Aproveitando uma hora discreta, o Sporting comunicou à CMVM que a Sporting SAD terminou o exercício anual findo a 30 de junho (2020/21) com um resultado líquido negativo de 32,9 milhões de euros.

Estes números, constantes do Relatório e Contas publicado ao final da noite de terça-feira no site da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), revelam a pior soma da administração verde e branca desde 2012/13, quando terminou o registo nos 43,8 milhões de euros. Daí para cá, só em 2015/16 verificamos um resultado negativo perto do agora anunciado, então de 31,9 milhões.

Os leões justificam os números com o mercado de transferências em “contração a nível mundial” que terminou numa quebra de receitas com transações de jogadores na ordem dos 71 milhões de euros, pese as mudanças de Wendel para o Zenit (20,3 M€) e de Acuña para o Sevilha (11,25 milhões). Recorde-se que neste relatório não estão, ainda, contempladas as transações do último defeso, uma vez já fazem parte do exercício que agora decorre, iniciado a 1 de julho.

No que ao passivo diz respeito, e tendo em conta os últimos números publicados (terceiro trimestre), subiu cerca de 8 milhões de euros, dos 302 para 310 M€. Em relação ao período homólogo, verifica-se um aumento de 12 milhões de euros (298 para os 310 M€).

Os capitais próprios da SAD terminam 2020/21 nos 41 milhões de euros negativos (mais 8 M€ em relação ao terceiro trimestre), quando a 1 de julho de 2020 se fixavam nos 9,89.

O Sporting baixou a dívida a fornecedores em 7,5 milhões de euros em apenas três meses, mais concretamente dos 62,1 milhões para os 54,6 M€ desde o terceiro para o quarto trimestre de 2020/21, conforme se pode ver no Relatório e Contas da temporada passada, enviado à CMVM já esta quarta-feira. Já em comparação com o período homólogo (contas finais de 2019/20), a dívida a fornecedores baixou 1,3 M€ no espaço de um ano – encontrava-se então nos 55,9 M€.
Numa análise individual aos credores do Sporting, constata-se que a dívida ao Sp. Braga baixou em praticamente 4,7 milhões de euros em comparação com o exercício homólogo: de 11,512 M€ passou agora para 6.813 M€. Para isto contribuiu o pagamento ao clube minhoto do que restava da transferência de Rúben Amorim (contabilizando juros, o valor total ficou um pouco acima dos 12 M€). Relativamente à Gestifute, a dívida subiu em cerca de 600 mil euros (de 5.970 para 6.578 M€).

Frederico Varandas considera que a temporada passada “marcará para sempre um lugar muito especial na memória” de todos os adeptos do Sporting, não tanto pelo fim do jejum ou recordes obtidos mas sim porque “constitui a primeira edificação de um Novo Sporting.”

“Na longa história de 115 anos do Sporting Clube de Portugal, a época 2020/2021 marcou, e marcará para sempre, um lugar muito especial nas nossas memórias. Porque assinala muito mais que a conquista de um novo título de Campeão Nacional de futebol, o vigésimo terceiro. Porque assinala muito mais que os recordes que nela foram superados. Porque assinala muito mais que o fim de 19 anos de uma travessia sem a conquista do principal título no futebol nacional. A época 2020/2021 constitui a primeira edificação de um Novo Sporting. Novo Sporting a que demos início em Setembro de 2018 e que, dia-a-dia, jogo a jogo, ano após ano, hoje destaco, e se destaca, em três vectores: Sustentabilidade, Competitividade e Honestidade”, referiu o presidente leonino na mensagem que engloba o documento enviado à CMVM com os resultados da SAD no exercício da época passada.

Um exercício em que os leões tiveram um prejuízo de 32,9 milhões de euros, que Varandas justifica assim: “resultado direto de um contexto mundial de crise, com consequências na quebra das receitas de transação de jogadores e das receitas operacionais pela ausência de público nos estádios. Colocam-se-nos enormes desafios pela frente, mas é de enaltecer a importância do trabalho de construção de bases conseguido até aqui pois, caso contrário, não nos teria sido permitido atravessar este período.”

Através da comunicação à CMVM, ficamos também a saber que haverá uma AG da sociedade anónima leonina, no dia 6 de Outubro, na qual será colocada à aprovação a vontade da SAD do Sporting realizar um ou mais empréstimos obrigacionistas até ao valor máximo global de 50 milhões de euros. Recorde-se que a SAD terá de reembolsar o vigente empréstimo obrigacionista até novembro, através do qual garantiu 26 milhões de euros.

Pontos da ordem do dia da Assembleia Geral
1. Deliberar sobre o relatório de gestão e as contas relativos ao exercício findo em 30 de Junho de 2021.
2. Deliberar sobre a proposta de aplicação de resultados relativos ao exercício findo em 30 de Junho de 2021.
3. Proceder à apreciação geral da administração e fiscalização da Sociedade.
4. Apreciar e aprovar a proposta de remuneração variável a atribuir aos membros executivos do Conselho de Administração da Sociedade elaborada pela Comissão de Acionistas relativa ao exercício de 2020/2021.
5. Apreciar, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 4 do artigo 245º-C do Código dos Valores Mobiliários, o relatório sobre remunerações elaborado pelo Conselho de Administração, respeitante ao exercício 2020/2021.
6. Apreciar e aprovar a política de remuneração dos titulares dos órgãos sociais da Sociedade elaborada pela Comissão de Acionistas para o exercício de 2021/2022.
7. Deliberar sobre a autorização a conceder ao Conselho de Administração, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 8º dos Estatutos, para uma ou mais emissões obrigacionistas, até ao montante máximo global de € 50.000.000 (cinquenta milhões de euros), a realizar mediante ofertas públicas de subscrição de obrigações ordinárias, com uma maturidade não superior a 4 anos e com o valor nominal unitário de € 5 (cinco euros), emissões essas a terem lugar até ao dia 30 de Setembro de 2022.