A história da Beatriz e do Tiago, alvo de reportagem na Revista do Expresso, chegou à Tasca e depressa se ouviram vozes desejosas de fazer algo para podermos criar o nosso próprio conto de Natal.
Afinal, que “estória” é esta? (a resposta chega com o artigo escrito pela Alexandra Simões de Abreu)
Há dois ou três anos havia mais comida na mesa. E mais prendas.” Os 12 anos de Beatriz dão-lhe maturidade suficiente para perceber que a crise entrou pela casa dentro e agravou ainda mais a pobreza desta família de Celorico da Beira. A mãe está desempregada há dois anos e o padrasto há três meses. Olga, de 39 anos, e José Carlos Ferreira, de 46, têm ambos a 4ª classe, feita à noite.
O Natal será tão ou mais pobre do que o anterior. “O dinheiro não dá para tudo. Os pais têm de pagar contas. Comprar o básico, roupa e comida.” Lista de prendas? Nem chega a tomar forma de letra no papel. A custo, responde: “Do que mais gostava era de um portátil para poder fazer os trabalhos de casa. Só tenho o ‘Magalhães’, não tenho internet. Faço as pesquisas na escola, no Google, e escrevo em casa.” No ano passado, a prenda de que Beatriz mais gostou foi “da camisola preta”. Vai buscá-la, veste-a e coloca o capuz na cabeça. Tem uma orelha de cada lado e Bia (como é tratada em família) ri-se timidamente quando lhe dizem que parece uma gata.
O irmão mais novo, Tiago, começa a ficar agitado com o efémero “estrelato” da irmã. Não resiste e conta o feito da semana: “Eu gosto de jogar futebol. Na sexta-feira marquei do meio-campo e a bola chegou à baliza, à trave.” Os seus anafados 7 anos não enganam. “É muito guloso”, delata a irmã, quando Tiago começa a enumerar os presentes que gostava de ter: “Um Pai Natal grande de chocolate e um coelho de chocolate, framboesas, umas sapatilhas e a camisola do Sporting, do Capel… e uma PSP para jogar e bolas de futebol.” “Bolas de futebol? Mas tu tens muitas!”, atira o pai. “Mas estão todas vazias”, responde a medo o pequeno. Provavelmente, além do bacalhau com couves na consoada e do tronco de Natal de chocolate que Olga faz questão de comprar todos os anos, Tiago e Beatriz voltarão a receber umas peças de roupa e um ou dois jogos que saem de vez em quando num jornal.
A família Ferreira não tem vergonha de dizer que passa por grandes dificuldades. Ao todo são seis. Além de Beatriz e de Tiago, Olga é também mãe de Paulo (18 anos) e de João (17 anos), resultado de outras relações anteriores. Os mais velhos estão na Fazenda da Esperança, uma comunidade religiosa que acolhe e trata toxicodependentes. Sobre eles pouco ou nada querem falar.
José Carlos toma as rédeas da conversa. Está casado com Olga há nove anos e sóbrio há 17. Faz questão de mostrar, com orgulho, os sucessivos diplomas de abstinência. É pai de Tiago mas foi ele quem ajudou a criar os outros três filhos de Olga. Neste momento recebe “apenas 40 euros de subsídio de desemprego”. Um valor muito baixo para quem diz que trabalhava na junta de freguesia de Vila Boa e já fez de tudo um pouco na vida, desde os 13 anos. “Comecei num lagar de azeite, trabalhei no campo com tomate, cortei feno, estive nas obras, numa panificadora, fui apanhando tudo o que apareceu.” Olga garante que além daquele dinheiro não recebem mais nada a não ser os abonos de família e uma pensão de alimentos do pai de Beatriz. Dizem que vai dando para pagar a casa ao banco e a comida. “Fui eu que refiz a casa toda por dentro. Estava tudo podre. Ficava aqui até às 2h da manhã e com a ajuda dos rapazes fiz tudo”, conta José Carlos. Não fora a lareira e este inverno poderia ser duro numa casa de três pequenos andares revestidos de paredes grossas de pedra. A vida é feita sobretudo na cozinha que é também a sala onde assistem à televisão. Até porque à pergunta infantil “do que gostas mais do Natal?”, a resposta é sempre a mesma: “De estar com a família.”
Qual é a proposta da Tasca?
Vamos dividir esta missão em dois objectivos, pelo grau de dificuldade:
1- reunir dinheiro para comprar a camisola do Sporting ao Tiago
2- reunir dinheiro para comprar o computador à Beatriz
Como é que fazemos isso?
– cada um de nós dá um euro. Quem quiser dar mais, dá (e se existirem por aí empresas que queiram aderir, estejam à vontade)
– esse dinheiro será depositado numa conta. Vou ver, amanhã cedo, se demora muito a abrir uma conta solidária e como se processa isso (o mais tardar na segunda-feira temos que arrancar com a transferência de dinheiro para essa conta)
– diariamente, será comunicado o valor que já conseguimos reunir
E mais pormenores?
– tenho um e-mail pronto a sair, tendo como destinatária a jornalista que conduziu a reportagem. Ela será a nossa ligação aos pais do Tiago e da Beatriz, a quem temos que pedir autorização para trazer os dois a Alvalade, para ver o Sporting vs Nacional e receberem as suas prendas
– e como é que eles cá chegam? Há Leões que frequentam a Tasca e que são dos distritos de Viseu e da Guarda. A ideia é um desses Leões (ou Leoas) trazer os pequenos e levá-los de volta (e seria justo todos contribuirmos com algo para ajudar na viagem, caso a mesma seja propositada)
– e se os pais não os deixarem viajar com estranhos? nesse caso, eu comprometo-me a levar as prendas a Celorico da Beira e a entregá-las pessoalmente, juntamente com um postal de Natal com o nome de todos os que contribuíram
– e se juntarmos mais dinheiro? decidimos o que fazer com ele. Roupa e comida, por certo serão uma boa ajuda
– e o Sporting não podia ser envolvido nisto? claro que sim e, caso eles possam vir a Lisboa, tudo farei para que o Capel autografe, pessoalmente, a camisola do Tiago. E, já que o puto (uma versão leonina do saudoso Piranha) quer uma bola, tentemos uma autografada por todo o plantel
Agora, é connosco!
Um por todos, todos por eles!
Spooooooooooooooooooorting!
12 Dezembro, 2013 at 17:15
Venho todos os dias aqui á tasca, mas fico sempre na mesa dos fundos , mas hoje venho até ao balcão . Venha de lá esse NIB !!!!! É isto o Sporting .
12 Dezembro, 2013 at 17:58
Incrivel. A nossa força é BRUTAL.
12 Dezembro, 2013 at 19:58
Grande iniciativa, Cherba. Venha de lá esse NIB, pois quando um leão precisa a alcateia dirá sempre presente! São estas iniciativas que nos tornam sportinguistas e fora da alcateia ninguém compreenderá porque temos um código genético diferente. Saudações leoninas.
12 Dezembro, 2013 at 21:47
Apesar de estar sempre, na mesa do fundo, a observar e a ouvir, vou contribuir com certeza!