É inevitável. Por muito que nos controlemos durante muito tempo e afastemos ideias megalómanas de que os nossos jovens jogadores são os melhores do mundo, algo em nós fica um pouco histérico quando vemos um miúdo de verde e branco dar um toque numa bola. E, ontem, muitos jovens fizeram as delícias dos sportinguistas, arrancaram-nos um sorriso de orelha a orelha depois de dias difíceis e, como sabem fazer tão bem, fizeram-nos acreditar num futuro breve muito risonho.

A vitória em Guimarães seria vivida de forma diferente se apenas tivessem jogado os suplentes. Bolas, seria tão enfadonho como exaltar uma vitória contra o Espinho de alma e coração. Ninguém estava louco para vencer na Taça da Liga, até ao momento em que vimos os mais pequenos entrar em campo. Ai o caso muda completamente e, tal qual pais enternecidos, vamos vibrando com os pequenos toques e compreendendo os enormes erros (que ontem não aconteceram).

Mas falando de bola, propriamente jogada, tivemos ainda mais surpresas do que aquelas que estávamos à espera.
André Geraldes, um jovem que sofreu as passas do Algarve na pré-época, jogou no lado esquerdo (que não é o seu natural) e foi um dos melhores em campo. Frente ao irreverente Hernani, foi seguro, teve cortes de golo e um posicionamento quase sempre impecável que nos deixa com água na boca para ver mais do jovem que tanto prometia no Belenenses. Como disse na altura, Geraldes defende melhor do que ataca. Esgaio (a qualidade deste conhecemos muito bem) ataca melhor do que defende. Podem muito bem ser um complemento interessante um ao outro.
Wallyson e Adrien são gémeos. Se não são, o Adrien encarnou o espírito do Wally ontem à noite. Entrou por Slavchev e que diferença fez. Sem medo de segurar a bola, passava por um por outro, teve um esforço ingrato pela falta de apoio que sentiu, mas foi um jogador essencial para dar alguma calma à equipa. Temos alternativa encontrada ao nosso Ninja.
Podence e Gauld, os nossos dois pequenos. Que classe naqueles pés, que vontade de jogar bonito e que visão de jogo. Os dois abrilhantaram um pouco mais um jogo que nem sempre foi bem jogado. Combativos, o que puderam pelo menos, e com uns pés que nos deixam a imaginar dois futuros fantásticos. Aquele passe de Gauld, faz prever um médio ofensivo de craveira internacional, saibamos ter paciência.
Sacko e Dramé, os nossos franceses foram os responsáveis pelo segundo golo, um golaço de levantar o estádio. Já na equipa B têm mostrado veio goleadora, poder de choque e muita velocidade. É complicado perceber que percurso podem ter no futebol europeu, mas gostava muito de os ver crescer de verde e branco. Sacko mais avançado, com um posicionamento e sentido de baliza. Dramé mais irreverente, inventivo e raçudo (a bicicleta que o diga…). Pena não termos visto Iuri em acção, o nosso mágico extremo parece ter de trabalhar um pouco mais nos próximos tempos. Talvez um empréstimo não fosse uma má ideia, de todo. O Sporting, se quiser, não tem de comprar extremos nos próximos cinco anos. Dramé, Mané, Esgaio, Podence, Sacko, Iuri e Gelson são mais do que garantias de qualidade no futuro.
Por fim, Tobias. Haverá complemento melhor para Paulo Oliveira do que Tobias? Tem um jogo aéreo superior ao Paulo, sabe colocar melhor o corpo, mas não tem tanta velocidade nem sentido posicional. Os dois portugueses seriam um upgrade face ao que hoje temos, sem dúvida! Tobias é um craque. Nem me venham com as teorias de que tem de crescer, falha muito, etc. O rapaz é jogador dos pés à cabeça e coloca num bolso quase todos os centrais do clube. Bolas Marco, põe o rapaz na equipa principal de uma vez!
Heldon, o teu golo o teu bater no símbolo e o grito “Isto é o Sporting” foi um momento emocionante. Um sportinguista reconhece sempre outro e tu meu caro, tens um enorme amor à nossa camisola.

A todos os outros jogadores, desculpem, mas ontem foi para os meninos. Obrigada por mandarem uma semana horrível às urtigas com a vossa alegria, vontade e entrega ao jogo que nos encanta a todos. Nós acreditamos em vocês!

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa