Caros leitores da Tasca, procuro com este artigo debater algumas ideias que me têm surgido nestes anos em que tenho vindo a acompanhar a formação do Sporting. Afinal, como é que os jovens leoninos se devem apresentam dentro das quatro linhas? Pretendo analisar esta questão de diferentes ângulos.

Na época que agora se encerra (20/21), as três equipas do Sporting que jogaram nos patamares de competição mais elevado, jogaram todas de maneira diferente. Começando pela equipa de Filipe Pedro, esta foi crescendo na base do 4x3x3, com dois laterais muito ofensivos (Hevertton Santos, Nazinho ou Gonçalo Costa) procurando esticar o jogo nas alas, um trinco que, na transição defensiva, descia para o meio dos centrais (na posição de líbero) e, na construção do jogo ofensivo, criava uma linha de três. Um número oito com alguma passada para ligar o jogo (Duarte Carvalho, João Daniel Santos), dois extremos que procuravam a linha para cruzar (Joelson Fernandes, Matheus Fernandes ou Bruno Tavares) ou fazer o overlap com os laterais e um avançado possante (Paulo agostinho, Youssef Chermitti) que ganhasse as bolas lançadas pelo guarda-redes, causando algum desgaste aos centrais.

Já a equipa de Celikkaya aproxima-se mais a um 4x2x3x1, com dois médios de cobertura e de construção (Rodrigo Fernandes/Edu Pinheiro e Bruno Paz) e um número dez que se aproximava mais ao ponta de lança (Tiago Ferreira, Nuno Moreira ou Tomás Silva), para jogar entre linhas. A equipa também jogava com dois laterais assimétricos, onde do lado direito se alargava a passada e se procurava a profundidade ou a linha para cruzar (Loide Augusto e João Oliveira), ao invés do lado esquerdo, onde Mees De Wit procurava jogar mais por dentro, deixando o corredor para Elves Baldé ou Nuno Moreira.

No início da temporada, jogámos com um avançado que procurava muito o jogo vertical (Pedro Marques), porém no final da temporada com a integração de Luiz Phellyppe, ficámos com um avançado mais de área, um “target-man”. Com a lesão deste último jogador, o treinador uma vez mais foi obrigado a mudar de tática, passando a jogar num 4x4x2 mais fluído, com quatro jogadores muito ofensivos que procuravam variar as posições de forma a dificultar as marcações dos jogadores adversários.

Entrámos no último jogo com o Oriental Dragon com um quarteto atacante formado por Elves Baldé, Joelson, Tiago Ferreira e Nuno Moreira, secundados por dois médios de contenção, Rodrigo Fernandes e Edu Pinheiro. Esta mudança tática tornou a equipa mais ofensiva, mas também mais descompensada defensivamente. No jogo em questão, foi percetível as excelentes combinações entre os quatro da frente, com Nuno Moreira a fazer o papel de falso “9”, no entanto no momento de transição defensiva havia um claro 3×2 no miolo, existindo sempre um homem disponível para levar a bola perto da área leonina, criando desequilíbrios numa equipa que tem como ponto forte a consistência defensiva.

Olhando para as três equipas do SCP, todas são distintas e têm diferentes ideias. A partir deste pressuposto, surgem inúmeras dúvidas:
Será que, num contexto formativo, isso é positivo?
Os métodos e paradigmas da equipa B, não se deveriam aproximar mais às ideias de jogo da equipa principal?
A equipa Sub-23 deverá jogar num esquema tático padronizado (4x3x3), ou incorporar algumas ideias do 3x4x3?
Para cada posição no terreno (centrais, laterais, médios, extremos, falsos alas, avançados e ponta-de-lança), há algum jogador “tipo” que devemos procurar desde os escalões mais jovens?
Qual a influência do treinador da equipa principal no departamento de formação leonino?

É preciso repensar e discutir estes aspetos, pois a expetativa é a de que as equipas se tornem mais competitivas do que no ano transato. Todos os adeptos que acompanham a formação leonina querem que a equipa B volte à liga 2, tal como os sub-23 voltem a ter o sucesso da equipa de 2019/2020.

*quando o deixam entrar na Academia, o JFCC coloca na ementa um prato com dedicatória para os #FormaçãoLover