«Bruno de Carvalho tem mais jeitos de bruto impulsivo do que de grande estratega de jogos mentais, mas se tivesse sido José Mourinho a escrever no Facebook o que o presidente do Sporting lá escreveu no fim de semana, hoje, depois da vitória de ontem contra o Schalke 04, estaria toda a gente a chamá-lo de génio. Não por ter tido razão – mas por ter conseguido o que queria: que o Sporting voltasse a jogar bem. Nem que fosse para o calar.

Falando de “péssimas exibições que não dignificaram o nosso clube e a nossa camisola” e de uma falta de garra e vontade “lamentável”, restando apenas “pedir desculpa por não termos sido dignos do clube que representamos”, o presidente dos leões embaraçou o plantel inteiro. É normal que, depois de ser cilindrado uma vez, Bruno de Carvalho apareça a arrasar publicamente os jogadores? Não. É justo? Não. Foi eficaz? Foi.

Não vale a pena especular muito com psicologia, mas é possível dizer que o Sporting quis ontem mais do que apagar a derrota em Guimarães. Quis também calar os críticos instantâneos que apareceram ao primeiro deslize. Incluindo o seu próprio presidente. Mas isso só foi possível porque o Sporting tem hoje uma coisa que durante muito tempo esteve perdido: orgulho. Esse orgulho pode ter sido a grande motivação de ontem. E é uma boa motivação. A resposta da noite foi aliás dada por Nani, depois do final do encontro: “Quem não sabe perder também não sabe ganhar!’

É curioso como o estilo pulso de ferro de Bruno de Carvalho é tão contrastante com o estilo punhos de renda de Marco Silva. Carvalho é mais que o presidente do Sporting, é o seu verdadeiro líder em todas as frentes. Ontem, correu bem. Tem corrido.»

Pedro Santos Guerreiro, in Record