Depois de complicadas negociações, dada a vontade do escriba em ficar protegido por uma cláusula a la Tello, a Tasca tem o prazer de anunciar a contratação do Leão de Plástico para a próxima época, com mais oito de opção.
Destacando-se na blogosfera pela sua criatividade e espírito crítico, Leão de Plástico chega à Tasca com a missão de, às quartas-feiras, mostrar que não é a qualidade da louça que dá tempero ao petisco.
A estreia do Leão de Plástico tem lugar… imediatamente.

 

Esgravatava aqui há dias um chefe de redacção de um pasquim desportivo português, que as pessoas não acreditam nas movimentações do mercado. Garantia o senhor que afinal é tudo verdade verdadinha, os clubes é que são uns saloios ingratos que tentam disfarçar os insucessos negociais, negando as imaculadas descobertas jornalísticas. Pois eu faço orgulhosamente parte dos cépticos e depois de ouvir a sua explicação, ainda fico mais convencido da monumental aldrabice que se pratica de Junho a Setembro. Os clubes não sendo flor que cheire, são a parte menos interessada na notícia. O que acontece é que quem está nos clubes não tem outro remédio que usar a avidez e falta de ética da imprensa para dispersar a atenção dos seus verdadeiros alvos. Poder existir um editorial num diário desportivo a mencionar isto é que era lindo, lindo mas improvável.

O que um clube faz para contratar jogadores hoje em dia é qualquer coisa de épico. A globalização e sobretudo a instantaneidade da informação faz com que um empresário norueguês saiba pela imprensa holandesa que o seu jogador marroquino está a ser observado por um clube polaco. E sabe-o 3 minutos depois do jogo acabar num retweet qualquer que alguém fez sem pensar duas vezes no assunto. O empresário descobre, tal como 400 milhões de pessoas 6 minutos mais tarde. O segredo além de ser impossível…já não é a alma do negócio. Na impossibilidade de calar o jogador, empresário, esposa, pai, amigo ou porteira, os clubes passaram a fasquia da casual desinformação e enquanto alguém folheia um jornal com os pés de molho no cloro da piscina…há umas almitas fechadas dentro das salas alcatifadas das SADs a procurar jogadores credíveis para “alimentar” a bomba do dia seguinte.

É neste cozido salubre de imaginação e engodo que todos vamos, uns mais outros menos, fazendo as nossas equipas e estruturando os nossos planteis, medindo esse exercício vazio com os exercícios vazios dos planteis dos adversários. No dia 1 de Setembro acordamos e sabemos que o nosso clube não contratou o mini-Messi nem o Drogba da Mauritânia e o que nos caiu em sorte foi apenas mais uma versão menos cor-de-rosa de Djaló em busca do seu sonho Panameriano. É por estas e outras que tenho mais vergonha em comprar um jornal desportivo do que aquelas revistas com a Rita Pereira na capa. Aliás, se alguma vez me virem nas ferias de Verão a sair duma tabacaria com uma publicação “del corazon” enrolada debaixo do braço, há 2% de probabilidade de trazer um desses jornais de mamading literária lá dentro…ou não…posso também eu estar a tentar desviar as vossas atenções e o que eu quero é descobrir como é que ficou a ex-mulher de um arruinado qualquer depois de mais uma rinoplastia e 14 horas no photoshop.

Este é o 1º post que faço aqui na Tasca e espero que não seja o último. Acima de tudo esta é a minha forma de agradecer as milhares de horas bem passadas a emborcar de penalty os posts e comentários do Cherba e a seguir, confesso, às vezes já meio grogue as discussões no roll de comentários. Tudo e todos são o Sporting, pelo menos a parte que mais me orgulha de pertencer – as ideias, o debate, a partilha.