Dezembro. 1. Antigamente celebrado como feriado, assinalando a Restauração da Independência face ao domínio espanhol. O Sporting entra em campo sabendo que uma vitória lhe dá a liderança, uma liderança que lhe foge há demasiado tempo.

Nas bancadas, nas casas, nos cafés, algures com um rádio sintonizado, ao contrário de tantas e tantas outras vezes, há confiança. Os adeptos acreditam que, numa noite que tem que ser verde e branca, os fantasmas de um passado recente que nos diziam que os momentos decisivos eram momentos falhados, vão ser fechados no sótão.

E a equipa faz questão, precisamente, de confirmar essa crença. Entrada forte, decidida, como que passando a mensagem «nós sabemos muito bem o que está em jogo e queremo-lo tanto quanto vocês!». William, no seguimento de um canto de laboratório (sim, é verdade, já temos disto em Alvalade), abre o marcador com um golo que ele tanto merece e que o embalada para mais um jogo enorme. A equipa abranda um pouco, como que aquecendo para uma segunda parte mais cheia.

Montero, reaparece, a passe de Carrillo. Não só reaparece, como nos diz que está de volta aquele jogador capaz de marcar golos de toda a forma e feitio. Vem o 3-0, novamente Fredy (o pesadelo está de volta), colocando ponto final numa vitória que nunca esteve em causa e que termina embelezada por uma sapatada de André Martins, já com Slimani em campo.

Dezembro. 1. Há um ano, sentíamos-nos perto do inferno. Hoje, tocamos o céu. «Não podemos passar do 8 para o 80», disseram-nos no arranque desta época. «Não podemos passar da pior época de sempre para a melhor de sempre», continuam a dizer-nos. E nós? Nós fazemos um esforço para manter os pés bem assentes no chão. Para dizer ao nosso coração de Leão, que ainda falta tanto. Mas esse mesmo coração, teima em trair-nos o raciocínio. E em fazer-nos sair à rua com um enorme sorriso verde.