Desde novo ouço dizer que os miúdos são sempre do clube do pai e, salvo raras excepções, acho que todos podemos atestar a verdade desse facto. Felizmente é esse o meu caso, mas curiosamente o meu pai é uma dessas raras excepções, tendo nascido filho de um portista. Não sei se é por isso que nunca vi no meu pai um fervoroso adepto Leonino. Grita os golos, vê os jogos, mas nunca o vi sofrer a bom sofrer pelo melhor clube do mundo. Mas tal facto não tem importância, por duas razões. A primeira, é que eu sofro por mim, por ele e pelo resto da família. A segunda, ainda mais importante e relevante para o assunto, é que foi ao lado do meu pai que vivi alguns dos melhores momentos como Sportinguista.

Quando li o desafio d’A Tasca, pus a cabeça a pensar e não foram poucos os episódios que me vieram à memória. A épica jornada na Liga Europa com o Sá Pinto, a final da Taça contra o porto, decidida pelo Tiuí e a anterior contra o Belenenses, o jogo com o benfica, onde um tal de Pereirinha arrancou pela linha lateral e humilhou o actual central titular do Chelsea, os tempos em que o Paulo Bento nos treinava e havia roubalheira em todos os jogos, aquela vez no estádio em que o Acosta falhou um golo cantado e o meu pai disse “Ali só um Jardel…”, o mesmo Jardel que passados dois anos nos garantiria um campeonato. E muitos mais episódios.

Mas o melhor momento foi a conquista do campeonato, em 2000. Em dia de derby, um miúdo e o seu pai compraram umas pizzas e umas fatias de bolo de chocolate para celebrarem a conquista do campeonato contra o eterno rival. Mas um egípcio de nome Sabry não deixou. Nunca um tão delicioso menu caira tão mal a pai e filho. Mas na semana seguinte, sentados à frente do televisor Sony cujo comando nunca vi, o Sporting foi finalmente campeão ! 18 anos depois da última vez, 8 dos quais eu ainda nem era nascido, celebrei a minha 1ª grande alegria Sportinguista ao lado do meu pai. E muitas mais alegrias e desilusões clubísticas viriam, muito menos e muito mais do que aquelas que gostaria de ter tido.

A ti pai, que actualmente estás longe, quero dizer-te que haverias de gostar ver estes miúdos jogar. Tenho pena que percas o enorme Patrício e o patrão Maurício. Ficarias surpreso por saber os grande jogos que o Rojo (esse mesmo) tem feito e apreciarias a classe do William, a energia do André Martins, a raça do Adrien, a irreverência do Mané e os golos do Montero e do Slimani.
Mas a vida dá muitas voltas e, numa delas, tenho a certeza que voltaremos a partilhar o sofá e ver o nosso Sporting ganhar ! E claro, acompanhados pelo menu dos campeões, pizza e coca-cola. Comigo a vibrar e sofrer pelos dois, como já é hábito. Feliz dia do Pai ! Um abraço do tamanho do mundo, e já agora, obrigado por me teres feito Sportinguista.

Ao Cherba e ao pessoal aqui da Tasca desejo um bom dia na companhia (ou recordação) do gajo que vos fez as orelhas. Saudações Leoninas.

 Texto escrito por João Martinho