Costuma ser à quarta, é verdade, mas por uma questão de actualidade serve-se já hoje um dos pratos preparados pelos candidatos a Tascachef.

 

A I Reunião de Sócios – “O Sporting é dos Sócios” teve lugar na passada segunda-feira no Auditório Artur Agostinho, no Estádio Alvalade XXI.
A reunião era aberta aos primeiros 365 sócios com as quotas em dia que se inscrevessem e nela estiveram presentes cerca de 250 sócios para verem respondidas a questões colocadas por mail e no momento sobre 6 tópicos: Modalidades, Finanças, Futebol, Património, Expansão e Núcleos e Comunicação. Bruno de Carvalho anunciou logo ao início que iria responder às questões enviadas por mail e às colocadas pelos presentes alternadamente, visto que eram demasiadas para responder dentro do horário estabelecido (até às 22 horas) e muitas delas eram também convergentes.

A primeira questão foi colocada por uma sócia acerca do futuro Pavilhão João Rocha. O nosso Presidente relembrou que a promessa eleitoral era apresentar uma proposta de solução/financiamento até ao final do mandato, pelo que ainda não tem, presentemente, nada para adiantar a não ser que está para breve essa proposta e que contemplará as iniciativas e vontade dos sócios de comparticiparem em parte esse financiamento.

Depois, grande parte da conversa foi ao redor da questão das modalidades. Ponto importante e que Bruno de Carvalho tentou esclarecer pela enésima vez: a Sporting SAD e as suas receitas e financiamento, nada têm a ver com as modalidades. As modalidades profissionais são financiadas pelo Clube, isto é, pela quotização dos sócios, como o futsal, atletismo e andebol e pelas Associações Autónomas, como são o hóquei em patins e o rugby, por exemplo.

E é aqui que reside talvez o maior problema do Sporting Clube de Portugal, actualmente: a militância. No espaço de um ano o Sporting tem em média 656 novos sócios por mês, um acréscimo de 72% relativamente aos dois anos anteriores do mandato de Godinho Lopes que representam um aumento do número de sócios em 8,22%. No entanto, a quotização em dia aumentou apenas 1%.  E é aqui que reside o problema. Para as modalidades serem sustentáveis o Sporting tem que ter mais sócios e, sobretudo, que paguem quotas. Este é um número vergonhoso. Repito: VER-GO-NHO-SO!!! E as palavras não são minhas, mas de Bruno de Carvalho. A crise em que vivemos actualmente não explica, nem poderia, explicar tudo. É um facto, é verdade, mas a crise do Sporting é sobretudo de militância, e não financeira. É gritante a falta de informação que há da parte dos adeptos, e não pode ser atribuída em exclusivo à Comunicação do Clube, mas sim à inércia e falta de vontade de participação de quem se diz Sportinguista mas não o demonstra para além das conversas de café.

E aqui o Presidente colocou outra vez o dedo na ferida e, qual Kennedy, afirmou que os sportinguistas perguntam primeiro o que lhes dá o Sporting para serem sócios, ao invés de oferecerem primeiro o que têm para dar ao Sporting. Enquanto assim for, meus amigos, vai ser muito difícil continuarmos a ser tão competitivos nas modalidades como o temos vindo ser até aqui. E este para mim foi o ponto mais importante da reunião, pois todos sabemos que o ecletismo está na génese do nosso querido Clube, e que as inúmeras modalidades “amadoras” são autênticas incubadoras de sportinguismo. Se deixarmos de ter as centenas de atletas de todos os escalões de formação para passarmos a ter somente meia dúzia de modalidades sustentáveis, não tenham dúvida de que o nosso Sporting vai ficar menor, ao invés de maior, como todos desejamos.

Por isso aqui fica o apelo: FAÇAM-SE SÓCIOS, PAGUEM QUOTAS!! A todos quantos se dizem sportinguistas eu pergunto: Querem fazer parte da solução ou querem fazer parte do problema? Se quiserem fazer parte da solução é FAZEREM-SE SÓCIOS E PAGAREM QUOTAS. Se querem que o Sporting definhe em vez de crescer deixem-se estar como até agora e não façam nada.

O sentimento com que fiquei na reunião, foi que todas aquelas respostas do nosso incansável Presidente (a reunião acabou já passava das 23:30, quatro horas sem intervalo a falar incessantemente) deveriam ser dadas não àqueles que responderam presente à chamada, mas a todos aqueles que ou não são sócios, ou o são mas não pagam quotas, tornando-se assim um fardo para o Clube.

Por entre o bom humor do nosso Presidente a responder a certas questões ficaram-me duas intervenções na retina: a de um senhor com 44 anos de associado, há 40 anos emigrado no Canadá, que bastante emocionado referiu que era a primeira vez que participava num acto público do nosso Clube, e que apesar de a mais de 5000 Km de distância assina o Jornal do Sporting para estar a par da realidade do Clube e que foi o último a abandonar o auditório (eu fui o penúltimo), e a de um treinador de três Escolas Academia Sporting, que embora tenha sido um dos avençados que foi dispensado por esta Direcção, referiu que voltaria a votar na mesma, e que fez uma demonstração das necessidades da formação ao nível de recursos humanos para melhorar o scouting e o recrutamento, áreas em que os nossos rivais estão a crescer.

Portanto, caríssimos Sportinguistas, o desafio que vos deixo é o seguinte: em vez de perguntarem qual a percentagem dos passes do William e do Patrício que detemos, quando vai ser começado a ser construído o pavilhão e quantos lugares vai ter, quando poderemos voltar a ter basquetebol e ciclismo, façam-se mais Sportinguistas! Façam-se Sócios do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL. A resposta está em vós, somente. Querem ver respondidas todas estas questões, façam parte da resposta! Esforcem-se, dediquem-se, sejam devotos pois só assim poderão ter a glória que todos ambicionamos para o nosso Sporting. O resto… bom, o resto são piners!

 

Texto escrito por Marco Aurélio