Quer em vários dos comentários aos últimos dois posts desta rubrica que assino semanalmente, quer em muitos outros nas várias redes sociais leoninas (com particular destaque para as “oficiais”) levantou-se a indignação por ter apontado a ausência de qualquer sinal de estratégia (ou mesmo de vida) na necessária recomposição de um plantel que já reputava de curto e se viu, num ápice, encurtado em 9 das suas jogadoras 6 das quais se contavam entre as mais titulares.

A resposta mais generalizada era de que os “balanços se fazem no fecho do mercado” ou de não tínhamos de “entrar em histerismo ou desespero” porque podíamos “fazer como Futebol Masculino” e “encontrar os reforços dentro de casa, na nossa formação”.

Antes de mais, convém esclarecer os mais indignados que a rubrica que assino é semanal e, por isso, é natural que, em época de “defeso”, aqui faça balanços semanais sobre a nossa política de abordagem do mercado (ou qualquer outra) para proceder à tal necessária recomposição do plantel. Pouco mais há a falar sobre o nosso FF nesta época, excepção feita aos poucos jogos de nossas equipas de Formação que ainda se vão desenrolando e sobre os quais, só “por acaso”, aqui até vou dando nota.

Pois esta semana, sobre “mercado” e “recomposição” do plantel temos a anotar mais 2 renovações (Fátima Pinto e Andreia Jacinto) e mais uma saída de outra internacional lusa (Tatiana Pinto).

Já vão em 10 saídas: 6 portuguesas que totalizam 359 internacionalizações na selecção “A” das quinas (29ª do ranking FIFA); a Nevena com 23 internacionalizações “A” pela Sérvia (41ª do ranking FIFA); a Raquel Fernandes com 40 internacionalizações “A” pelo Brasil (7ª do ranking FIFA); e até a Amanda Perez com 2 internacionalizações “A” pelo México (28ª do ranking FIFA). A contrapor a este êxodo temos o regresso da Diana Silva (66 internacionalizações). Tudo o resto são renovações (com quem já estava no plantel A) assinaturas de contratos profissionais, com quem ainda não contava para o plantel A.

Ora, faz hoje (22 de Junho) precisamente um mês sobre o fatídico jogo de fecho de época, que determinou o total insucesso da mesma, pela segunda temporada completa consecutiva e após 2 anos de sucesso completo com a conquista dos 5 títulos disputados. Só esses dados já deveriam ser suficientes para preocupar responsáveis e adeptos fazendo-os tomar consciência da necessidade urgente de reforçar um plantel que, claramente, se demonstrava INSUFICIENTE para lutar por objectivos de conquista de títulos. Mas o que acontece é o inverso: perante o insucesso reiterado e a derrocada do plantel (10 saídas são metade das 20 usadas com regularidade – e 20 já é generoso) a reacção dos dirigentes é de autismo e a de vários adeptos é de negacionismo.

Mas analisemos os argumentos “negacionistas”: os balanços fazem-se no fim, mas o mercado não começa na última semana da janela de transferências. E o mercado no Feminino, já mexe muito mais que o Masculino porque neste momento se disputa o Europeu, o que faz adiar muitas decisões. Na realidade, os nossos concorrentes já se começaram a mexer.

