Confesso que não sou a melhor pessoa para falar sobre o que a «tempestade do BES» pode provocar no nosso futebol e, mais especificamente, no Sporting. Não porque o assunto não me interesse (ou preocupe, se preferirem), mas porque se trata daquele lado do futebol que não me apaixona. Fico contente, e isso parece-me um ponto a favor, quando penso que o nosso clube já deu início à reestruturação financeira no sentido de aumentar os seus próprios capitais e, com isso, diminuir a dependência em relação à banca.

Acreditando que muitos de vocês saberão, ao longo dos comentários, ser mais válidos na abordagem do tema, deixo-vos um gráfico, publicado no record e baseado nos relatórios/contas de 2012-2013, e um texto de Pedro Santos Guerreiro que me pareceu interessante.

bes«O Banco Espírito Santo tem uma importância enorme na economia portuguesa. Tão grande, que está ligado a muitas empresas de diversos sectores. Incluindo ao futebol. As vendas de jogadores que estão a ser feitas neste verão, aliás, têm muito a ver com isso. Começando pelas do Benfica.
Durante muitas semanas a imprensa portuguesa repetiu que o escândalo é no Grupo Espírito Santo (GES), não no Banco Espírito Santo (BES). Isto é, os graves problemas financeiros e riscos de calote estão nas empresas não financeiras. Acontece que há um contágio inevitável ao banco, ainda que não haja risco de falência, contágio esse que vem sobretudo dos créditos do banco ao grupo. Além disso, o BES en- caminha-se inevitavelmente para uma “redução de balanço”, o que passa por dar menos crédito à economia. E, portanto, também aos clubes de futebol.

Benfica e Sporting são os clubes com os quais o BES tem mais relações de crédito. A notícia do “Diário Económico” de que o Benfica tem um conjunto de obrigações que foram colocadas por fundos geridos pelo BES, num total de 67 milhões de euros, que “vencem” em outubro e dezembro, é muito relevante. Noutros tempos, estas obrigações poderiam ser substituídas por nova dívida. Mas agora o BES está longe de estar em condições de o fazer. Por isso, as vendas milionárias que o Benfica tem feito ao longo deste verão, e que têm as consequências óbvias na estabilidade e qualidade da equipa de futebol, serão, no fundo, mais uma consequência do chamado “efeito sistémico” da crise no GES: é preciso pagar dívida.
Depois de o BCP ter decidido que não quer aumentar o crédito ao futebol, por ser fonte de risco (como se viu no Sporting), a nova situação no BES é um fator acrescido de pressão sobre os clubes. Há menos crédito e isso obriga a uma gestão mais de acordo com as receitas de cada ano e menos dependente das dívidas. Tendo em conta que muitos clubes continuam mergulhados em passivo, há muito que mudar. Porque pelo menos o BES não será parceiro ativo durante algum tempo.»