Este texto vem na sequência da atribuição do Prémio Superbrands, que distingue as marcas de excelência num determinado ano.

Começo por dissecar o nome da marca. É simples:
SPORTING – Fazer desporto
CLUBE – Grupo de pessoas que partilham uma determinada paixão, interesses, convicções.
PORTUGAL  – O nosso País

Portanto, resumindo a coisa, estamos a falar de uma organização constituída por um grupo de pessoas que amam o desporto que se pratica em território nacional. É esta a nossa essência. Nós não amamos “só” o nosso clube. Nós amamos o desporto. É isto que nos separa dos outros, que amam apenas o seu sucesso e que em nada contribuem para o desenvolvimento do desporto nacional. E a mensagem da marca começa aqui. Assim como o seu target. O Sporting dirige-se aos sportinguistas, é certo, mas também aos desportistas que não têm clube ou que apoiam outros que não o nosso. E por isso vemos muitos adeptos rivais a utilizarem as nossas piscinas e os nossos pavilhões.

Olhemos para o nosso logótipo. Um leão rampante, signo do nosso clube que representa a bravura, a força e a nobreza apenas ao alcance daquele que é o rei da selva, acompanhado das palavras Sporting e Portugal (deixo aqui um link sobre a história do nosso emblema)

Chegamos, pois, ao nosso lema: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. Que não é mais do que a indicação do caminho para se chegar ao sucesso. Até nisto os nossos fundadores nos facilitaram a vida. Um lema pode ser aquilo que quisermos. O facto de o nosso incluir as palavras Esforço, Dedicação e Devoção representa bem aquilo que somos e aquilo que queremos. Nada nos é oferecido, nada é garantido. A Glória só se atinge com muito Esforço. E só o Esforço não chega. É preciso dedicarmo-nos ao desporto que praticamos, ao trabalho que fazemos, às funções que desempenhamos. E se pensam que isto já chega, estão enganados. É preciso Devoção. Amor e Paixão pelo emblema que ostentamos no peito. Orgulho.

Podia estar aqui a dissecar o “value market” da marca Sporting em Portugal. Não creio que seja necessário. Todos sabemos aquilo que a nossa marca vale no mercado nacional. Interessa-me mais analisar o nosso valor no mercado internacional. Só um clube como o nosso é que pode, no seu “core-business”, ficar longe dos palcos internacionais sem que a sua marca seja afectada de forma permanente. E a grande razão disso é a nossa Academia. A Academia Sporting já recebeu vários prémios de excelência pelo trabalho ímpar que faz no futebol de formação. Produzimos e desenvolvemos 2 Bolas de Ouro. Somos responsáveis pela formação de cerca de 80% dos atletas que constituem a Selecção Portuguesa. E somos os responsáveis pela formação dos melhores talentos da próxima geração de seleccionáveis (Bruma, Ilori, Dier, William, Esgaio, Iuri, Chaby, João Mário, Mané entre muitos outros). Este é o valor que o mercado internacional nos atribui e que, muitas vezes, nós cá no burgo não valorizamos.

Pegando na  definição mais pura de Marketing : Satisfação das Necessidades dos Consumidores e Diferenciação, chego à conclusão que o trabalho que está a ser feito obedece a esta lei fundamental das organizações que (também) procuram o lucro.
E como o Marketing está presente em tudo na vida, é com orgulho que vejo esta direcção a implementar esta lei em todas as acções que promovem e decisões que tomam. O Sporting esteve afastado dos seus sócios durante demasiado tempo e esta direcção percebeu isso e apontou o seu foco em nós. Organizou o clube para que as nossas necessidades em relação ao “core-business” (atitude, bom futebol e títulos) sejam satisfeitas o mais rapidamente possível. Atitude, já temos, bom futebol também vamos tendo. Os títulos são uma questão de tempo. Em relação à Diferenciação, também aqui estamos a ganhar pontos. Estamos trabalhar com uma estratégia diferente dos outros clubes de grande dimensão. Redução de custos, aposta no jogador nacional, investimento sustentável e rentabilização da formação. Estamos a Inovar, a todos os níveis. Por necessidade ou por convicção, a mudança que precisávamos está a ser feita. Os resultados não podiam ser melhores: desportivamente, estamos no topo do campeonato e temos jogadores a valorizarem forte e feio. Financeiramente, acabámos de saber os resultados do primeiro trimestre, com lucros, pela primeira vez em muitos anos. Tudo o que nos prometeram está a ser escrupulosamente cumprido, se calhar, até mais rapidamente do que o expectável. E os “consumidores” estão felizes e sentem-se identificados com a marca, defendendo-a de todos os ataques externos. E correspondem com boas assistências quer em casa ou fora, criando o efeito Onda Verde que todos conhecemos.

Neste momento, a cotação da nossa marca sobe que nem uma flecha. Estamos a demonstrar ao País  que com uma estratégia diferente é possível competir de forma competente. O exemplo mais recente do sucesso dessa estratégia chama-se Borussia Dortmund, que vai tentando e conseguindo ombrear com o gigante de Munich e que na Europa vai demonstrando que é capaz de eliminar qualquer equipa. E o gigante de Dortmund é um exemplo perfeito no que diz respeito à elaboração de uma estratégia de sustentabilidade, levá-la a cabo e isso ter consequências quer desportivas (títulos da bundesliga ganhos e final da Champions), a valorização dos activos da marca, quer financeiras.

Entretanto, olho para o Sporting e penso: Porque não? Não estaremos já a dar os primeiros passos para chegarmos a esse nível? Imaginem o que poderá fazer uma SAD que acumula lucros, aumenta receitas (de bilheteira, eventuais transferências e possível entrada na Champions) e que tem uma estrutura de custos equilibrada. As possibilidades que isso abre.
O futuro é nosso!

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!