O post desta semana sai com um propositado atraso de 1 a 2 dias relativamente ao que é habitual (normalmente é publicado às terças ou quartas feiras). Aconteceu assim, na esperança que esta viragem de mês no chamado “mercado de verão” nos proporcionasse algumas notícias positivas no meio do crescendo de agitação desse mercado. E, no que ao Sporting diz respeito, desde o último post há 8 dias, apenas 3 eventos sucederam: o anúncio da saída de Wibke Meister (de que já venho falando há mais de 1 mês); a contratação de Brenda Perez, média ofensiva ex Espanyol; a saída (não noticiada oficialmente pelo Sporting) da avançada Beatriz Conduto, que assinou pelo Lank Vilaverdense.

Quanto ao primeiro evento, esteve o Sporting muitíssimo bem. Embora já fosse um dado adquirido o não interesse na renovação com a atleta, ela continuou no Clube (até 2 meses para além do seu vínculo) para permanecer ao cuidado do Departamento Clínico e da Unidade de Performance leoninos, a fim de debelar uma lesão grave (rotura do ligamento cruzado anterior e rotura do menisco externo no joelho direito). Uma decisão que só enobrece o Clube, respeita os seus Valores e defende a sua Imagem (nomeadamente junto dos/as seus/suas atletas e de todos os/as atletas por quem o Clube possa vir a interessar-se, que, assim, sabem poder contar que não serão abandonados/as se sofrerem qualquer infortúnio).

Já o segundo evento provoca-me alguma perplexidade. Isto porque se continua a contratar supérfluo antes de garantir o essencial. Foi assim com a Ana Teles, com a chinesa Shen Menglu e, agora, com a espanhola Brenda Pérez. Nenhuma delas me parece vir a ser muito utilizada a titular, embora qualquer delas ofereça boas soluções de banco e as 2 primeiras ainda asseguram uma boa margem de progresso. Ainda compreendo que a contratação da Ana Teles possa ser certeira, pois é uma jogadora portuguesa ainda jovem e com qualidade (o Benfica também contratou a Maria Negrão, uma das maiores promessas actuais do nosso FF, mas dificilmente alinhará a titular fora dos 4 jogos mais acessíveis da 1ª Fase). Já as contratações de NFL para lugares não prioritários acho mais difícil de compreender. Porque alguns desses lugares ainda em falta (1 Guarda Redes, 1 Central, 1 Trinco que sejam titulares e que acrescentem qualidade relativamente às que saíram) já só podem ser preenchidos no mercado externo. E assim estamos a constranger a utilização das contratações (já foram contratadas 4 estrangeiras NFL e com mais 3 pelo menos 1 teria que obrigatoriamente de ficar de fora das convocatórias, visto que as regras deste ano diminuíram de 8 para 6 as NFL nas Fichas de Jogo de cada equipa). Mas a contratação destas estrangeiras para não serem titulares regulares, constrangem também a utilização de jogadoras da nossa Formação (e, se porventura forem titulares regulares; estarão a ocupar os lugares de outras, na minha opinião mais capacitadas). Quer a Brenda Pérez quer a Shen Menglu estão a diminuir as hipóteses de utilização da Marta Ferreira, por exemplo.

E isto leva-nos ao 3º evento de mercado a afectar as nossas equipas: a saída de Beatriz Conduto, avançada de 21 anos e com o registo de 26 golos em 10 jogos no campeonato da 2ª divisão de 2020/21, 17 golos em 21 jogos na equipa B e nos juniores sub19 e 2019/20 e 32 jogos em 26 jogos nas mesmas equipas em 2018/19. Para quem, neste espaço e noutros, teceu loas à “aposta na formação” como principal característica da reconstituição do plantel diria que estes “indicadores” parecem contrariar essa tese.