O Benfica que ganhou Taça da Liga e Taça de Portugal e terminou o Campeonato com 5 pontos de avanço sobre o 2º (Sporting), 12 sobre o 3º (Braga) e 16 sobre o 4º (Famalicão), fez logo aquilo que tinha a fazer: tratou de renovar com 10 jogadoras que terminavam o vínculo nesta época ou na seguinte, garantindo, assim, a estabilidade de um plantel vencedor.
O Braga começou cedo a recompor o plantel: sairam 7 atletas (Ágata Filipa, lateral esquerda, com 2153 minutos de utilização, que foi para o Glasgow City; Rayanne Machado, lateral direita, com 1659 minutos; Marie Hourian; guarda-redes, com 1620 minutos; Hannah Keane, avançada, com 1194 minutos; Ana Teles, avançada, com 795 minutos; Beatriz Barbosa, avançada, com 378 minutos; e Daniuska Rodriguez, média, com 303 minutos); entrou novo treinador, com o regresso de João Marques, vindo do Famalicão e celebraram contratos com Patricia Morais (guarda-redes, ex Sporting), Carolina Mendes (avançada, ex-Sporting), Vitória Almeida (avançada, a melhor goleadora do campeonato, ex- Famalicão), Anouk Dekker (média defensiva, holandesa, 1.82m de altura, campeã europeia e vice-campeã mundial pelo seu país, vinda do Montpellier), Ana Nogueira (lateral direita, 17 anos, ex Fiães) e Catarina Pereira (lateral esquerda, 20 anos , ex Fófó); nesta semana e na próxima o Braga deverá ainda anunciar mais 2 ou 3 contratações de vulto.
O Famalicão ficou desfalcado ao perder a extrema Mylena Freitas (passe vendido por 50.000€ ao Shangai Shengli), a defesa direita Maurine (que regressou ao Brasil por questões familiares), a Vitória Almeida e ainda a promissora jovem Maria Negrão, centro-campista criativa de enorme talento e muito raçuda; toda via contratou um treinador Jorge Barcellos (vice-campeão olímpico com a seleção brasileira e que treinou também o Vasco da Gama e o Avaí Kindermann) e a Sofia Rios para diretora desportiva (jovem, ex jogadora do Grijó e do Boavista, formada em Gestão Desportiva e a trabalhar na Gestão de Equipas de Competição da Universidade do Porto); adivinha-se, portanto, uma recomposição do plantel para repor as perdas e acrescentar alguma qualidade, com a Sofia a trabalhar o mercado em consonância com o experiente treinador.

Portanto, o que se pode dizer sobre as movimentações do Sporting no mercado é que os sinais continuam a ser preocupantes e parecem ir na direcção de uma ainda maior contenção de investimento e resultante perda de competitividade.

Falar de recompor o plantel com a formação e comparar com o plantel Campeão do FM é só “esquecer” que esse plantel tinha da Formação o Max que quase não jogou, o Edu que quase não jogou, o Gonçalo, o Nuno Mendes, o Palhinha, o Daniel Bragança, o Tiago Tomás e o Jovane Cabral (não conto o Essugo ou o miúdo que jogou uns minutos contra o Marítimo porque tiveram contributos residuais); portanto 6 jogadores que jogaram com regularidade. Isso era menos do que já existia no plantel feminino (Inês Pereira, Mariana Rosa, Joana Marchão, Alícia Correia, Marta Ferreira, Andreia Jacinto, Bruna Lourenço). E a essa “base de Formação” do plantel leonino foram acrescentadas, nesta última época, Ádan, Pedro Porro, Feddal, Antunes, Matheus Reis, Nuno Santos, João Mário, Tabata, Pedro Gonçalves e Paulinho (10 ENTRADAS e não conto com João Pereira). Será que ainda querem comparar as “recomposições” do plantel A Masculino na época que terminou com o que preconizam para o FF do Sporting este ano?

Finalmente a nota sobre a equipa B e a de Sub 15 (sub13). A equipa B não chegou a disputar a final do campeonato Nacional Senior da 2ª Divisão que estava prevista para este passado domingo, porque, devido ao retrocesso nas medidas de confinamento na “Região de Lisboa e Vale do Tejo”, essa final foi reagendada para amanhã, dia 23 de Junho. A equipa de sub13 jogou no sábado para a 2ª fase do Encontro Regional Feminino de sub 15 e venceu o Amora por 7-1 com golos de Cíntia 3, Adriana Lourenço 2, Madalena Silva e Caetana; no dia seguinte, domingo defrontaram os rapazes sub 15 do CIF para a Retoma Competitiva da AFL e perderam por 2-1 com golo das leoas a ser apontado por Cíntia.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!