Ontem perdemos. Depois de cinco vitórias consecutivas, bom futebol e muito trabalho de treinador, os nossos bravos leões finalmente cederam ao cansaço e foram derrotados. Não é importante analisar o que se passou, penso que é bastante óbvio que repetir praticamente o mesmo onze em 48h, com jogadores que já deram sinal de lesão (caso de Maurício e Eric) em plena pré-época poderia ter corrido muito bem ou simplesmente muito mal. Perder é importante por um motivo apenas, corrigir os erros que foram dados. Ganhar e mesmo assim perceber o que é mal feito seria o ideal, mas nem o City ou o Man. United poderão dizer isso.
O Sporting continua a traçar o mesmo destino que definiu há um ano. Ser competitivo, voltar aos grandes palcos da Europa, apostar na formação e, com custos mais reduzidos, formar um plantel com qualidade. Há um ano sabíamos que os rivais gastavam mais de 30 milhões em reforços, pois os dois o fizeram. Este ano tanto Benfica como FC Porto voltarão a fazer esse tipo de investimento, vão continuar a reforçar-se em Espanha, nos grandes argentinos ou até no Manchester United. Para nós esse não é o caminho.
Olhámos para o mercado interno e percebemos que poderíamos colmatar algumas ausências a baixo custo, mas com garantia de futuro. Virámo-nos para a Academia e chamámos João Mário e Tobias mais a sério e alguns jovens como Esgaio para lutarem pelo seu lugar nos 25 (isto excluindo Luís Almeida, oficialmente o 3º guarda-redes). Depois o estrangeiro, queríamos jovens de qualidade, internacionais, com minutos de primeira liga e espírito de liderança. Trouxemos Slavchev, Gauld, Sarr , Rossel, Jonathan e, quem sabe, um Kostic desta vida. Tanaka foge a esta política.
Por fim, apesar de existir necessidade de fazer alguma venda, estamos a tentar manter alguns pilares mais importantes. Se a perda de Rojo é um mal menor, a saída de William ou Slimani seria um golpe mais duro de reparar.
Isto é o que temos. Mais soluções, mais plantel, mas todo dentro daquilo que tinha sido já anunciado pela nossa direcção. Até o treinador entra nesta óptica, é jovem e ambicioso, desejoso de provar o seu talento e de o por em campo. O Benfica e o FC Porto têm mais, mas apenas têm mais dinheiro. A nossa vantagem está no facto de mantermos o mesmo espírito guerreiro, a mesmo identidade, a mesma forma de jogo e o mesmo onze base. Somos um clube organizado, algo que se nota em campo, que está a ter um mercado tranquilo, sempre capaz de solucionar os imprevistos com opções baratas e competitivas. Devemos ter o scouting mais competente em Portugal, que encontra autênticas pérolas em qualquer parte do mundo. Estados Unidos, Japão, Escócia, Argentina, o globo é o nosso limite!
A vitória de um clube que tem como base competitiva a sua Academia (6 ou 7 titulares) e muitos jovens que despontam no futebol europeu, é a vitória de tudo o que representa o futebol. A paixão, o crer, a raça e a devoção a um símbolo. É a vitória de tudo aquilo que os comentadores desportivos dizem acreditar, mas que rapidamente contrariam quando os rivais ganham balanço. Correr por fora não tem nada de errado, antes pelo contrário, aí poderá residir a nossa força para mais uma temporada. E nem me venham com o “abismo” de qualidade. A melhor academia de extremos do mundo não pode derrotar os emprestados das escolas inferiores? Será Casemiro superior a um William ou um Adrián Lopez a um Slimani? Nunca. Bebé e Carrillo não são dois jovens que tentam ganhar juízo? São. Sobre o Eliseu não vou tecer comentários porque ainda não parei de rir, eu e o Jeff tivemos uma barrigada de riso.
A vitória do Sporting é a prova de justiça neste desporto injusto. Quem se responsabiliza, luta e organiza a casa, apostando no jogador português, merece mais do que os atrasos de 3 minutos e os penaltys do Mota. Mas cabe também ao adepto acordar, perceber que somos o mesmo clube que há um ano estava a começar um reestruturação financeira e que gastou 4 milhões em reforços, acabando no 2º lugar. Os nossos jogadores são os que foram escolhidos pelas pessoas que nos tiraram de um buraco negro e por isso, até começar a rolar a bola, merecem o nosso apoio incondicional e o nosso benefício da dúvida. O Mané é o mesmo que deu folgo a uma equipa cansada o ano passado, o André é aquele pequenino que já leva 4 golos e o Eric é o mesmo patrão de há um jogo.
Eu acredito, mais que nunca, mas temos de ser a força desta equipa. Nós somos os adeptos que enchemos o Estádio do Restelo apenas para ver um jogo de preparação. Somos os mesmo que mobilizámos milhares de pessoas por este país fora, para ver o nosso grande amor. E não podemos deixar de o ser se a Lazio nos derrotar ou o Boavista ou os egípcios. Até defrontarmos a Académica a esperança verde é o que move este Leão!
29 Julho, 2014 at 11:48
Caros, estamos assistir a uma coisa que parece óbvia mas já não acontecia no SCP há muitos anos: é o segundo ano consecutivo com uma pré-época extremamente bem planeada, e em crescendo, porque se mantém grande parte do onze base da época passada. Sair um ou dois jogadores importantes é complicado, mas o que é importante é manter as rotinas e se possível antecipar as saídas com entradas de igual qualidade ou recorrendo à formação. E é a isso que estamos assistir. Chama-se organização e planeamento. Normalmente demora alguns anos, mas aqui está a ser rápido, porque a estrutura é boa, está focada, e recupera o adn do Sporting. E a isto os adeptos (que são únicos) respondem directamente. Assim cada época será mais forte que a anterior. Está quer-me cá parecer que já vai dar frutos.
O resto (manhosices, lampionices e frutices), não interessam nada.
P.S. Ontem no jogo com o Twente ouvi várias vezes os adeptos do Sporting. Orgulho.
29 Julho, 2014 at 12:54
Bom texto! Clap clap clap.
Agora, uma observação ao cliché que não páro de ler aqui sobre a suposta “bipolaridade típica do adepto Sportinguista”: vocês já alguma vez se deram ao trabalho de visitar os antros lampiursos e as pocilgas dos morcões?! Seguramente que não, senão caía por terra essa ideia de que temos idiossincrasias tão diferentes dos restantes adeptos. A besta que passa a bestial e vice-versa num ápice, bata a bola no poste ou entre na baliza, é tão comum aqui como em qualquer clube que viva com paixão as vicissitudes da sua equipa. Pedir racionalidade e contenção a adeptos de futebol, é a mesma coisa que pedir aos monges do Tibete que pratiquem Jiu-Jitsu.
29 Julho, 2014 at 13:10
É isso mesmo! Boa prosa Maria Ribeiro!
29 Julho, 2014 at 14:29
Ari-el,
Por acaso foi na brincadeira (não que a expressão não me cause urticária porque causa, isso e começar frases com “dizer que”), não pretendia deitar abaixo nem diminuir o texto, até porque muito sinceramente estava a trabalhar e não o li , gosto de ler essas coisas com “tempo”.
Normalmente nem comento porque, mesmo não concordando com um ou outro aspecto, regra geral gosto do que leio até porque em ultimo caso demonstra que estamos vivos!!
Saudações Leoninas!
29 Julho, 2014 at 15:25
Como habitualmente…gostei…!!
E vou já beber em alternativa ao saké ou às “amarelinhas”…
Uma “copaneira” de lancers s/ álcool…!!
SL