Vale a pena ler o artigo de Sérgio Pereira, jornalista do MaisFutebol, intitulado «Génio. Ponto.»
«O futebol tornou-se um género delicado: de grande fragilidade. Evoluiu, transformou-se e complexou-se. Por vezes conseguia ser um mónologo, coisa de um homem só, agora é um diálogo de regras labirínticas. No futebol moderno é impossível imaginar um Mundial ganho por um jogador apenas, e o seu talento. Como Maradona fez em 86 ou Garrincha em 62. O talento continua a fazer a diferença sim, mas como parte do processo: ele por si só, o talento apenas, genuíno e selvagem, não pode ser o processo todo. É parte e geralmente surge no fim, bem lá no finzinho, no toque de génio que faz a diferença entre uma série de procedimentos burocráticos.
Ora vem esta conversa a propósito da complexidade do futebol atual, um exercício cheio de regras, processos, recursos e ordenamentos. Chega a ser intrigante. Não basta preencher os espaços e abrir o jogo com extremos puros, daqueles que recebem a bola colados à linha, partem para cima do adversário e metem a bola na área. O futebol tornou-se mais complicado que isso. Vítor Pereira, o treinador, disse tudo há um par de semanas ao Record. «Os adversários começaram a perceber que os corredores laterais eram as zonas preferenciais de entrada. E, na minha opinião, a equipa tem de continuar a ir à procura de uma solução que as equipas de top têm de ter, que é o jogo interior. De provocar o adversário por dentro, para depois entrar por fora.»
Vítor Pereira falava do FC Porto, mas a análise aplica-se sobretudo ao Sporting: uma equipa que atacava sempre pelos flancos e era incapaz de criar desequilíbrios pelo centro. Mas isso mudou, e era a este ponto que queria chegar desde o início: mudou por causa de um homem. A mudança posicional do colombiano, com mais liberdade, e obrigação, para participar no processo de construção ofensiva, trouxe ao futebol do Sporting o toque aveludado dos génios. Tem coisas, aliás, que me fazem lembrar Romário: na forma como cola a bola ao pé e a esconde dos rivais, na maneira como domestica jogadas selvagens, no jeito como domina sob pressão e inventa futebol entre adversários.
É um génio dos espaços curtos. Mas para mim é mais do que isso: é o melhor jogador do futebol português a jogar entre linhas (ou quadrados, losangos, elipses e paralelogramos deste futebol, lá está, tão complexo). Com ele em campo o Sporting preenche a complexidade do futebol. Ganha soluções. Fica enfim preparado para reagir à tendência que muitas vezes apresenta de tornar o jogo um exercício simplista: demasiado simplista para os tempos que correm, aliás. Pode não parecer, porque é um talento de coisas simples. Mas Montero traz preso a ele um futebol sincero e sensível, como o olhar de um idoso humedecido: belo de tão genuíno.
Chega a ser delicioso ver Montero sair da marcação, sugir nos espaços vazios, colar a bola ao pé e inventar soluções: pode tirar um adversário do caminho e partir em direção à baliza, pode segurar, esperar pelos colegas e devolver a bola, pode sobretudo, e é nisto que ele é bom, levantar a cabeça e rasgar um passe de rotura. Com ele em campo o Sporting torna-se equipa de ambições mais largas: uma equipa que provoca o adversário por dentro para depois entrar por fora. Não me custa adivinhar aliás que faltou Montero em Londres: quando entrou já era demasiado tarde. Mas vem aí a Liga Europa e todos os sonhos são possíveis. Porque, como escreveu Rui Dias, no Record, Montero pode não ser o melhor ponta de lança do Sporting: mas não tenho dúvidas que é o melhor futebolista entre os pontas de lança.»
Nota da Tasca: disse-o por mensagem, ao Jusko, no intervalo do Chelsea-Sporting: «este jogo era do Montero». Continuo a acreditar nisso. E parece que há mais quem pense assim.
13 Dezembro, 2014 at 14:46
E golos?! Slimani
13 Dezembro, 2014 at 15:00
Concordo com tudo, p.s tambem.
13 Dezembro, 2014 at 15:02
Disse o mesmo sobre Montero ainda sem o jogo começar.
