Eu sei que tinha vaticinado que o Sporting ganharia a série por 3-1, mas, depois dos 2 primeiros jogos, cheguei a pensar que fecharíamos com uns 3-0 na passada quinta-feira e, assim sendo, faria sentido a crónica incluir todos os 3 jogos. Infelizmente, eu tinha razão no meu prognóstico inicial e acabámos por ter de realizar um 4º jogo. Por isso, as minhas desculpas pela crónica tardia.

Jogo 1: Sporting 94 – 58 Vitória
Jogo 2: Sporting 85 – 67 Vitória

Os dois primeiros jogos, disputados no João Rocha, tiveram muito em comum. No primeiro, o Sporting viu-se privado de Fields, com uma pequena mazela, pelo que optou por uma equipa mais baixa e móvel, com Diogo Araújo a extremo/poste e com João Fernandes a poste. No segundo jogo, Fields já estava disponível, mas a coisa correu tão bem no primeiro, que Luís Magalhães manteve o 5 inicial.
Com esta equipa mais baixa e móvel, mas bastante agressiva, o Sporting conseguiu esticar a sua defesa a todos o lado. A muita entreajuda existente permitia contestar quer os lançamentos exteriores, quer ajudar a defender o poste do Vitória (mais alto e pesado que o João Fernandes). Defensivamente, estivemos irrepreensíveis nos primeiros períodos dos dois jogos. Ofensivamente, Travante tinha espaço para organizar o jogo, James Ellisor tirava partido da vantagem que tinha sobre Jaron Hopkins perto do cesto e João Fernandes puxava o poste adversário para fora da área pintada e batia-o em velocidade. Conclusão: parciais de 28-8 no 1º jogo e 24-9 no 2º.

O 2º período viu um Vitória a esboçar uma reacção e o Sporting a relaxar um pouco e a rodar a sua equipa (pouco, porque tínhamos alguns ausentes). Como consequência, os vitorianos ganharam os segundos períodos no jogo 1 e 2, com o resultado ao intervalo muito semelhante: 43-29 no 1º jogo, contra os 43-30 do 2º.

A partir daqui, a semelhança entre estes dois jogos acabou (tirando a vitória do Sporting no final de ambos).
No 1º jogo, o Sporting continuou com um ritmo forte no 3º período, aproveitando a sua boa defesa para pontuar em contra-ataque e, sempre que era obrigado a jogar 5×5 em meio campo, estava bastante assertivo da linha dos 3 pontos. Resultado? Aumentou a diferença pontual para 33 pontos, após um parcial de 30-11, tendo o Sporting feito um parcial de 14-0 no final do 3º período! Daqui até final, o jogo decorreu quase da mesma forma, com Travante a sair no final do 4º período, para dar lugar a Embaló que ainda jogou quase 10 minutos.

No 2º jogo, no 3º período, o Vitória esboçou nova reacção e conseguiu equilibrar defensivamente a intensidade que o Sporting colocava no jogo, até que um dos seus postes, Coreonte Berry, é excluído com 5 faltas e o outro, Ricardo Monteiro, estava com 3 ou 4 faltas. O Vitória alterou a sua estratégia e fez ao Sporting aquilo que o Sporting lhe fez a ele: colocou Tyler Seibring a extremo/poste e Alex Peacok (que eu acho que é um doppleganger do Steph Curry) a poste, tornando, assim, o Vitória numa equipa mais baixa, móvel e agressiva. Defensivamente, realizaram a pressão de 2×1 sobre o portador da bola e no ataque conseguiram arranjar espaço para Peacok tirar partido da sua mobilidade sobre o nosso poste. O 3º período ainda foi equilibrado, mas, no quarto, o Vitória entrou a todo o gás e recuperou no marcador, até que, a 7:47 minutos do final do jogo, o Vitória estava apenas a 6 pontos do Sporting (70-64). Os alarmes soaram, Luís Magalhães pede desconto de tempo e, daqui até final do jogo, o Vitória só fez mais 3 pontos e todos da linha de lance livre! O Sporting voltou a lutar pelos ressaltos, passou a haver ajuda defensiva sobre quem tinha problemas e era batido, e voltaram a colocar uma mão à frente de quem lançava. Nova demonstração de força e parcial de 15-3 para fechar o jogo.

Destaques do 1º jogo: Travante Williams com 28 pontos, Ellisor com 21 e Diogo Araújo com 13.
Destaques do 2º jogo: Todo o 5 inicial marcou mais de 10 pontos, sendo que, para mim, o MVP foi João Fernandes com 14 pontos e 12 ressaltos.

Em ambos os jogos, o Sporting perdeu a luta dos ressaltos (por pouco), mas ganhou nos pontos marcados na área pintada, fruto de umas excelentes percentagens de concretização de 2 pontos (67% no 1º jogo e 68% no 2º).

Jogo 3: Vitória 84 – 71 Sporting
Para este jogo, o Vitória entrou com duas novidades: Carlos Cardoso, o base titular nos 2 primeiros jogos, cedeu o seu lugar a André Bessa no 5 inicial, e Jaron Hopkins, lesionado, não jogou, entrando no 5 inicial Alex Peacok. Esta última troca não foi directa, pois quem foi ocupar o lugar de Hopkins foi Parish (passando de extremo para 2º base), entrando Peacok para o lugar de Parish. Estas mudanças, parecendo que não, mexeram com o jogo. André Bessa (que tinha entrado bem nos 2 primeiros jogos) evitou muito bem a pressão defensiva do Sporting e coordenou melhor o ataque do Vitória do que Carlos Cardoso. Alfred Parrish passou, também ele, a pegar mais no jogo do Vitória e terminou a partida como melhor marcador, com 31 pontos.

