Temos todos evitado falar sobre aquela que poderá muito bem ser a novela do nosso Verão, tendo como protagonista mais um jogador da nossa formação. Ontem, escondido entre os anúncios do site do “mais futebol” lia-se a seguinte frase: «O Eric Dier tem contrato até junho de 2016 e até ao momento não houve contactos nenhuns para a renovação de contrato. O que não me surpreende», começou por referir. «Na minha opinião, e quero deixar bem claro que é a minha opinião, não é a opinião do Eric porque ele fala pela boca dele, mas na minha opinião o Sporting tem pouca fé no meu filho.»

Quem a proferiu? Jeremy Dier, pai e agente do nosso defesa central mais promissor dos últimos anos. Têm sido constantes as notícias que dão conta do interesse de inúmeros clubes ingleses em Eric Dier, entre eles o Tottenham e o Arsenal (clubes com os quais não conseguimos competir em termos de salários) e poucas as notícias que dão conta da renovação de Eric.

Vamos aos factos, Maurício e Rojo são bons jogadores, que cresceram muito esta temporada, mas Eric é o melhor central que tem o prazer de envergar a verde e branca. Tem tempo de entrada, corte, impulsão a cima da média e uma classe incomparável. Os 21 anos afastaram-no da titularidade, ainda que muitos fossem os que apostavam num dupla Rojo e Eric no início da temporada. Uma lesão atrasou a entrada no onze e, a partir daí, o Sheriff não largou mais o osso.

De muitos rapazes que saíram da nossa formação nos últimos anos, Dier era o mais elogiado em termos de amor à nossa causa, ao nosso clube e pelo respeito que sempre nos prestou, com palavras que deixavam bem claro que pretendia crescer em Alvalade e, depois sim, atingir novos voos. A questão é que, ao que parece, Leonardo Jardim preferiu manter o prodígio técnico no banco e dar a titularidade ao seguro Maurício. Isto porque Eric tinha sido aposta num ano de loucos, numa posição que não era a dele e, todos sabemos, o crescimento no onze habitual do Sporting tem de fazer-se de forma mais faseada.

Com a quantidade de pretendentes que Rojo vai amealhando, pelo facto de não conseguirmos chegar a bom porto com os detentores do seu passe, e por ser um jogador valioso (titular da selecção argentina e cumpre duas posições, tendo características únicas nas duas) será natural que larguemos o ordenado de Marcos e se aposte no confiável Eric. Tem tudo, mas tudo, para ser titular da nossa equipa na próxima temporada, mas é possível que treinador e equipa técnica não pensem nisso.

Começa sempre assim: notícias de clubes interessados, recadinhos dos agentes na imprensa, especulações sobre renovação e o resultado quase nunca favorece o jogador e o clube. Acredito que exista de facto a intenção de renovar com o nosso ruço, que até pode ser em breve o nosso marcador de livres em força e goleador em cantos, mas ainda não existiu essa abordagem e o agente já começa a dar sinais.
Nada, repito, nada é mais importante do que garantir o nosso futuro com jovens formados dentro da nossa Academia de Alcochete e Eric é um deles. Estas tentativas de valorização forçada do nosso jovem não podem ser levadas com leveza, são claras as chamadas de atenção para o facto de Dier ter mercado e um cláusula situada nos modestos 20 milhões de euros, que em final de contrato passam rapidamente a 10 milhões.

Está na hora de BdC e Inácio mostrarem o que valem, outra vez, e fazer notar que alguns jogadores como André Martins, Cédric e Eric Dier têm os contratos perto do final e que merecem uma oportunidade de fazer parte deste projecto. Dier será um enorme central, queira deus que seja titular para o ano e será um dos melhores do nosso campeonato, isto apenas com 22 anos.

Os adeptos estão cansados destas novelas, que nos colocam a formação de jogadores em perspectiva e enfraquecem a imagem do atleta e do clube em si. Eric nunca me pareceu rapaz para começar este tipo de show na imprensa, mas não deixa de ser um jovem com muito mercado. Faço o apelo para que se chegue a bom porto muito em breve e a renovação seja anunciada até, pelo menos, 2019. Stay King Eric, Stay Lion King!

* Às terças, a Maria Ribeiro mostra que não há pipis como os desta Tasca (e que há iguarias que, definitivamente, sabem melhor quando preparadas por uma Leoa)