Numa semana diferente do habitual, avançamos para uma espécie de Tasca Chef. A diferença é que, aqui, não há vencidos e, no final, brindamos todos aos cozinheiros e aos petiscos que se seguem!

 

O dinheiro não compra amor!, by Super 10
Nasci e fui criado em Torres Novas, sendo o filho mais novo, com dois irmãos, de uma família de classe média/baixa. Nunca faltou comida na mesa, mas os excessos eram sempre controlados. Sei que Torres Novas não fica em Trás-os-Montes e é “apenas” a 100km de Lisboa, mas as vindas à capital eram anuais, e somente para uma consulta de cardiologia.

Posto isto, apesar de o amor ao Sporting Clube de Portugal ser imenso (e não só pelo futebol, o meu pai vibrava com tudo, principalmente com o atletismo), só me foi possível ir ao estádio de Alvalade ver um jogo, já era eu quase um homenzinho. A barba estava lá pelo menos. O estádio antigo, só o visitei por dentro devido a uma viagem de estudo da escola (isso é que eram viagens de estudo!! O que aconteceu ao ensino entretanto com viagens de estudo ao planetário e oceanário?! Não se compreende. 🙂 ).

O primeiro jogo que vi o Sporting fazer ao vivo, foi numa pré-época de 94 em que o Sporting jogou no estádio de Torres Novas com uma equipa da Madeira, se a memória não me atraiçoa. Com os meus 7 anos, lá fui pela mão do meu pai ver a bola. Os flashbacks dessa tarde estão um pouco turvos com tempo, mas o Krassimir tinha um perfume nas botas inesquecível. E a Juve Leo ofereceu umas bandeirolas à pequenada que guardei religiosamente.

Não havia dinheiro para merchadising, cartões de sócio ou SportTV, por isso o grande amor era seguido em sinal aberto, no Domingo Desportivo, ou na colectividade do bairro. Nunca me considerei menos Sportinguista que os outros por não ser sócio, porque se devia apenas a infortúnios de circunstância e não a uma decisão deliberada (vide caso ROC, Godinho Lopes, etc. Têm o dinheiro para as quotas, mas e o amor e o orgulho necessário em ter o cartão?).

E agora, que já começa a falhar a saúde ao meu pai, e que tendo eu a vida algo estabilizada já me pude fazer sócio, não consegui pensar de uma melhor prenda de Natal que trazê-lo ao estádio mais uma vez (porque já o tinha trazido entretanto) e oferecer-lhe um cachecol do Sporting Clube de Portugal.

Como pode uma família com a minha se ter mantido Sportinguista tanto tempo, se sempre me disseram que o Sporting era o clube dos ricos, dos burgueses emproados? Simples. Aquele brilho nos olhos do meu pai no jogo com o Beleneses, valia muito mais que dinheiro.

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Ansiedade antes dos jogos, by Tiago Godinho
Desde há uns tempos que sou frequentador da tasca, e agora decidi eu próprio ser um cozinheiro por detrás do balcão, para tentar ajudar a fazer os tão deliciosos pratos que me têm servido…

Desde que me conheço sou um adepto do Sporting, um daqueles que se senta à frente da televisão, vai soltando uns impropérios em relação ao árbitro, que se vai deixando levar pelo jogo e que nunca, mas nunca abandona o Sporting aos 80 mins, porque estamos a perder 2-0. Até aqui tudo normal, provavelmente todos os tasqueiros são assim, e isso não nos torna diferentes de nenhum clube em específico. Agora, há uma coisa que nos diferencia em muito dos outros adeptos… Desafio qualquer pessoa a procurar por um adepto que cinco dias antes começa a pensar qual vai ser o onze que o Sporting vai utilizar no próximo jogo, que dois dias antes se põe a par de toda a história que antecedeu os embates dos dois clubes, que um dia antes come apenas o indispensável porque afinal quem precisa de oxigénio é o coração e o estômago só está lá para atrapalhar. Desfio-vos a encontrarem um adepto de outro clube que duas horas antes do jogo esteja a ouvir “power music”, qual jogador pronto para entrar assim que o mister manda, uma hora antes desligue todos os meios de comunicação que existam e quando soa o apito, bem que se faça silêncio e o único a falar sou eu, e é para dar conselhos ao Capel para fletir para o centro, para o Maurício cortar no tempo certo ou para o André Martins reparar no corte do Montero. Talvez os outros me considerem fanático, mas já dizia o nosso cântico, “Não lhes faço caso, vou a todo o lado” e sim, estamos a provar jornada após jornada que vamos a todo o lado, e que pelo nosso amor fazemos tudo!!!

Quando este ano o BdC juntou a curva sul, não fazia a mínima ideia da importância que essa medida ia ter em mim, nunca antes na minha vida me puxava tanto o ambiente de estádio, cada vez mais me apetece dizer presente em todos os jogos e parece que o meu santuário vai ser visitado mais vezes, mas desta vez vou ter que me juntar aqueles que mais se parecem a mim, aqueles que não se sentam, aqueles que não se calam, aqueles que não se cansam, aqueles que mesmo o resultado sendo negativo, não deixam de gritar e puxar pela equipa. Por isto: Obrigado Bruno de Carvalho, Obrigado Curva Sul. Vocês são ENORMES!

