D:Fotosfgt0001.JPGSlimani é um daqueles jogadores que nunca vão gerar discórdia e vai sempre arrancar um sorriso da cara de um leão. Disputa todos os lances com raça, usa e abusa da força física, impondo o caparro de forma engraçada até. É o jogador que todos querem ter num plantel, por tudo o que dá e deu à equipa e aos adeptos. Por bater no peito sempre que marca e correr para uma colega como um leão enraivecido. Para Slim o banco não chateia, motiva. Para Slim algo banal como a língua ou uma cultura tão diferente não impedem uma integração rápida.
Este é o argelino que voa como uma borboleta mas pica como uma abelha.

Estávamos em pleno Verão quando se voltou a falar de Islam Slimani (já na era Godinho tinha sido apontado) para o enorme Sporting Clube de Portugal. Na altura, fiz o costume: entrar no YouTube e ver afinal que toque de bola tinha o argelino. É certo, no YouTube todos são o Ronaldinho, mas também todos vamos lá ver. Pareceu-me logo o tipo de ponta-de-lança que gosto. Até há pouco tempo o melhor do mundo era, para mim, Mario Gomez, avançado possante que utiliza o físico em prol do processo ofensivo e é imperial no jogo aéreo. Slimani não é Mario Gomez, é melhor porque há dois anos jogava num clube praticamente amador.

Sempre preferi a trave ao virtuoso com a bola no pé, como tal não foi difícil sentir amor por Islam. Durante aquelas semanas fui seguindo o processo através dos sites desportivos argelinos, o namorado traduzia o que por lá se dizia. Surgiram imensos clubes, entre eles o SC Braga que tinha a cartada da Europa na mão, mas era o FC Nantes quem mais perto estava de garantir o nosso Talismani. “Quero jogar na League 1”, dizia o melhor avançado argelino da actualidade. Pelo meio perdi a esperança de que fosse possível contar com ele. O processo com o antigo clube arrastava-se e o FC Nantes aproximava-se do jogador, disposto até a pagar a pronto para passar à frente do processo judicial que atrasava a contratação.
Para nós, surgiam nomes como Edinho e Zé Love (dado certo por quase todos os jornais e pelo próprio jogador). Montero era já certo e fazia-nos sonhar, mas precisávamos de mais um, todos sabíamos. Até a uma bela semana em que voltei a pesquisar notícias sobre o avançado que domingo nos garantiu mais três pontos. “Slimani muito perto do Sporting”. Parece que alguém da estrutura leonina, o Director Desportivo, tinha conseguido convencer os agentes e jogador de que a dimensão do Sporting era maior do que aquele que parecia o seu destino. O jogador tinha ficado encantado com tudo o que lhe mostrava o dirigente leonino e, a caminho de Nantes para assinar, dá a volta e deixa uma sala de jornalistas à sua espera. Num ápice, e com a equipa em pré-temporada, Islam assina e faz os testes médicos, apenas dois dias depois de publicada aquela notícia no país dele.
A princípio não teve hipótese, Montero era uma máquina de fazer golos e marcava de qualquer forma. O fogo do cafetero foi-se apagando e provou agora que é um enorme jogador, com um toque de bola fora do normal, mas que é um avançado e não um nove puro. Com a equipa a perder o gás e a paciência para o jogo paciente, começou a entrar em acção o enorme número 9 do nosso fabuloso plantel. O resto todos vocês se lembram certamente.

Serve esta pequena história para provar duas coisas: Slimani estava destinado a ser leão, mesmo que ninguém soubesse, e que a nossa direcção para o futebol fez um trabalho fabuloso. Impressionante como se contrataram jogadores como Maurício, Jefferson, Slim, Montero, Heldon, por preços baixos e com certeza que qualidade. Que orgulho sinto no nosso plantel, onde todos têm um papel relevante, mesmo que não vejamos à partida.
Slimani será, se a sorte o quiser, nosso adepto, nosso goleador (bem apoiado pelo génio de avioncito) e nosso símbolo. Ele é o jogador que faz sonhar, que arranca uma gargalhada a qualquer um de nós na bancada e que bate no símbolo com orgulho.
Slimani sabe que mesmo sendo um pinheiro, não é maior que o Sporting, nem em bicos dos pés e, por isso, se quiser, será recordado.

Obrigada Super Slim, por saberes o que é o Sporting mesmo sem não o conheceres.

 

Texto de Maria Ribeiro

 

* duas cozinheiras, dois temperos. O toque de Leoa, dado pela Maria Ribeiro e pela mbc. Às terças, na Tasca do Cherba.