«Foi uma vitória à Porto», afirma Paulo Fonseca, fazendo voz grossa depois de ter passado 90 + 10 minutos com os tomates enfiados na caixinha de brincos onde cabem todas as suas qualidades técnicas. E o que é uma vitória à Porto?, perguntará quem por aqui chega sem estar por dentro do que é o futebol português.
Ora, é uma vitória em que o um árbitro que, há coisa de um mês, anulou um golo limpo e roubou a liderança ao Sporting, resolve, nos descontos, transformar em penalti uma falta fora da área.

Nesse momento, tinham passado quase dez minutos sobre o final do jogo do Sporting, no 25 de Abril, em Penafiel (diz que era suposto os jogos começarem e terminarem à mesma hora). Um jogo complicado, como se esperaria, com os penafidelenses a quererem fazer o jogo da vida deles e o Sporting, que nem entrou mal, a querer repetir o filme de Arouca (mas sem lama) e a deixar o adversário adiantar-se no marcador (com um golo do caraças).
Leonardo Jardim não demorou a tomar uma decisão, lançando Wilson Eduardo para o lugar de Vítor e transformando o 4-3-3 numa espécie de 4-2-4, com o recém entrado a deambular entre o centro do ataque e as laterais.
Estava dado o mote para uma vitória inquestionável, que voltou a provar a mais valia que é ter um treinador a sério e que esta equipa tem uma alma ainda maior do que o futebol que nos vai apresentando. O grande golo de Wilson (comprova-se que o rapaz não é extremo) e um penalti bem marcado por Adrien (fantástica, a subida de Dier) construíram um resultado justo (quer dizer, há um penalti claro que não é marcado a favor do Sporting e que, provavelmente, alteraria tudo o que se passou na noite de ontem) que, quando o árbitro apitou para o final da partida, colocava o Sporting nas maias-finais da Taça da Liga. Mas, entre os atrasos propositados e os descontos do Mota, as coisas estavam demoradas lá para os lados do dragão. Haveriam de resolver-se com “uma vitória à Porto”. Tal como, há dois meses e qualquer coisa, se resolveram à Benfica, colocando-nos fora da Taça de Portugal.

No fundo, a noite de ontem voltou a provar que isto de um gajo querer ser revolucionário e pedir seriedade a um futebol de merda, é tarefa para resistentes. Continuaremos a ouvir a figura que manda nos apitos a dizer que as nossas ideias não melhoram nada, continuaremos a ter vitórias à Porto e jogos limpinhos, limpinhos. Mas não podemos desistir! Porque, e é isso que custa engolir aos outros, em campo voltámos a ter uma vitória à Sporting! Soube a derrota? É verdade, mas peguemos nas palavras de Che Guevara e façamos delas nossa inspiração: «derrota após derrota, até a vitória final!»