Eu sabia que iria ser assim. Tu sabias que iria ser assim. No fundo, nós sabíamos que esta segunda época desde as últimas eleições ia ser o inverso da anterior no que toca a críticas, exigências e movimentos estomacais de quem ainda não digeriu a perda do poder ou do mero tacho.

O Sporting da época passada apresentou-se com uma banda em álbum de estreia, capaz de fazer um disco que passa a figurar na lista de melhores do ano e de onde saem temas que passam a fazer parte de qualquer playlist. Ora, como qualquer banda que provoca um hype, o Sporting teria que enfrentar o teste mais complicado: o de um segundo disco que fosse capaz de provar que o êxito do primeiro não havia sido obra do acaso. E a verdade é que, neste momento e apesar do som estar claramente mais adulto, de ter um baixista e um vocalista que a elevam a um patamar bem superior, este Sporting 14-15 vê-se numa inesperada oitava posição da tabela. Mas se essa classificação é passível de ser invertida nos tempos mais próximos (quem não acreditar, faça o favor de só voltar em Junho), há pequenas questões que vão minando o desempenho da banda. É que esta cena de estar a roubar espaço aos gajos que controlam os agentes e as editoras, tem o seu preço. E a forma de deixar isso bem claro, passa por utilizar os mais variados canais de comunicação. Entre jornais e canais televisivos, vão sendo veiculadas coisas que se assemelham a notícias e que minam o ambiente não só entre os membros da banda, como dos seus fãs.

É neste ponto em que estamos e é por isso que eu decidi ter esta conversa contigo. Sim, contigo, porra! Não és do Sporting? Então, toma lá atenção, sff. Tu achas que eu gosto de perder ou de empatar? Odeio! Tu achas que não me irrita ver os nossos jogadores não sei quantos furos abaixo do que podem render? Pensas que não me incomoda a ideia de um possível distanciamento entre o presidente e o balneário? Pensas que não me incomoda esperarmos dois dias para desmentir uma notícias dessas, só para podermos fazê-lo em directo na SportingTV? Pensas que não me massacra o espírito, aquela espécie de rebaldaria que parece viver-se na Academia e, pior, não haver alguém responsável (Virgílio, estás aí?) que venha tranquilizar-me e dar-me uma explicação, mesmo que básica? Achas que não me questiono sobre que raio de papel tem, afinal, o Inácio, que mais parece uma figura de corpo presente? Acreditas que eu encolho os ombros quando dou por mim a pensar que o Marco Silva é gajo para sentir-se meio desapoiado e para sentir o seu trabalho, que lhe disseram ser bom o suficiente para valer quatro anos de contrato, ser constantemente questionado (ainda por cima dando provas de saber o que está a fazer)?

Esta merda angustia-me, preocupa-me, incomoda-me. Muito. Mas sabes o que me angustia mais? É ver a facilidade com que deixamos de cerrar fileiras! É ver a facilidade com que apelidamos de “merda”, aqueles que, dois ou três dias antes, aplaudíamos! É ver a facilidade com que promovemos o suposto afastamento entre a direcção e o balneário, espalhando pelas redes sociais as notícias plantadas com esse objectivo! É ver alguns ressabiados, a quem foi dito “não” à pretensão de integrarem o actual elenco leonino, lançarem conversas privadas na internet de forma a envenenarem os espíritos mais susceptíveis! É ver Sportinguistas com tu, sim, tu, foda-se, insultarem camaradas com quem partilham lágrimas de felicidade e de tristeza!

Toma nota: eu não quero que tu penses pela minha cabeça. Quero que tenhas opinião, sempre! Quero que exprimas o que te incomoda e o que te alegra. Mas, caraças, não te esqueças, nunca, da tua banda preferida. Não te esqueças que escolheste uma banda que não grava em CD. Isto é vinil, “chaval(a)”! Um LP verde, daqueles que se manuseia com carinho e que não se deixa arrumado à toa, para não empenar. Obviamente que não é fácil ser adepto do vinil, quando a indústria te quer vender mp’s qualquer coisa. Se temos direito a questionar se a nossa aposta nas rotações é a mais adequada? Claro que temos! Não podemos é ser nós, desde o presidente aos adeptos, os primeiros a riscar o disco que escolhemos para ser a banda sonora da nossa vida!