cr7Na noite passada, Cristiano Ronaldo conquistou a terceira Bola de Ouro da sua carreira (a caminho da quarta?) e a quarta para a formação do Sporting Clube de Portugal. Depois de Figo, um dos maiores jogadores portugueses da história, é a altura de Cristiano bater todos os recordes e triplicar o já incrível feito do homem que fez mais de 100 assistências na Liga Espanhola. Já falámos sobre a importância deste enorme jogador na formação leonina, de como é, num corpo só, a personificação de todos os valores apregoados pelo nosso clube. Mas… está na altura de tirar uma lição.

O facto de Cristiano ser, pela terceira vez, o melhor jogador do mundo é histórico. Todo o Portugal, o mesmo que diz que a formação não dá títulos, fica em estado de sítio porque um de nós venceu o maior prémio para o futebol. Mas por este país existem outros Ronaldos, outros jogadores talentosos que merecem ser acarinhados, promovidos e aposta de um treinador que tenha a audácia de Boloni. Sem aquela promoção, Cristiano não teria sido o jogador que hoje é. O jogador que foi para Manchester pela cláusula, chocar os ingleses e depois juntar-se a um dos maiores clubes do mundo. Ele era o melhor nos juvenis, nos juniores, nos infantis e, certamente, seria nos seniores caso tivesse tido tempo. E por ser o melhor, tinha que jogar. Quantos jogadores existem que são, assumidamente os melhores da sua geração, mas que tardam em afirmar-se na equipa principal em prol da tão apregoada segurança?

Falando do Sporting, que é o que interessa, existem muitos jovens que seguimos há vários anos que têm feito o seu percurso, trilhando o caminho para o escalão superior. Mas muitos outros foram simplesmente esquecidos, trocados por outros, até irem parar a um Cluj ou Apoel desta vida. Agora, enfrentamos uma reestruturação que tem tido, claramente, peso nos escalões jovens do nosso clube. Não porque os juniores não ganham ou porque os juvenis foram afastados da fase final. Tem peso, essencialmente, porque não podemos pagar às nossas pérolas aquilo que os seus agentes exigem. E isso faz com que fiquemos sem Eric, Matheus, Ilori, Bruma, Meira, Zé Turbo, etc. Etc.

“Ainda bem”, poderão dizer muitos. Mas se é verdade que deixamos de ser fantoche dos agentes e pais dos jogadores, também é verdade que os nossos rivais continuam a continuar a pagar avultadas quantias de dinheiro apenas para os desviar. Ninguém ganha neste cenário. O jogador acaba no Paços ou no Gil, o agente não ganha a sua comissão no futuro e o Sporting fica sem um jogador que tinha condições de vingar no clube ao mais alto nível.

Alguns adeptos sabem que, apenas uma contratação da equipa principal (pelo menos um milhão de euros) seria o suficiente para trazer melhores treinadores, melhorar infraestruturas e garantir jogadores nos quadros. Mas a reestruturação do Sporting também passa por eliminar os maus hábitos do passado que, diga-se, também permitiram lançar muitos canteranos. Confiamos no trabalho que está a ser traçado desde Março de 2013. Sabemos que o projecto passa pelo jogador português, pelos nossos miúdos dos juniores e equipa B. Também sabemos que o presidente exige a presença de alguns elementos da formação no plantel e poderá estar aqui uma das divisões com o treinador.

Mas, e daqui a dez anos? Conseguiremos produzir mais um Ronaldo (que seria Bruma se não fosse parvo)? Conseguiremos continuar a ter 12 jogadores formados, por época, a jogar na equipa principal? É essa garantia que queremos ter, que queremos ver em campo aos poucos e poucos, com o passar das jornadas. Perdoamos a falta de títulos na formação, os verdadeiros títulos são os jogadores de 20 anos que temos (Mané e Tobias, por exemplo), mas não perdoamos que se abandone a prática que tem décadas no Sporting. A nossa formação foi complemente descredibilizada nos últimos anos, pela opinião pública e graças a muitos Sportinguistas de caviar, que tanto falam sem nada saberem. Ao ponto de se dizer, sem qualquer complexo, que o Benfica é que  está mais competente nessa área. Uma mentira que tem de continuar a ser desmascarada jornada após jornada.

A minha sugestão? Façamos da Taça da Liga o verdadeiro título da formação. A passagem nesta fase já seria um feito, mas a partir daqui tudo pode acontecer. Vamos encher estádios pelo país, gritar pelo Tobias como se fosse o André Cruz. Apoiar o Esgaio, o Wally, o Gelson, o Iuri, o Luís Ribeiro e todos os jovens que merecem uma demonstração de força “à Sporting”.
Vale a pena reflectir, na lição de CR7.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa