As últimas horas têm sido de enorme ansiedade entre os adeptos do Enorme Sporting. Entre o ponta-de-lança camaronês, que é máquina, mas parece demasiado caro para o nosso bolso, até às situações Slimani e Rojo, dando até um pulinho pelo “grato” Miguel Lopes, que quer reduzir o ordenado, existe um boato que vai ganhando força e mais nos entusiasma: Nani de volta ao clube que o formou.

Em 2007, Luís Carlos, conhecido por Nani, tornava-se a maior venda de sempre do Sporting Clube de Portugal, 26 milhões de euros. Ficou aquele sabor amargo que fica sempre que um dos grandes sai. Aquela sensação de que saiu antes do tempo, poderia ter ajudado a conquistar outras coisas. Mas não existe nenhum bom jogador que não deixe esse sentimento.
Em 2008, Nani era campeão europeu pelo Manchester United, ao lado do também nosso Cristiano Ronaldo. “Foi o melhor para ele” dizíamos nós sem sombra de dúvida. Tinha títulos, jogava num grande clube, tinha dinheiro e tinha sempre, na boca, palavras de gratidão para com um clube que o mostrou ao futebol.

Passaram os anos, Nani tornou-se uma referencia no clube, envergando o número 17 com primor até à selecção nacional. Ainda não tinha atingido o seu potencial, nada disso, sentia-se que podia dar mais. Foi quando tinha de ter a sua explosão, depois dos seus 25 anos, que se viu envolvido num processo complicado de renovação. Na altura era pretendido por enormes clubes e, numa atitude pouco grata, pediu muito dinheiro para renovar, ou saia dos gigantes ingleses. Meses e meses passados, Nani renovou, ficando a ganhar cerca de 5 milhões de euros.
Bateu uma lesão à porta (existe quem diga que a lesão estava também na cabeça). Sempre que recuperava, lá vinha a maldita. Jogava nas taças, poucos minutos da Champions e quando o campeonato estava ganho/perdido. Triste para um jogador tão grande.
Eis que se não quando, neste canto, o Marcos Rojo recebe uma proposta do United, mas pouco proveitosa para o Sporting, que lança assim Nani na jogada. Nada está confirmado, a esta hora pelo menos, mas as notícias dividem-se entre “Nani recusou voltar” ou “Nani está certíssimo e estará em Lisboa hoje”. Sem meio-termo, o comum e ignorante adepto, deseja que seja a segunda a verdadeira.

Falo-te a ti agora, Luís Carlos. Tu és o Sporting e o Sporting és tu. Também este grande clube, que te descobriu, foi apontado a grandes feitos há poucos anos, apontado ao topo do futebol. Tal com a tua pessoa, sofreu com problemas de dinheiro, depressão e dores físicas (talvez a nossa mais figurativa que literal). Como tu, o Sporting teve de ser humilde, aceitar a situação débil em que se encontrava e percorrer um caminho que poucos achavam possível. Complicado, muito complicado, mas até agora bem sucedido. Aceitámos de bom grado que o nosso caminho começava agora por baixo, mas isso não apagava o que demos ao desporto nem ao futebol. Isso não apagou os campeonatos, nem taças, nem a Academia, nem as modalidades nem as medalhas. Não, não fomos esquecidos, mas tivemos de descer para voltar a subir.

Nada apagará o jovem que morde a língua enquanto corre, de pontapé mortífero e finta desconcertante. Nada apaga a tua Liga dos Campeões, campeonatos, taças ou medalhas. Mas terás de ser humilde para que voltes ao topo. E, caro Luís Carlos, se achas que o Sporting não te leva ao topo, estás enganado. Aqui podes lutar por títulos (e fazer subir as nossas probabilidades) podes jogar a Champions, podes ser Rei. Quando e se entrares por Alvalade, as bancadas vão tremer com a tua chegada. Terás cânticos, paciência, assobios e palmas, mas terás sempre de suar a camisola do nosso clube, este que também é teu Luís. Se voltares, que venhas para calar quem diz que não prestas para a Selecção, que o estás coxo, que não gostas de futebol ou que só queres dinheiro. Prova que és mais que isso, prova que és a lenda que nasceste para ser, o enorme jogador de topo mundial. Volta para casa e terás um balneário ambicioso à tua espera, um treinador talentoso e um presidente que te põe na linha. Dos adeptos, terás carinho para sempre apenas por voltar um ano ou dois. Serão muitos os jogadores que podem dizer isso de um clube?

Ps: E se iniciássemos uma corrente pelas redes sociais, identificando o Nani, através de @luisnani e colocando a hastag #VoltaNani (twitter, facebook). Que carinho podíamos mostrar antes mesmo de chegar o nosso rapaz. E se não chegar, mais uma demonstração de força destes adeptos, que nasceram para ser diferentes.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa