Quando puxo pela memória e recuo à saudosa década de oitenta, para lá das séries televisivas, que todos víamos em casa uns dos outros deixando as pracetas vazias, e dos cornetos de tangerina (ok, vou parar por aqui, senão este é um post interminável), o meu universo desportivo tinha um denominador comum: o Sporting. Mas o meu fascínio pelas camisolas verdes e brancas, com o Rampante ao peito, abria espaço a um intruso ao volante de um carro preto. Senna, Ayrton Senna, e o seu Lotus.
Naquelas discussões estúpidas de puto, recordo-me de ter jurado, a pés juntos, que tinha lido num jornal que o Senna gostava do Sporting. Só porque sim (e porque a internet era um bicho desconhecido, cuja ausência impossibilitava a confirmação do que eu dizia). Para mim, o Prost era lampião. E o Senna, o Leão que dominava o asfalto e me fazia pedir ao meu pai para, a bordo de um Mini meio artilhado, deixar marcas de pneu de cada vez que arrancávamos nos semáforos. Depois eu punha o braço de fora, punho estendido, como só valia a pena fazê-lo a gritar Sporting ou a imitar o Senna. É. Há trinta anos, mais coisa menos coisa, havia o Sporting e havia o Senna.

(o melhor piloto que alguma vez vi, faria, hoje, 54 anos. Morreu há 20)