“É foda! Os caras fazem a merda e a gente tem que limpar!”
Capitão Nascimento in Tropa de Elite

A época que está prestes a terminar fica marcada pelo renascer do nosso Clube, mas acima de tudo pelo reaparecer de uma equipa que nos deixa orgulhosos semana após semana. Apesar de não termos alcançado este ano a Glória que, embora não fosse exigível, todos gostaríamos, há uma coisa de que não nos podemos queixar: da falta de Esforço, Dedicação e Devoção dos nossos jogadores. Mas quando penso nestas três componentes do nosso lema, esta época há um jogador que me salta à vista primeiro do que qualquer outro: Maurício Nascimento.

Que me desculpem o Adrien, o William e o Slim. E que me perdoem também o Montero e o Cedric, que tantas vezes defendi, com unhas e dentes, à mesa do café. Não quero com isto dizer que para mim o Maurício tenha sido o melhor jogador do Sporting esta época. No entanto, acho que é o jogador que melhor personifica o Sporting desta temporada: não davam nada por ele no início, mas, com muito trabalho, soube superar todas expectativas.

Quando me imagino daqui a 10 anos a contar a história desta “segunda vida” do Sporting ao futuro Sócio nº 298.056, tenho a certeza que vou falar “daquele Central brasileiro que ninguém dava nada por ele no início da época”. Mais: quando imagino os anúncios que serão feitos em 2030 para vender Gameboxes, imagino o Maurício a contar como foi ser Campeão Nacional pelo Sporting. Três vezes. Ou cinco.

O Maurício é um jogador à Sporting. É um jogador com muita Fé. É um jogador que não vira a cara à luta, e que dá tudo o que tem em cada jogo. É o jogador que quando parte a cabeça, está mais preocupado em cortar o próximo lance de jogo aéreo, do que em estancar a hemorragia. É o jogador que tem sempre uma palavra para os colegas de sector defensivo, quando abordam mal um lance, ou quando evitam uma bola de golo. É o jogador capaz de festejar um corte, seu ou de um companheiro, como se de um golo se tratasse. É o jogador que não perde a compostura, mesmo quando durante um jogo a besta do apito lhe marca falta sempre que se encosta a um qualquer Maazou desta vida. É o jogador que é capaz de continuar de cabeça levantada depois de marcar um auto-golo ou de cometer um penalty desnecessário. É um central que faz golos (por falar nisso, um abraço ao Polga!). E é, provavelmente, o defesa que mais vezes tem de limpar a merda que os colegas fazem.

Os sócios e os adeptos chamam-lhe “Xerife”. Xerife Maurício. Mas eu acho que um dia ainda lhe irão chamar “Capitão Nascimento”. Porque, por tudo aquilo que me apercebo, ele não só tem perfil de lider, como pode ser visto como um exemplo a seguir, quer enquanto profissional, quer como Homem de princípios e valores bem definidos, talvez oriundos da ligação forte que tem com a Religião, bem patente nas orações antes do apito inicial, ou nas frases tatuadas nos seus braços. E não, não é o facto de o rapaz beber uma cerveja nas folgas que faz dele um criminoso de guerra.

No dia em que escrevo este texto, o Sporting assegurou o acesso directo à Liga dos Campeões, após a vitória por 1-0 em Belém. Hoje o Maurício tinha também escrito nas redes sociais que era o aniversário da filha, que está no Brasil. Calculo que não seja nada fácil deixar a família no Brasil, sobretudo os filhos, para vir trabalhar para a Europa. Mas tenho a certeza que a filha do Maurício não poderia estar mais orgulhosa, nem ter tido melhor prenda hoje, do que saber que vai ver o Pai, ainda este ano, a disputar a mais importante Competição de Futebol que existe. E que essa alegria, dada também a milhões de Sportinguistas espalhados por todo o Mundo, muito se deve ao suor também do Pai.

Um abraço Maurício. E obrigado.

 

Texto escrito por Pedro Paredes (Xummy)

 

[actualização 18h30] Permitam-me completar o post com esta imagem. O Maurício acaba de ser baptizado!

capitãonascimento