13 Dezembro, 2014 at 15:02
Um dos meus jogadores favoritos. Muita classe.
13 Dezembro, 2014 at 15:10
Pois, para mim, todos os jogos são de Montero, seja a PL (desculpa lá Slimani) , seja a 10 (desculpa lá JM).
Se o Nani tem de jogar sempre, também o Montero.
Pelas mesmíssimas razões (excepto “currículo “).
Mas, por enquanto, ainda vou dar muito crédito ao Marco Silva, nas escolhas que faça.
Continua a demonstrar uma leitura de jogo brutal. Apesar de parecer que demora um pouco muda as coisas (possivelmente, o rosell vai começar a jogar, mas se não começar, ele lá saberá porquê) . Parece-me , igualmente, que pouco a pouco o Sporting vai tendo outras soluções (só é doloroso as bolas paradas, mas não se pode resolver tudo ao mesmo tempo…).
E para quem acha que certas insistências do Marco Silva são parvoíce , lembrem de disto :
– época longa…
– Um dos que esteve muito bem nos últimos dois jogos, foi o AM !!! A jogar na posição mais próxima da sua).
13 Dezembro, 2014 at 15:14
PS: para mim, o Monti, está no top 3 dos melhores jogadores do nosso campeonato!
(aliás, são os 3 do SCP !! Este, o Nani e o Oliveira – sim, o central !!!)
Fora destes 3 mas logo a seguir, podem meter o outro colombiano .
Este carrillo também !
13 Dezembro, 2014 at 17:53
Sou fã do Montero! A 10, ou a 9 em jogos mais difíceis (como no Dragão), tem de jogar sempre!!
13 Dezembro, 2014 at 18:09
Com ou sem slimani o montero tem que estar la dentro..classe pura
13 Dezembro, 2014 at 18:30
Olá tasqueiros!
Apesar de gostar muito do Montero, desde o dia em que colocou o pé em Alvalade, não estou de acordo com alguns pontos do texto.
Na minha opinião, o grande mentor da mudança do estilo de jogo do Sporting é o treinador Marco Silva. Deu para perceber logo a mudança no jogo da taça de honra contra o carnide no estádio do Belém. Nessa altura notou-se logo uma maior preocupação com o jogo interior, permitindo à equipa ter mais soluções a atacar e ser menos previsível para os adversários. Nesse dia também afirmei (de certeza que tal como todos o Sportinguistas que viram o jogo) que o João Mário era o nosso novo médio ofensivo e que o André Martins passaria à condição de suplente.
Demorou mas aconteceu, o João Mário é sem dúvida melhor opção que o André Martins (de qualquer forma o André é um exemplo de profissionalismo e terá as suas oportunidades).
Amanhã gostava de ver Slimani, Montero e João Mário de inicio, nesse caso estaremos perante uma verdadeira revolução ofensiva!
Amanhã vou lá estar!!
SL
13 Dezembro, 2014 at 18:33
Que o montero é craque já nos sabemos. Que tem um toque de bola fantástico também.
Agora gosto de o ver a jogar com o slimani, assim o rendimento dos dois é muito melhor. O sli está mais apoiado é com aquele terreno bem ocupado consegue fazer uma melhor pressão sobre os defesas. Com montero a qualidade da definição do nosso jogo também aumenta.
Amanhã gostava de os ver aos 2 logo de início e na 2a parte já com o resultado feito uma substituição do sli pelo tanaka para começar a preparar uma eventual perda do argelino.
13 Dezembro, 2014 at 21:09
provavelmente tambem vamos perder o tanaka na taça asiatica
13 Dezembro, 2014 at 18:39
Temos realmente muita sorte de conseguir um plantel com tantas estrelas de classe mundial.
É um previlegio poder ver Montero, Nani, Carrillo e Adrien ao vivo e a cores 😉
Com João Mário logo atrás, acho que podemos estar a assistir a uma nova geração de violinos.
13 Dezembro, 2014 at 18:40
Para mim Montero tem de jogar sempre! Ate pode estar 10 anos sem marcar!!!