Mas vejamos, posição a posição (nalguns casos teremos de falar de combinações de posições) como foi, até agora feita a recomposição do plantel.
GUARDA REDES (2020/21) – Patrícia Morais, Inês Pereira
GUARDA REDES (2021/22) – (??), Carolina Jóia (?),

DEFESA DIREITA (2020/21) – Wibke Meister, Mariana Rosa (ainda usadas Mónica Mendes e Alícia Correia)
DEFESA DIREITA (2021/22) – Rita Fontemanha (?), Mariana Rosa

DEFESAS CENTRAIS (2020/21) – Nevena Damjanovic, Mónica Mendes, Bruna Lourenço, Carolina Beckert
DEFESAS CENTRAIS (2021/22) – Mélisa Hasanbegovic, (??), Bruna Lourenço, Carolina Beckert

DEFESAS ESQUERDAS (2020/21) – Joana Marchão, Alícia Correia,
DEFESAS ESQUERDAS (2021/22) – Joana Marchão, Alícia Correia, Francisca Silva

MÉDIAS DEFENSIVAS (2020/21) – Tatiana Pinto, Carlyn Baldwin
MÉDIAS DEFENSIVAS (2021/22) – (??), Rita Fontemanha(?)

MÉDIAS CENTRO + MÉDIAS OFENSIVAS(2020/21) – Fátima Pinto, Andreia Jacinto, Amanda Pérez, Marta Ferreira, Joana Martins, Neuza Besugo
MÉDIAS CENTRO + MÉDIAS OFENSIVAS (2021/22) – Fátima Pinto, Andreia Jacinto, Brenda Pérez, Marta Ferreira, Joana Martins, Neuza Besugo, Margarida Sousa

EXTREMAS/ALAS DIREITA (2020/21) – Ana Borges
EXTREMAS/ALAS DIREITA (2021/22) – Ana Borges, Ana Teles (?)

AVANÇADAS/PONTAS DE LANÇA (2020/21) – Carolina Mendes, Ana Capeta
AVANÇADAS/PONTAS DE LANÇA (2021/22) – Chandra Davidson, Diana Silva (?)

EXTREMAS/ALAS ESQUERDAS (2020/21) – Raquel Fernandes, Marta Ferreira
EXTREMAS/ALAS ESQUERDAS (2021/22) – Diana Silva, Shen Menglu, Ana Teles

Como vêem, estamos ainda BASTANTE CARENCIADOS na baliza (urgente 1 guarda redes de qualidade superior às que saíram e outra de qualidade idêntica às que saíram); eventualmente carenciados (mas nada prioritário) no lado direito da defesa (se for utilizada com regularidade nessa posição a Rita Fontemanha, até acho que ficamos a ganhar relativamente à época passada); MUITO CARENCIADOS no centro da DEFESA (urgente uma central de qualidade e características físicas muito superior à Mónica Mendes e à Bruna Lourenço); BASTANTE CARENCIADOS de média defensivas (urgente pelo menos uma de qualidade e características físicas superiores às da Tatiana Pinto; e ainda ficamos carentes de uma suplente para o lugar, mas a rotação poderia ser suprida pela Fontemanha ou pela Lourenço em jogos teoricamente menos “exigentes”); no meio campo de construção e ofensivo (e mesmo na linha da frente) acho que estamos relativamente bem, embora entenda que a Chandra Davidson como única peça de poder de fogo atacante pode vir a revelar-se curto (a contratação de uma Telma Encarnação dar-nos-ia uma riqueza enorme de soluções – em variedade, em quantidade e em qualidade; com ela acho que as nossas soluções na frente seriam de maior qualidade e variedade que as das nossas rivais).

É bom termos em conta que o Sporting, mesmo se não tivesse saído ninguém, necessitaria claramente de um upgrade no plantel para poder competir com o Benfica. A saída de 11 jogadoras (meia dúzia das quais muito relevantes), implica a necessidade de um upgrade ainda muito maior. A verdade é que ainda estamos longe de ter conseguido isso. Apenas fizemos 6 contratações e, dessas, só 3 são um acrescento (ou, no mínimo, uma igualização) imediato relativamente ao que existia no plantel anterior.

Preocupante é também a ausência de qualquer informação sobre jogos de preparação na pré temporada. De recordar que estamos a apenas 23 dias da disputa do primeiro jogo (e título) da nova temporada … e que esse jogo é precisamente com a equipa mais bem apetrechada da última época.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!