as 3 estrangeiras do plantel alinhando com: a “keeper” Bárbara Santos (madeirense de 27 anos); na defesa Amanda Francisco (brasileira, 32 anos, 1º ano no Marítimo) e as madeirenses Cláudia Vieira (28 anos), Joana Silva (17 anos !!!), e Neuza Caldeira (27 anos); as médias madeirenses (Lara Costa (16 anos!!!) e Tânia Mateus (22 anos) e a porto-riquenha Karina Socarrás ( 27 anos, 1º ano no Marítimo); mais avançadas as madeirendses Nádia Freitas (32 anos) e Telma Encarnação (ponta de lança, 19 anos!!, 7 internacionalizações A e 13 golos pelo Marítimo nesta época) e a brasileira Marcelly (24 anos, 1º ano no Marítimo). Nos 15 minutos finais do jogo, Luis Gabriel ainda chamou a jogo as madeirenses Luisa Brito (21 anos), Mónica Gonçalves (21 anos) Sara Fernandes (18 anos!!) e Catarina Abreu (do Barreiro, 19 anos!).

Detive-me hoje um pouco mais no detalhe do team adversário porque acho que esta equipa do Marítimo, a sua equipa técnica e, decerto, o/a Diretor/a Desportivo/a (ou similar) merecem este destaque. O Marítimo tem tido uma presença muitíssimo interessante neste Campeonato BPI: terminou a Série Sul da 1ª Fase em 3º lugar entre as 10 equipas, com 16 pontos, resultantes de 5 vitórias (2 delas fora de casa), 3 derrotas (2 em casa mas contra Sporting e Benfica, sempre favoritos, e outra fora contra o Torreense “apetrechado” com 9 estrangeiras, treinado pelo experiente Nuno Cristóvão e que acabou em 4º do grupo) e um empate, fora, contra o Estoril Praia, que terminou em 5º. Nesta fase de apuramento de campeão seguem em 6º lugar, atrás dos 4 candidatos e da também bastante interessante equipa do Albergaria (sobre a qual me debruçarei quando as defrontarmos). Mas o principal destaque desta equipa do Marítimo não se deve apenas ao seu percurso, mas também ao facto de ele estar a ser calcorreado com base em muita juventude, formada na casa, e apenas contando no plantel com 3 estrangeiras, todas elas contratadas este ano. E os dedos de uma mão sobram para contar as jogadoras do plantel que não são madeirenses. Para que tenham uma ideia da relevância deste facto, basta contrastar os plantéis principais do Futebol Feminino e Masculino do Marítimo. O Feminino conta com 27 jogadoras, 23 das quais fizeram todo o seu percurso desportivo na Madeira e apenas 3 são estrangeiras; já o Masculino, “conta com 34 jogadores, 26 dos quais são estrangeiros de 13 diferentes países e apenas 8 são portugueses, dos quais 6 são madeirenses mas que, juntos, totalizam 1.731minutos (o que dá uma “média” de utilização de madeirenses de menos de 3 jogos e 19 minutos meio). Depois comparem os percursos competitivos das 2 equipas esta época. Fica tudo dito no que respeita a como investir assertivamente em equipas competitivas.

Sobre o jogo pouco há a dizer. O Sporting teve a maior parte do domínio em praticamente todas as vertentes, devendo apenas queixar-se de si próprio no que respeita à escassez do resultado, muito por culpa de uma gritante ineficácia nos momentos de decisão para assistência ou finalização de situações de golo. Carolina Mendes foi um festival de lances perdidos A jogadora continua bastante esforçada e não se pode questionar a sua entrega ao jogo, mas há lances que são “indesculpáveis” numa ponta de lança a quem se pede, sobretudo, golo. Exibições positivas apenas as de Inês Pereira, Mariana Rosa, Andreia Jacinto, Raquel Fernandes e, nos poucos minutos em campo, Marta Ferreira; exibições apenas razoáveis para Bruna Costa, Joana Marchão, Tatiana Pinto e Ana Borges; nota negativa para Nevena Damjanovic (claramente a atravessar um momento menos bom), Fátima Pinto (depois da lesão só tem aparecido a espaços) e Carolina Mendes. As minhas avaliações ao desempenho, por exemplo de Joana Marchão, Ana Borges ou Nevena devem-se, principalmente, a terem ficado muito aquém do que costuma dar, com destaque para a Nevena, de quem esperamos sempre que funcione com a afinação de um relógio Suiço mas que, nos últimos 3 ou 4 jogos jogos, mais parece um Casio comprado na feira do Relógio.

Para o histórico ficam os golos de Raquel Fernandes (a ala/extrema é, de longe, a nossa melhor goleadora) e da jovem MartaFerreira que, apesar da intermitente utilização (e, por vezes, fora da seu “habitat natural”), assinou o seu 5º golo da época, tendo entrado aos 77 minutos e marcado aos 89. Curiosidade também para o facto de a tal de “estrelinha” dos momentos de jogo se estender do Masculino para o Feminino, já que o primeiro golo foi marcado ao 5º minuto dos descontos de tempo da primeira parte e o 2º a 1 minuto dos 90 regulamentares. Outra curiosidade para o contágio de selecionite que vitimou Suzana Cova, que decidiu-se a imitar o mestre da indecisão Francisco Neto e só mexeu com a equipa por 2 vezes: a 1ª apenas ao minuto 77 com as entradas de Marta Ferreira e Amanda Perez para as saídas de Carolina Mendes e tatiana Pinto e aos 90 minutos (!?) com a entrada de Rita Fontemanha para o lugar de Andreia Jacinto; por explicar (pelo menos para mim) a continuidade da exclusão de aposta em Neuza Besugo.

A última nota de destaque relaciona-se com o sub-título deste post e o seu primeiro parágrafo, para salientar que a campanha na frente russa nos causou uma baixa de peso: a raçuda Ana Capeta não recuperou da lesão contraída nos minutos finais do Rússia-Portugal.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!