13 Dezembro, 2014 at 19:12
Para mim Montero já não é um ponta de lança, pelo menos não deveria ser. É claramente um médio ofensivo de grande categoria. Aqueles pézinhos e aquela cabeça (falo da inteligência que lá está dentro) não se podem fechar dentro duma àrea. Há hoje no Sporting 3 jogadores a um nível muito superior em relação aos outros e ao futebol português em geral: Nani, Montero e Carrillo. Não os pôr a jogar sempre que possível é um desperdício de talento.
Não fosse o Adrien ser um pequeno monstro e o meio campo ofensivo seria Nani/Montero. Assim está fácil de ver que é Montero no meio a conduzir o jogo de ataque com Nani e Carrillo nas alas.
13 Dezembro, 2014 at 20:08
O montero é craque, mas a sua absoluta displicência na fase defensiva deixa-me doido!!!! Corre corre chega perto e abranda, como o cadete e postiga eram peritos a fazer.
De resto, quem dera a montero e consequentemente a nós que ele tivesse 1% do futebol de romario… E dos golos, já agora… Montero é lento e displicente, romario era rápido nos espaços curtos e matador…
Mas que é bom jogador, sem dúvida.
13 Dezembro, 2014 at 20:16
Às vezes fico um bocado deconcertado com o que leio…
O Montero foi um magnífico avançado na primeira metade da época anterior. A partir daí, apagou-se e perdeu a titularidade para o Slimani. E bem.
Quando os avançados não marcam golos é isso que acontece.
Recentemente o Marco Silva testou a possibilidade (que se tem revelado interessante) de colocar o Montero a “segundo avançado/9.5/whatever”. O que já revela um facto: o Montero (já) não pode ser titular a avançado centro.
Agora, o que se pretende de um “segundo avançado/9.5/whatever”? O Carlos Mané tem mais velocidade, mais impetuosidade, e pode jogar mais descaído nas alas. O Montero tem um remate estupendo de longa distância, é mais objectivo e tacticamente mais inteligente.
Espero que a sua adaptação a estas novas funções corra bem (melhor do que tem corrido até agora), apesar de ser uma “solução de compromisso” que pode – ou não – resultar e que que pode – ou não – originar mexidas no esqueleto da equipe.
Não gosto muito de exageros, mesmo quanto jogadores do meu clube. O Montero não é um prodígio nem sequer um dos melhores jogadores do campeonato (neste campo, de reparar que, entre os avançados, o Jackson – que até nem é a última conca-cola do deserto – tem tantos golos no campeonato como o Montero e o Slimani JUNTOS).
De titular indiscutível e goleador passou para suplente e, recentemente, jogador adaptado.
Mas é um bom jogador.
SL
13 Dezembro, 2014 at 21:25
“disse-o por mensagem, ao Jusko, no intervalo do Chelsea-Sporting: «este jogo era do Montero». Continuo a acreditar nisso. E parece que há mais quem pense assim.”
Concordo, era jogo pelo chão…
13 Dezembro, 2014 at 22:12
Concordo com o que é dito sobre o montero mas quero só fazer um reparo em relação ao jogo com o Chelsea; falar depois do jogo acabar é sempre mais fácil, o Marco tomou a decisão que acho ser a melhor para a equipa naquele jogo( e eu entendi o que ele quis fazer ao tirar montero e colocar João Mario) não resultou como ele queria e nos todos, mas se tivesse corrido nenhum de nos ia falar sobre isso.
13 Dezembro, 2014 at 22:38
Adoro o Montero… classe, inteligência, subtileza e mais classe, muita classe!!!
Mas a 10, não a ponta de lança enfiado na área no meio dos centrais.
Para isso faltam-lhe alguns atributos que o Slimani consegue ter.
O problema é que saindo o JM e entrando o Montero, a equipa fica mais virada para o ataque… o JM consegue fazer um trabalho de apoio no MC ao Adrien e aonWilliam que o Montero na faz.
E a isto temos que somar o facto de o Carrillo e o Nani serem jogadores muito ofensivos… torna-se muita gente na frente.
E se contra o Moreirense em casa até podemos (e devemos) apostar no Montero, fico com dúvidas se, p.e. em Londres, isso não teria sido suicídio.
Acho que o M. Silva deve andar com este dilema.