Se soubéssemos o que sabemos hoje, valia mais o campeonato ter terminado depois da vitória em Belém e da confirmação da entrada directa na Champions. É que nestas duas últimas jornadas, o ponto mais positivo acabou por ser a resposta que, uma vez mais, os adeptos leoninos deram (e sem outras motivações que não ver os seus ídolos): enorme casa na Madeira, como poucas vezes se vê; cerca de 40 mil em Alvalade (não se esqueçam das carradas de crianças que não pagam), para encerrar uma época em que o Sporting esteve, agora sim, de volta.
E é a pensar nesses adeptos, que tenho que dizer que não posso aceitar a forma como os nossos jogadores se apresentaram hoje. Exceptuando André Martins e Cédric, com um ou outro espasmo de Slimani e de Mané, aquilo que se viu foi uma total ausência de vontade de jogar futebol. Zero intensidade, zero ideias, zero espírito, zero sentimento de revolta. É verdade que os sinais de pré-férias tinham sido deixados na Madeira, mas, também por isso, a nota negativa estende-se a Leonardo Jardim, incapaz, primeiro, de motivar os jogadores, depois de perceber que era capaz de ser melhor ideia dar um prémio a alguns jogadores da B (Esgaio, Dramé, Iuri…), motivando-os para a próxima época. Diga-se, no entanto, em abono da verdade, que esta conversa de mais ou menos motivação, de mais ou menos intensidade, de ritmo de final de época e do raio que parta me custa a engolir. Amanhã, quando for trabalhar, vou tentar poupar-me. Se quem ganha num mês o que eu demoro dez ou mais anos a ganhar pode fazê-lo, eu também devo poder.
Mas se neste caso eu consigo perceber o técnico (faz sentido, claro que sim, colocar em campo os principais responsáveis por esta época, para um até pró ano), já no que toca à promoção de um julgamento popular a Carrillo, estou em total desacordo. Aquilo não se faz, porra! É de uma falta de pedagogia atroz! Se já se levantava um “bruá” de cada vez que o peruano estava perto da bola, era complicado prever a chuva de assobios com que o jogador foi despachado para o balneário? Merda! Uma valente e inacreditável merda de gestão, ó Leonardo (já agora, também me pareceu injusto o Wilson Eduardo não ter tido direito a, pelo menos, sentar-se no banco).
E porque a tarde estava destinada a ser mesmo má, ainda tivemos que levar com um adversário que jogou como se dependesse do ponto para não descer, com a curva sul a exibir umas tarjas patéticas a respeito da Liga Europa e a esturricar o stock de petardos (muito dinheiro há por aí, para pagar tanta multa) e com o belíssimo hino da champions que, face à tarde estragada, quase soou a gozo.
Agora, digam-me vocês que estão a gozar quando, de um momento para o outro, colocam tudo em causa. Juntando tudo o que li e ouvi depois do jogo desta tarde, fico com a ideia que acabámos de terminar… a época passada.
Parece que está tudo mal, dos extremos ao treinador, e que o melhor é nova revolução. E caso essa revolução não exista, estamos bem lixados, pois vamos ter que lutar pelo terceiro lugar e rezar para não sermos saco de pancada na Champions. Vá lá, pessoal, eu sei que a tarde foi má, mas não precisam de torná-la pior. Ou, se preferirem, depois de respirarem fundo, espero que sejam capazes de não deixar que uma má tarde, não apague tudo o que de bom se fez ao longo de uma época!
13 Maio, 2014 at 11:10
Caros amigos,
É a primeira vez que aqui escrevo, apesar de Vos ler frequentemente.
No domingo fui a Alvalade e fiquei emocionado com a homenagem a Joaquim Agostinho.
Interessado pelas histórias que o meu pai me contou da época, fui pesquisar e encontrei esta pérola:
http://www.rtp.pt/arquivo/index.php?article=405&tm=20&visual=4
Magnífico ver o nosso antigo estádio cheio, completamente cheio para assistir a este grande Atleta.
SL
14 Maio, 2014 at 4:54
Foi uma tarde má, e nisso Leonardo Jardim tem responsabilidades, mas aquilo que fez esta época, está ao alcance de muito poucos e foram menos ainda aqueles que o superaram em relação a esta temporada, em termos de aproveitamento pontual.
