Depois de um longo período de férias é tempo de voltar à nossa Tasca para falar de voleibol. Tanto há para dizer, mas ficará para as próximas de semanas. Vamos começar com um sorriso, uma alegria, um orgulho, uma satisfação. Por isso, resolvi começar a época a falar da nossa Aline Timm.

Já merecia o destaque da Tasca há muito, hoje é esse dia. Aprendi a admirá-la cedo, bem antes de vir para o Sporting CP. No entanto, há um problema, não a conheço pessoalmente e isso limita a minha opinião. Como queria ser justo nesta escrita resolvi fazer a pergunta – “define a Aline em 3 palavras” – a 4 amigos da nossa jogadora à espera de respostas que me inspirassem a escrita. Tendo a acreditar que os amigos são a melhor forma de nos dizermos. Por incrível que pareça, e por estas pessoas não terem conversado entre si, duas palavras coincidiram em 3 pessoas.

Como diria o Bernardo Mendonça, esta é mesmo a Beleza das Pequenas Coisas. Então, se tudo é tão consensual, não vale a pena inventar nada. Vamos falar dessas duas palavras e eu acrescentarei uma terceira.

Alegre
Quando alguém define outro alguém de alegre é porque há sorrisos à mistura. Não são sorrisos de stand up comedy ou gargalhadas de anedotas. Naa, nada disso. A alegria é uma paz positiva e tranquilizadora. Sabem quando, no trabalho, vamos cumprimentar alguém que está a fazer uma qualquer tarefa e dizemos um simples “bom dia”? E quando a resposta que recebemos é a pessoa parar tudo o que está a trabalhar, fazer um movimento corporal dando-nos atenção, olhar para nós e dizer “bom dia” e dar um sorriso? Parece que a Aline é este tipo de alegria. A simpatia e boa disposição de quem foi feliz, está feliz e quer continuar a viver uma vida feliz. Curiosamente, um dos 4 amigos definia-a como uma apaixonada pela vida. E nós em campo vemos essa paixão! A forma como fala com as colegas, principalmente depois de um momento menos conseguido, é de alguém com um carisma feliz e apaixonado. Sabes como sabemos que nem todos os líderes são arrogantes e agressivos? Porque existe a Aline.

Coração
Esta palavra, admito, mereceu mais atenção. Valorizo muito quando uma característica consensual da Aline é ser boa pessoa. De tão simples que é, torna-se extremamente exigente. Numa sociedade de vícios, competição desonesta e sobrevivência social ouvir que uma pessoa tem um bom coração é arrepiante. Faz-me lembrar um tema que tantas vezes deve vir à cabeça de cada um de nós – em quem é que eu posso confiar? A Aline carrega a carga de várias pessoas dizerem que é nela que podem acampar. Que sorte que têm os seus amigos! Tenho para mim que esta situação costuma vir do berço ou de vidas difíceis e complicadas. Não conheço a história da Aline, como já disse, mas arrisco que alguma destas se aplicará.

Esperança
A última palavra gostava de ser eu a dizê-la. Escolhi esperança! Na minha vida pessoal (e digital) alimento-me de pessoas que fazem bem. Aproximar-me de alguém assim atribui qualidade ao dia a dia e reforça sonhos. Olho para a Aline e vejo esperança. Revejo-me na sua luta pela conquista do seu primeiro campeonato; entendo-lhe o trabalho e luta como únicas ferramentas para a dignidade e sucesso; comparo-lhe a alegria a um futuro; desejo, de alguma forma, deixar-me levar pela sua consistente forma de vida. Esperança parece-me um bom resumo daquilo que gostava que acontecesse para a época 2021/2022 do voleibol feminino do Sporting Clube de Portugal.

Este é o lançamento da época de voleibol aqui na Tasca. Num jeito mais emotivo como tantas e tantas vezes já aconteceu. A verdade é que, por muito que tente, só consigo ver o desporto desta maneira. Ver rostos, ver pessoas, ver personalidades é aquilo que nos envolve emocionalmente. Para mim, nunca será de outra forma, apesar das cabeçadas que vamos levando. A realidade tem confirmado que, no voleibol feminino, a notoriedade esteve sempre ligada à forma de estar e não a de ganhar. A bem dizer, ainda estamos à procura da primeira grande conquista. A Aline é o rosto deste novo ano desportivo. Desejo um dia poder entrevistá-la, como jogadora do Sporting CP, e começar por dizer: Aline, como é ser campeã nacional neste grande clube?

Para a semana acaba o mel e vamos analisar o “bonito serviço” destes últimos meses na seção. Têm sido semanas complicadas, parece-me.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.