Regra geral, o cérebro do adepto tem um problema: por mais que tente alhear-se das parangonas dos jornais, torna-se quase impossível ir imaginando se os jogadores anunciados cabem no plantel da sua equipa.

Ora, eu padeço dessa dificuldade de alhear-me do que me salta à vista. Mais ainda, quando, dia após dia, sou brindado com croatas, catalães, romenos e gaboneses, numa espécie de saco de gomas coloridas que permite enganar miúdos. E que miúdos são esses? Os nossos.
Por exemplo, eu acredito que o Petkovic seja um bom lateral direito, que seja um líder apesar da juventude (capitão de selecções jovens do seu país) e que até tenha uma estampa física que nós não temos na laterais. Mas… e o que fazemos ao Esgaio?
Por exemplo, eu acredito que o Rosell tenha boa escola e óptimo nível de passe, mas… precisamos, mesmo, de um médio com as suas características quando podemos fazer regressar João Mário e Zezinho?
Por exemplo, eu acredito que o Rotariu seja uma enorme promessa e que até venhamos a gostar tanto ou mais dele do que gostámos do Niculae. Mas vem para a equipa principal ou para a B? Dramé não mostrou estar pronto a lutar por um lugar? Medeiros é para emprestar?
Quanto a Evouna, avançado gabonês e último nome a surgir, é o que menos me incomoda. Defendo que Betinho deve ter um ano numa equipa de primeira liga que lhe permita jogar o mais possível, antes de regressar. E, por aquilo que li e vi, este Evouna tem características diferentes das de Montero e de Slimani. Claro que é uma incógnita se, à semelhança do que aconteceu com o argentino, vamos desencantar mais um bom jogador a baixo custo, daí que fique a dúvida se não faria mais sentido avançar para o Derley, do Marítimo (embora os valores do negócio devam ser bem diferentes).

No fundo, espero que esta silly season não venha contrariar a clara aposta na formação e em jogadores portugueses. E não me venham com o politicamente correcto “eu confio no trabalho que está a ser feito”. É que eu também confio, mas, como disse no início, a minha mente tem dificuldade em alhear-se deste Manager jogado na vida real.