O resumo deste jogo é muito simples de se fazer: o Vitória entrou mais determinado e mais parecido com aquilo que todos esperávamos dele. O Sporting, sabendo que faltava apenas uma vitória para fechar a série, entrou um pouco mais relaxado do que nos 2 jogos anteriores. Resultado: o Vitória ganha o primeiro período, o Sporting reage no segundo, indo para o intervalo a vencer.
Porém, quando se esperava que a equipa entrasse a matar no 3º período, de forma a fechar logo esta série, aconteceu precisamente o contrário! No 3º período, o Sporting marcou apenas 11 pontos, contra os 25 do Vitória. Nós nem fizemos muitos turnovers no jogo (11 no total), mas houve muita indefinição, más opções de lançamento e falta de eficácia. E isso começou a pesar nos jogadores e passou também para o plano defensivo. O Vitória fechou-nos a área pintada e obrigou-nos a lançar de 3, tendo terminado o jogo com 29 lançamentos tentados, com uma percentagem de apenas 27% de concretização. Parrish estava imparável no ataque e o Vitória conseguia tirar finalmente partido da vantagem de peso do seu poste. O Sporting ainda equilibrou no final do jogo, atenuando um pouco a diferença, que chegou a ser de 14 pontos para os minhotos.

Para terem noção, eles conseguiram concretizar 11 triplos, com uma respeitável percentagem de 36% e dominaram a área pintada com 42 pontos, contra apenas 26 do Sporting! Do nosso lado, destaques para Travante Williams (sempre ele), com 21 pontos e 5 triplos, Ellisor com 19 e João Fernandes com 17.

Jogo 4: Vitória 80 – 97 Sporting
O Vitória voltou a repetir o 5 inicial e a estratégia, mas, desta vez, o Sporting entrou com a mentalidade correcta. Com os 4 americanos de início e Fields no 5, pela primeira vez nestes quartos de final, a defesa de playoff voltou a aparecer e o Sporting comandou o jogo logo desde início. O Sporting “deixava” André Bessa manobrar, mas cortava-lhe as linhas de passe e anulava as outras pedras ofensivas do Vitória. Os minhotos terminaram o jogo com 20 turnovers e 47% de eficácia nos lançamentos de 2 pontos. No ataque, conseguimos arranjar espaço para Fields ir castigando os postes adversários e facturar – Berry foi excluído com 5 faltas e Ricardo Monteiro terminou o jogo com 4. O Sporting foi 28 vezes para a linha de lance livre, onde teve 82% de eficácia!
Fomos para o intervalo a ganhar por 54-30 e, daqui até ao final do jogo, gerimos autenticamente esta diferença e acabámos por dar quase 10 minutos a Embaló, 15 a Amiel e 17 a Cláudio Fonseca (que esteve muito bem no jogo).

A estratégia para este jogo foi carregar no jogo interior e atacar o cesto, pois o Vitória, no jogo anterior, fechou-nos a área pintada e, com isso, ganharam esse jogo. Com o Vitória a tentar concentrar esforços para fechar a área pintada e carregados de faltas, o Sporting acabou por lançar 22 vezes da linha de 3 pontos (algo pouco habitual nesta equipa). Marcámos 60 pontos na área pintada contra os 26 do Vitória, ganhámos a luta das tabelas pela primeira vez na série (43 contra 34), tendo conseguido 16 ressaltos ofensivos, fizemos 21 pontos em contra-ataque, 43 pontos a vir do banco e 15 pontos vindos de segundas oportunidades de lançamento. Destaque também para os 10 roubos de bola e para os 11 turnovers cometidos (número baixo para um jogo de playoff). Dominadores em toda a linha!

Destaque para 5 jogadores com 10 ou mais pontos, Amiel, Cláudio Fonseca e Embaló com muitos minutos (importante face à rotação mais curta, devido às lesões de Micah Downs e Catarino). Fields, com 19 pontos e 9 ressaltos, foi o MVP, com uma menção muito honrosa para Diogo Ventura com 10 pontos, 8 ressaltos e 7 assistências (quase um triplo-duplo).

Agora, venha de lá o Benfica, que eliminou a Oliveirense com 4 jogos equilibrados e 2 vitórias em Oliveira de Azeméis. O Benfica é sempre uma incógnita e, apesar de ser a equipa com maior poder de fogo em termos de ataque dos candidatos, é também aquela que tem mais fraquezas defensivas que podem ser exploradas. A mentalidade e vontade de ganhar será mais determinante do que a tática. Será fundamental a mentalidade de playoff que demonstrámos nos jogos 1, 2 e 4 frente ao Vitória SC. Vou voltar a apostar que ganhamos a série, desta vez por 3-2, perdendo um jogo no João Rocha e indo ganhar um ao pavilhão da Luz.

Nos outros confrontos, o Imortal venceu o Lusitânia por 3-0 e o Porto acabou por surpreender, ao perder 1 jogo frente ao CAB Madeira, vencendo também a sua série por 3-1. Os favoritos acabaram por vencer todos nos quartos de final.

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta