Desde pequeno, que o som do meu pai a ouvir os relatos do Sporting na rádio inundava o meu imaginário de domingo à tarde lá por casa. Brincar aos indios e aos cowboys era “fixe” mas a caixa de som emitia uns ruídos e berros dos relatos com uma emoção que me fascinava e que fixava a atenção de quem ouvia.

Uns tempos depois e devido a querer ver a minha curiosidade satisfeita para ver o outro lado da emissão, o meu pai levou-me ao estádio, primeiros aos domingo de manhã para ver os jogos das camadas mais jovens, e onde pude ver o Futre a deslumbrar nos campos pelados. Depois começaram as romarias ao saudoso estádio de Alvalade e à superior sul onde ao longo dos anos pude sentir o orgulho de pertencer a um clube diferente. Fui crescendo e o meu pai passou para a central, local mais calmo e privilegiado para ver o futebol e eu mantive-me na sul no estádio antigo e depois no novo. Mas nos intervalos ele lá me procurava para trocar umas palavras de circunstância, nunca muito sobre o jogo, bastava ver o olhar dele para ver se estava contente, se estava chateado, o olhar não engana.

Há 3 anos o meu pai deixou-me e foi para um lugar melhor, já não vou ao estádio porque me lembra o meu pai e choro cada vez que vou ao futebol, porque penso nele e no último olhar que trocámos, nos valores que me incutiu e no amor que tenho ao Sporting.
Até um dia pai…

Texto escrito por Alexandre Santos