As nossas tomadas de posição sucessivas começam a ganhar força, incomodar adversários, conquistar indecisos e isolar os inimigos. A tomada de posição depois do jogo de Penafiel, também ajudou a esclarecer as águas e a mostrar que o Sporting está nisto em todas as frentes. Claro que o parágrafo dos erros do árbitro era escusado, porque coloca em causa a mensagem que queremos passar: queremos seriedade no futebol português para todos por igual. Mas adiante.

Estou aqui a escrever por causa da comunicação social e afins. Gosto de tentar perceber as dinâmicas que presidem ao fluxo noticioso.
O clube com mais adeptos e com mais adeptos que compram jornais é, sem dúvida, o Benfica. O discurso demagógico dos dirigentes ajuda a fazer essa onda avassaladora de adeptos que gostam do seu clube. E está provado que os adeptos compram mais facilmente notícias favoráveis ao seu clube do que contrárias. Nós somos assim. Por isso é que comprava os desportivos apenas depois das vitórias do Sporting. Por isso, é natural que o jornal desportivo mais vendido dê prioridade ao Benfas, dando notícias positivas a seu favor. Ora, o terceiro jornal mais vendido tem sede no Porto e pertence à Olivedesportos (através da Controlinveste), pelo que é natural que vista a pele regional que o FCP assume como sua. Claro que há mais adeptos do Sporting e do Benfica no Porto que portistas, mas esses compram a Bola ou o outro desportivo. O Jogo fixa a sua clientela, tem acesso privilegiado às fontes do clube e alimenta a entourage. Chegamos então ao Record, durante anos o segundo jornal desportivo mais vendido. Por isso, era visto com simpatia pelos sportinguistas e até adoptado como jornal verde.

Ora, nos últimos anos, verificaram-se duas situações. O record começou a vender mais e a aproximar-se da Bola. E começou a existir uma política de grupo da Cofina, que terminou no CM TV. Ora, o CM, à semelhança do que a Bola faz nos desportivos, sabe que se tiver uma manchete (preferencialmente positiva) sobre o Benfica vai vender mais jornais. E se o CM não assumir essa política, o DN pode chateá-lo nesse sentido. Por isso, esse jornal verde que era o Record começou a mudar de tom. Pertencia a um grupo empresarial cujo líder era vermelho e tinha de tentar ultrapassar outro jornal desportivo vermelho. É normal que isso aconteça. E se eu gerisse o Record provavelmente faria esse mesmo percurso. Com menos atentados à ética e menos mentiras. Mas faria.

Agora o que é que eu sugiro à direção do Sporting. Se eles quiserem aceitar.
Antes de um Sporting TV, avancem já com um Portal Sporting. Os leitores dos jornais desportivos leem as páginas dos seus jornais e pouco mais. Ora, se o Record está a cagar em nós e se dos restantes não podemos esperar, o Sporting deve assumir-se, de facto, como o segundo maior clube português em termos de adeptos. Porque no resto, já sabemos que é melhor e a anos-luz. E se não tem canais de distribuição da sua mensagem, crie-os.
Eu percebo a sedução do Sporting TV. Se existir um operador que agarre no projeto, fixe. Mas bom era o Quintela investir numa equipa de quatro ou cinco putos jornalistas, com a direção de algum coordenador com experiência, e fazer um portal Sporting. Teríamos on time os convocados, entrevistas em primeira mão, crónicas das modalidades, avaliação dos jogadores de futebol e das modalidades (coisa que não há nos desportivos), estratégias de promoção de actividades, declarações, fóruns.

Agora, para garantir algum distanciamento em relação ao clube, é necessário que esse portal esteja alojado fora do site do clube. O site do clube é para coisas puramente institucionais, não para eleger o melhor jogador em campo. Tem de ser um espaço em que até possa picar jornais internacionais, quando são notícias sobre o sporting, por exemplo.
E esta mini-redação seria uma espécie de balão de ensaio para o futuro Sporting TV. Teríamos vídeos, resumos comentados, entrevistas exclusivas, análise estatística, memorabilia. Enfim, tudo aquilo que um sportinguista quer ler sobre o seu clube, com exceção das prováveis compras de jogadores (que isso nunca poderá ser divulgado por este site).

Qual é a consequência disso? Provavelmente será contaminar os restantes clubes com esta estratégia. E levar os desportivos a terem de fazer notícias, de facto, sobre desporto e não a merda que costumam fazer. A guerra contra os jornais nunca a vamos ganhar. Pelas razões que referi acima. Mas com esta solução poderemos informar melhor os nossos adeptos e alimentar, mediaticamente, o universo Sporting.

Texto escrito por Ralph Meade

 

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]