Podem chamar-me o que quiserem, mas não consigo deixar de esboçar um sorriso quando ouço alguns Sportinguistas afirmarem que é incrível estarmos a contrair novo empréstimo obrigacionista. Uma vez mais, a artimanha do ‘estamos a fazer o que criticámos’, sem sequer se darem ao trabalho de sublinhar que tal medida visa pagar um anterior empréstimo de juro elevado e, com o restante dinheiro, tentar resgatar passes de jogadores alienados por tuta e meia.

Mas o meu sorriso passa a gargalhada, quando ouço dizer que é lamentável termos que assistir a uma troca de acusações em praça pública. Ainda para mais, num processo que se prolongará e ao qual se juntará uma auditoria de gestão.

Ora, se a memória não me atraiçoa, grande parte dos que hoje sentem comichões, nunca pararam para se coçar quando, por exemplo um tal de Paulo Pereira Cristóvão nos arrastou para capas de jornais. Ou, vá lá, para não estar a individualizar, quando, há três anos, as eleições do Sporting deram origem a debates televisivos vergonhosos, onde alguns dos candidatos, ao invés de se prepararem, cavalgavam um rol de acusações que punham em causa a seriedade de um dos adversários.

A táctica deu certo e o ‘novo Vale e Azevedo’ não chegou à presidência, numa das noites mais tristes da história do meu Sporting. Mas estava tudo bem e pouco importava o clima de suspeição que envolvia o acto eleitoral. Zero comichões. E o sacana do fenistil continuou a fazer efeito, mesmo quando fomos arrastados para o buraco e atingimos a mais paupérrima classificação da nossa história.

Quando o bando de amigos, entretanto zangados enquanto brincavam com o Sporting, foi posto a andar por vontade dos sócios (não esquecer este pormenor, sff), foi como se uma praga de mosquitos se apoderasse de quem parecia imune às comichões. E, aí, ficou-se com a certeza que isto é uma guerra pessoal. Uma guerra pelos tachos, pelos convites, pelos pequenos poderes.

É isto que me custa perceber. É isto que me revolta. Será possível aceitar que se faça mal ao Sporting, em nome de interesses pessoais? Sim, é. E é bom que nunca nos esqueçamos disto, pois (metam isto na cabeça até ela deixar de pensar) cabe-nos a nós, sócios e adeptos, a última e mais acérrima defesa do Sporting!

Se essa defesa tiver que passar por tribunais e por um processo que se tornará público, pois que passe! Não só não me causa comichões, como considero ser fundamental para encerrar e esclarecer demasiadas histórias mal contadas. Prove-se o que houver para provar, condene-se quem tiver de ser condenado! Nos entretantos, que o Sporting continue este longo caminho de recuperação. Que o Sporting continue a contrariar o que, há ano e meio, quando questionado sobre o trabalho da actual direcção, o tal do Nobre Guedes vaticinou: “já se sabia que a situação era má, agora tem de se gerir aquilo (…) a continuar assim, o Sporting não tem salvação”.

Provavelmente, o problema está aí. Provavelmente, o que causa comichão é o facto do aquilo que se chama Sporting, estar a ser salvo do buraco para o qual o sr Guedes e os seus amigos o conduziram.