«Desculpem antes de mais por alguns erros ortográficos ou de sintaxe ou até alguns excessos, já que sinto esta revolta muito “a quente”, até fisicamente. Guimarães está longe de ser uma deslocação fácil, todos sabemos, inclusive eu quando comprei bilhetes para ir ver o meu grande amor conjuntamente com o meu pai que tinha chegado do estrangeiro. Mal chego ao estádio e assisto à chegada dos 2 autocarros, e já se estava a ver a “massa” de alguns vimaranenses, que procuravam agredir adeptos que simplesmente tinham batido palmas ao nosso autocarro.

Enquanto isto via-se um perímetro de 5 policias em pontos diversos, como se de um jogo entre Sporting e Sporting B se tratasse, portanto. Depois de algumas provocações ao longe, que eram endereçadas para mim e para o meu pai, como “juve boi” ou “lagartos filhos da p***”, lá acabamos por nos encaminhar para a nossa entrada no estádio.

E eis que nisto, já perto da “nossa” porta 16, vemos um grupo de 30/40 adeptos da claque do Guimarães a correrem no nosso sentido mas noutro patamar junto às rouloutes do estádio, enquanto nós nos encontrávamos mais abaixo junto às entradas. Estes adeptos, de um momento para o outro vêem-nos e de repente num ápice, só consigo ver-los todos a descer a relva e a agredirem o meu pai sem mais nem menos. Não dando por isso, também eu sou agredido e enquanto gritam todos por eu levar uma mochila, acabam por tirar à força e sob puxões no pescoço a mesma mochila e o casaco da Juve Leo e cachecol e também a própria tshirt que nada tinha a ver com o Sporting. Convém dizer que nesta mochila, ia lá 2 carteiras (minha e do meu pai), as chaves do carro, e 1 telemóvel dele. A juntar a este acto de cobardia só faltava falar do facto de a polícia estar a poucos metros de nós e não ter feito rigorosamente nada, explicando-nos que nada podiam fazer. Nesta fracção de segundos também alguns Sportinguistas que se encontravam atrás de nós, também tentaram fugir para onde puderam, e outros adeptos do Vitória se aprontaram a tentar ajudar e a criticar o acto.

O alarido foi tanto que até o repórter da nossa Sporting TV foi perguntar o que se passava e depois de recolhidas várias declarações lamentou-se de não poder transmitir aquilo. As queixas foram alargadas a vários polícias, que pouco queriam saber, alguns mostrando-se mesmo arrogantes e ofensivos. Houve até um superintendente que lá chegou dizendo para irmos à esquadra mais próxima. Enquanto isto se passava, conseguimos reaver a minha carteira, que sem dinheiro mas com documentos, foi encontrada num caixote do lixo.

Já sem vontade nenhuma de ver o jogo, tentámos ficar à espera do inicio do mesmo para ir procurando em outros caixotes sítios onde eles pudessem ter deixado os bens, já que tinham sido interceptados alguns metros à frente de nos terem agredido. Mas não parava, viam-se adeptos do Guimarães a ir para a fila dos adeptos do Sporting, para irem roubar cachecóis e fugir. Continuava o medo de ser abordado e novamente agredido apenas por ter um cachecol duma cor diferente e apoiar outro clube, ouvindo ao mesmo tempo alguns adeptos do Guimarães a passar contando que a claque tinha roubado 400 euros aos Sportinguistas.

Dá se o inicio do jogo, e “felizmente” dirijo-me à entrada principal ou vip do estádio para contar a situação. Nisto 2 funcionários do clube foram bastante compreensivos e afáveis, tentando ajudar chamando o chefe da segurança no estádio, que mais tarde contactou um individuo chamado Rica, intitulado como “relações institucionais entre claque e clube” que ligou para o líder da claque vimaranense para vir ter com ele fora do estádio, onde já tínhamos revirado todos os caixotes do lixo sem sucesso. Nisto o tal líder da claque ligou para outro membro, acabando conseguir encontrar a chave do carro e o telemóvel, mas só no fim do jogo, já que estes bens estavam fora do estádio. Passando-se os minutos, continuámos a ser bem tratados por elementos do catering do clube, que nos convidaram a entrar para uma sala de jantar onde vimos parte do jogo pela televisão e onde conversámos também com algumas pessoas da direcção vimaranense que repudiaram o acto.

Passado vários minutos após o final do jogo, lá voltou o chefe da segurança do clube dizendo para irmos com ele reaver a chave do carro a um elemento da claque que também nos disse que a carteira do meu pai se encontrava num arbusto, o que acabou por acontecer.

Foi só um susto, mas ouvi hoje um adeus ao futebol por parte do meu pai. É revoltoso, é vergonhoso que coisas destas se passem nos estádios de futebol.»

 

o relato dos acontecimentos pertence a Ruben Ribero, no Sporting Visto por Nós.