Peço desculpa em começar por aqui, mas acho que é, precisamente, quando ganhamos que não devemos ficar calados. A arbitragem a que se assistiu, esta noite, em Alvalade, foi um nojo! Pior, foi um claro indício de que o facto de estarmos vivos deixou de ter piada e que o objectivo passa a ser, claramente, tentar desmotivar tudo o que se relaciona com o Sporting.

O cenário era perfeito: lampiões novamente a arrotar postas de pescada, bimbos a marcar passo, o regresso da maravilhosa dicotomia azul e vermelha a que um triste sistema continua a querer votar o futebol nacional. Apenas um protagonista indesejado: o Sporting. Manda-se, então, um Bruno Esteves, com a missão bem definida: foder o Leão! Uma derrota, ou um simples empate, seria motivo para, amanhã, a nossa belíssima comunicação social começar a falar em crise em Alvalade, em equipa sem estofo para reagir a uma derrota, em imaturidade, em ter muito caminho pela frente, em não ter pedalada para os dois rivais. Atirava-se à moral dos adeptos e à dos jogadores, depois de uma primeira derrota e em vésperas de… ir à luz disputar a manutenção na Taça de Portugal.

E a equipa liderada por Bruno Esteves cumpriu o seu papel: exasperante dualidade de critérios na marcação de faltas; bola no braço que dá livre e dá golo; tropeção nos próprios pés que dá penalti; entrada a matar que não dá vermelho; bola no braço que já não se vê e que teria que ser penalti. Resumidamente, foi isto. Não sei como é que o rapaz vai justificar ter assinalado o lance sobre Montero (é coisa para lhe perguntarem se teria marcado o penalti a favor do Belenenses) e ter deixado que conseguíssemos sair com a moral reforçada daquele que terá sido o primeiro jogo do campeonato “a doer” (já agora, alguém diga ao Pedro Martins que mais triste do que choramingar depois de uma arbitragem destas, é chegar ao final do jogo com menos dois botões na camisa por estar a usar um tamanho incapaz de suster a sua forma física. vai mamar, pá!)

E todos estes obstáculos ganham ampliada dimensão, numa noite em que nos faltou inspiração (já tinha sido assim quando o Xistra não viu, frente ao Rio Ave, não foi?). Às suas próprias carências (não há um colombiano perdido nos states, capaz de jogar a dez? alguém sabe onde se meteu o Dier? É que dava jeito um patrão na defesa…), aos seus próprios fantasmas, às suas próprias falhas, juntou-se este fantoche apitador. Valeu-nos a alma e a classe de alguns jogadores. Patrício esteve lá quando foi preciso. Jefferson e Cédric deram o que tinham e o que não tinham. William é sempre do Carvalho. Adrien está em todo o lado. Montero não marca, mas deixa sempre a sua marca de classe (brutal, quando recuava e colocava, a rasgar, nas alas). E, acima de todos eles, Capel. Continua a apetecer-me insultar quem insiste que o rapaz não levanta a cabeça, não isto, não aquilo. Ele é todo alma, porra! E um golo, enorme (na única vez que se viu Vítor a fazer o que um dez deve fazer), mais a assistência para Slimani (chupa, Ghilas! ou deverei dizer, chupem, Bufas&Caldeira?).

Depois foi sofrer, entre falhanços escandalosos e uma incontrolada vontade de marcar mais um golo, descurando a defesa. No final, sorrir, recordando uma capa que, esta semana, nos dizia que, na era de Domingos, o sobre moralizado desabou como castelo de cartas depois de perder o derby, na luz. «Como será depois da derrota no dragão?», perguntavam eles, com a resposta desejada pronta a ser impressa esta noite. Agora, façam-se novas manchetes. Sobre o Leão que luta & resiste! Ou, se preferirem, uma mais bombástica: falhou a missão «foder o Leão»!