Mudança. Zona de conforto. Nunca, como hoje, palavra e expressão andaram tanto tempo de mãos dadas, num contexto social que arrasta consigo planos de dias ou de décadas, em que tecnocratas trocam competências e qualidades individuais por folhas de excel com objectivos semanais. Mas por mais que nos consideremos preparados para a possibilidade de mudança, é rara a vez que a aceitamos de forma pacífica.

Quando tomei a decisão de mudar e abanar uma das minhas zonas de conforto, o Cacifo, sabia que estava a tomar uma decisão que seria tudo menos pacífica. E um dos pontos que levantaria várias questões, seria, precisamente e como se constata nas caixas de comentários, o nome que ocuparia o lugar de outro que se tinha tornado referência para milhares de pessoas.

Posso dizer-vos que, após tomar a decisão, numa das primeiras conversas que tive com a minha mulher, lhe disse estar a ponderar lançar um post abrindo espaço a ideias para a criação do novo nome. No entanto, como será fácil de entender por todos os sentimentos envolvidos, considerei que esse processo tornaria mais moroso algo que eu não queria deixar arrastar-se (até porque sempre preferi levar um soco bem dado na cara, do que estar a levar vários socos nas costelas).

Havia algo que queria manter: o símbolo com o C, que me cativou desde o primeiro momento que o vi. Está ali, muita da alma do Sporting que junta gerações. Está, ali, uma forma de, visualmente, manter viva a herança do Cacifo. Pensei em O Cantinho do Cherba. E em As Chuteiras do Cherba. Mas soava-me, demasiado, a individualizar algo que move tantas outras pessoas. Depois, surgiu Comando. Não no sentido bélico, não no sentido de claque, antes no sentido de sermos milhares de pessoas que comungam algo, que partilham uma causa, que têm um compromisso em comum, que lutam por uma mesma paixão.
Pensei em Comando Rampante, Comando Leonino, Comando Stromp. Ficou Comando C, sendo o C essa tal ponte com o passado que vos falei. Sendo o C uma forma de permitir a quem assim quisesse (quiser), continuar a assumir-se como «cacifeiro» (e, que fique bem assente, esse é o meu maior objectivo: tudo fazer para que esse espírito continue intacto).

Estamos todos de acordo com a ideia de que o que nos junta é mais do que um nome. Tal como concordo, se me disserem que o nome escolhido é mais frio e que Cacifo do Paulinho nos transporta para um universo mais próximo, mais verde e branco. Aliás, estamos a falar de um nome que, ao longo de cinco anos e meio, se foi entranhando na pele (posso dizer-vos que, nestes primeiros cinco dias de mudança, não houve um em que não me enganasse a abrir o e-mail ou em que não me enganasse a clicar no endereço, na barra de favoritos), tornando ainda mais complicada a mudança.

Face a tudo isto, há três questões que gostaria de colocar-vos:
o Cacifo era «um nome do caralho» ou foi o sentimento que nele se criou que o transformou num «nome do caralho»?
Porque é que Camisola 12 (que é um nome fixe para blogue, sem dúvida), é assim tão leonino, se surge de algo que nasceu há 24 horas?
E que outro nome poderia substituir o Cacifo, mantendo o símbolo actual, unindo-nos no sentimento de luta e resiste e aproximando-nos mais da nossa idiossincrasia?
(atenção, isto não é um anúncio de mudança, antes a promoção de uma discussão que faz sentido e que faz sentido compilar num único post)