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Estratégias de Manipulação Mediática, by VR25
Há algo que me tem vindo, constantemente, a importunar e sobre o qual, há alguns dias, o nosso presidente disse o seguinte: “Num jogo em que o Sporting dominou por completo, quase toda a comunicação social quis fazer crer que foi o lance do penalty que veio dar alento à equipa do Sporting. Não vejo fazer a mesma coisa no jogo com o Benfica, onde o primeiro é em fora de jogo claríssimo e no jogo com o FC Porto, onde o 2-1 é similar a um lance Montero de que toda a gente se queixava. (..) Os outros são óptimos, são maravilhosos e fazem pequenas referências à arbitragem mas no Sporting é sempre com sorte.

BdC tem virtudes, tem defeitos, chamem-lhe populista, chamem-lhe doido por tentar atacar os poderes instituídos. Eu chamo-lhe um dos meus, um Sportinguista do caralho!

Noam Chomsky é um linguista, filósofo e activista político americano. Estudei o seu trabalho de Linguística na faculdade mas foi o seu papel como activista político que sempre me fascinou.
No mesmo dia em que li a notícia que citei, li também um texto com as «Dez estratégias de manipulação mediática» que Chomsky encontrou e tentou explicar.
Aconselho a passarem os olhos pelo texto e a perceberem o que são:
.Estratégias da distracção;
.Estratégias de diferir;
.A utilização do aspecto emocional em detrimento da reflexão;
.O manter o público na ignorância e na mediocridade;
.A estimulação do público a ser complacente com a mediocridade.

E o que isto tem haver com o grande Sporting”, perguntam vocês?
“Tudo!”, respondo eu.

Agora, quando se devia falar, ninguém parece dar a atenção e importância devidas ao facto de os nossos mais directos rivais continuarem a ser beneficiados.
Pelo ponto ganho em casa ao Arouca com um penalti anedótico, pelos três ganhos no Estádio do Estoril Algarve com um golo em fora-de-jogo quando já perdiam por 1-0, o Benfica tem os mesmos pontos que o Sporting.

O mesmo se poderá dizer do Porto que com as vitórias por 1-0 em Paços, com um golo em falta, e sobre o Vitória de Guimarães com um penálti absurdo também está encostado ao Sporting. Recordo-me do penálti a favor do Porto em Coimbra (no dia em que o Capela aprendeu a marcar penáltis) e apercebo-me que o Porto só não vai isolado na frente porque não teve a competência para converter em golo uma dádiva do árbitro.

Em relação ao Sporting prefere-se omitir que empatámos 1-1 em casa com o Rio Ave jogando eles com dois guarda-redes e que ontem empatámos 0-0 com o Nacional porque nos surripiaram um golo limpo. Dá-se uma importância gigantesca ao penalti mal assinalado contra o Belenenses mas perde-se o rigor no outro, por marcar, sobre o Montero (esse que até dava expulsão). No jogo da Taça foi passada a ideia de que se tinha jogado um derbi “à antiga”, “um grande jogo, com golos e emoção”. Ocuparam-se páginas para denegrir a imagem do Rui Patrício e remeteram-se para notas de rodapé os dois penáltis por marcar que nos mantinham, justamente, na Taça.

Hoje, nos jornais, o importante é frisar que estamos perante um momento histórico em que os três grandes estão igualados na frente, algo espectacular e inédito.

Sabemos que a época desportiva é longa e que nenhuma equipa consegue estar sempre bem, da mesma forma que outras não poderão viver as fases menos boas, onde estão agora, até ao final de Maio. O que quero dizer com isto? Que estamos bem e os rivais não mas, apesar de tudo, estão iguais a nós.

É importante que não percam o comboio porque, daqui a uns meses, quando tudo poderá estar mudado (esperemos que não) será porque eles têm muita qualidade, porque estão em óptima forma e são autênticos cilindros. Ai nós “perdemos o gás” ou “chegámos ao Natal” ou outra idiotice qualquer. Ninguém se lembrará que estes adversários ainda estão na luta pelo título porque, numa fase menos boa, foram levados ao colo e foram amealhando pontos de forma injusta e, acima de tudo, ilegal! Como será óbvio não haverá referências ao facto de, quando estavam a jogar pouco e a ser alvo da ira de boa parte dos seus adeptos, Porto e Benfica terem sido empurrados para junto do Sporting.

Vêem algum jornal a dar importância aos constantes erros que beneficiam FCP e SLB?
Alguém faz questão de aprofundar os actuais estados anímicos de FCP e SLB e dos seus adeptos? Isto é, aplicar a estratégia utilizada e reutilizada no Sporting do ano passado?Vêem jornais, revistas ou fazedores de opinião a pressionar as Ligas e Federações deste país para os árbitros que cometem erros que, semalmente, desvirtuam a verdade desportiva serem punidos?

Percebem agora o que o texto de Chomsky tem haver com o Sporting?