A precisar de interromper uma série de dois empates e uma derrota, o Sporting foi à Amoreira ganhar de forma convincente. Com mais alma do que arte, os Leões tiveram em Palhinha e em Coates símbolos maiores de uma equipa que soube contornar o autocarro estorilista e conquistar três pontos importantíssimos

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Comecemos pelo fim, ou não fosse a imagem sintomática: já nos descontos, o Estoril desce pela esquerda e prepara-se para fazer um cruzamento que poderá levar a bola à área leonina pela última vez. Palhinha, rapaz com capacidade de se teleportar, aparece com a frescura de quem está a jogar há quinze minutos e saca um carrinho que mais parece um abafanço feito por um poste da NBA, celebrando esse corte “a la futsal”.

Os jogadores Sporting sabiam o quão importante era ganhar na Amoreira, depois de empaste com Famalicão e Porto e da derrota dura frente ao Ajax, para a Champions, e Palhinha foi o espelho do espírito de uma equipa que tudo fez para ganhar o jogo. E ganhou, num penalti claro sobre Paulinho que Porro converteu com classe, coroando uma entrada na segunda parte fortíssima, período durante o qual o Estoril foi completamente encostado às cordas e no qual os Leões, através de Sarabia, conseguiram aquilo que o adversário procurou retirar-lhe desde o primeiro momento: usar a profundidade.

Chegou a ser deprimente ver os estorilistas com uma linha defensiva de seis elementos, mais dois do meio campo apostados em defender, tudo com o objectivo de não dar espaço nas costas da defesa. E ficou durante vários minutos a dúvida sobre se não faria mais sentido ter em campo Bragança do que Matheus Nunes, de forma a dar mais critério e menos explosão. Mas a verdade é que o golo apareceu de forma inteiramente justa, face à quantidade de oportunidades criadas pela equipa leonina. Paulinho, rapaz que se fartou de trabalhar, voltou a ver a sorte virar-lhe as costas e logo por três vezes: aos 27 rodou na área para defesa por instinto do redes, no canto que daí resultou vou a sua cabeçada ser defendida em cima da linha por um defesa, aos 47 viu um belíssimo remate em arco encontrar o poste mais distante.

Ainda houve mais uma bola de Neto, desviada por um defesa quando ia para a baliza vazia, tudo isto com a curiosidade do primeiro lance de perigo ter pertencido ao Estoril, num canto, por volta dos 14 minutos de jogo, com Adan a fazer uma dupla defesa daquelas que garantem vitórias. Pouco mais que isso fez a equipa da Linha, tristemente acantonada lá atrás só para impedir o adversário de jogar, e deixando no banco opções que por certo lhe dariam uma postura completamente diferente.

E o Sporting, jogando mais com alma do que com arte, nunca perdeu a paciência para esperar pela felicidade que fez por merecer, alcançando uma vitória importantíssima em termos anímicos e que lhe permite enfrentar uma nova semana de trabalho a cantarolar o clássico de Johnny Nash.