Último lance da partida. William rouba a bola, impondo o físico, encara o terreno de jogo, mete a primeira e ali vai ele. Um, dois, três adversários, incapazes de roubar-lhe a bola naquele seu estilo lento-rápido. Mete à esquerda, onde Jefferson já inicia mais uma viagem (o homem tem quatro pulmões). A jogada de golo está toda lá, com Jefferson a ganhar a lateral e William a aparecer solto, à espera de encostar. Mas Jefferson não centra e decide mal a jogada.

Este lance, para mim, sintetiza o jogo. Equipa totalmente empenhada (mais um desarme de Carrillo celebrado como um golo, por exemplo), cheia de vontade de jogar à bola e de colorir a noite das Leoas com vários golos, mas com muito pouco sangue frio na hora de decidir as jogadas. Pior, ainda, quando aquela que se desenha a regra e esquadro é anulada de forma patética (apetece perguntar quantos mais golos, ainda, terão que ser mal anulados a Montero?), impedindo o jogo de ficar sentenciado. Diga-se em abono da verdade, que se o Sporting decidiu muitas vezes mal as boas jogadas que ia construindo, que o próprio Guimarães pecou quando chegou ao último terço do terreno, a equipa de arbitragem somou infinitamente mais disparates. Da permissividade às constantes faltas vimaranenses, passando pela não amostragem de amarelo a Slimani (seria o segundo, embora o primeiro seja questionável) e de um vermelho a Adrien, e terminando no anular do golo a Montero, fica mais um capítulo de uma saga que parece não ter fim.

No meio de tanta embrulhada, o jogo acabou por ser decidido à “meia volta e força”, depois de um remate de Rojo que ressalta num defesa e trai o guarda redes (por momentos, Douglas pensou que jogava no benfica e que aquilo era o estádio do Restelo, exigindo a anulação do golo). Um prémio para Rojo, que continua a somar boas exibições e, digo eu, a confirmar que aquele lugar é dele, quem sabe se ao lado de Eric num futuro próximo. Nota de destaque, também, para Jefferson, para os momentos de Mané e para o facto de William e Adrien já se entenderem de olhos fechados. Mas, acima de tudo, é um bom jogo para destacar a equipa. Unida, empenhada, intensa, num esforço conjunto para ultrapassar uma noite mais trapalhona (o melhor foram os primeiros 15 minutos da segunda parte) e um adversário que valorizou uma vitória justa.