Desde que o campeonato nacional foi alargado para 16 equipas e é disputado a 30 jornadas, 1971/72, que o desempenho desta época é o quarto melhor de sempre, com um aproveitamento de pontos de 74.444%, -7pts em relação ao 1º lugar, apenas superado pelos campeonatos de 1973/74 (1º, 23V3E4D, 96-21, 72pts e 80% de ap.), de 1979/80 (1º, 24V4E2D, 67-17, 76pts e 84,444% ap.) e de 2006/07 (2º, 20V8E2D, 54-15, 68pts e 75,556% ap.), em que ficámos apenas a -1pt do 1º lugar, se aplicarmos a regra de 3 pontos por vitória a todas as temporadas antes de 1995/96.
Continuando nesta perspectiva de campeonatos disputados com 16 equipas e a 30 jornadas, usando a regra dos 3pts/V, temos apenas mais quatro temporadas em que houve um desempenho semelhante ao registado esta época em termos de pontos ganhos:
1984/85, 2º, 19V9E2D, 72-26, 66pts, 73,333% ap., -15pts;
1985/86, 3º, 20V6E4D, 64-20, 66pts, 73,333% ap., -5 pts;
2008/09, 2º, 20V6E4D, 45-20, 66pts, 73,333% ap., -4 pts;
1981/82, 1º, 19V8E3D, 66-26, 65pts, 72,222% ap., 0pts.
Ou seja, em apenas 6 das 24 épocas disputadas a 30 jornadas é que o Sporting teve pelo menos 20 vitórias… e em apenas 8 campeonatos o Sporting teve mais de 70% de aproveitamento pontual.
Se compararmos o desempenho desta época com a 1976/77, em que também não disputámos as competições europeias, nessa temporada o Sporting ficou também em 2º lugar, 17V8D5E, 59-26, 59 pts, 65,556% ap, -15pts, o que dá o mesmo número de pontos ganhos em 1978/79 (3º, 17V8E5D, 46-22, -12pts) e 2011/12 (4º, 18V5E7D, 47-26, -16pts).
Nos jogos em casa, 11V4E0D, 39-5, 37 pts; contra 10V4E1D, 28-7, 34pts em 2013/14.
Nos jogos fora, 6V4E5D, 20-21, apenas 22 pts; contra 10V3E2D, 26-13, 33 pts em 2013/14.
Portanto, como se pode ver, mesmo falhando no último jogo, em que a equipa falhou um penálti também, o desempenho de Leonardo Jardim é deveras notável, em comparação com campeonatos da mesma duração.
Se olharmos para os 16 campeonatos disputados por 18 equipas e a 34 jornadas, temos apenas 7 campeonatos em que o Sporting teve mais de 70% de aproveitamento pontual, e apenas duas épocas é que este aproveitamento pontual foi superior ao registado nesta época, o que coloca esta época no 6º lugar das melhores épocas com 16 ou 18 equipas:
1993/94, 3º, 23V5E6D, 71-29, 74pts, 72,549% ap., -3pts;
1994/95, 2º, 23V9E2D, 59-21, 78pts, 76,471% ap., -13pts;
1996/97, 2º, 22V6E6D, 55-19, 72pts, 70,588% ap., -13pts;
1999/00, 1º, 23V8E3D, 57-22, 77pts, 75,49% ap.;
2001/02, 1º, 22V9E3D, 74-25, 75pts, 73,529% ap.;
2003/04, 3º, 23V4E7D, 60-33, 73pts, 71,569% ap., -9pts;
2005/06, 2º, 22V6E6D, 50-24, 72pts, 70,588% ap., -7pts.
E a última vez que o Sporting somou 67pts (65,686 ap.), foi em 1995/96, época de estreia da regra dos 3pts/V, tendo ficado em 3º lugar a -17pts do 1º: 19V10E5D, 69-27.
Finalmente, se incluirmos as 3 épocas com 20 equipas e disputadas em 28 longas jornadas, 1987/88, 1988/89 e 1990/91, apenas nesta última o Sporting somou mais pontos que na temporada agora finda: 24V8E6D, 58-23, 80 pts, 70,175% ap., -21pts. Ainda assim, o aproveitamento pontual não foi superior ao registado por Leonardo Jardim…
Este só se pode queixar de si próprio (nos dois últimos jogos e pouco mais), mas também das arbitragens em alguns jogos (e não foram poucos quanto isso), por não ter somado mais pontos e mais vitórias e quiçá, ter estabelecido um recorde de pontos e de aproveitamento de pontos pelo nosso Sporting Clube de Portugal.
Tendo em conta que em 2014/15 há competições europeias para disputar, será mais difícil ao Leonardo Jardim melhorar estes números em termos de pontos ganhos e vitórias, mas teremos também mais quatro jogos para vencer e pontuar. [(Y)]