Nenhum de nós gosta de perder. Muito menos contra uma equipa de marionetas ao serviço do sistema. Mas se há derrota que se consegue tolerar é a da noite passada. Desde logo porque estes miúdos continuam a ter totalmente em aberto o prémio, merecido, de passarem às meias-finais da Taça da Liga. Depois, porque estes jogos encerram em si uma componente de crescimento que, parece-me, é quase tão importante como a conquista dos pontos e o assimilar do gosto pelas vitórias.

E nesse aspecto, o jogo de ontem trouxe várias lições, desde logo a quem nem sempre basta jogar bem para ganhar. Matar o jogo é essencial (Ryan Gauld, a fechar a primeira parte, e Podence, logo a abrir a segunda, tiveram a oportunidade de fazê-lo). Tal como ter a concentração sempre em níveis elevados, até porque os fenómenos estranhos podem sempre acontecer. O penalti assinalado por mão de Sarr, por exemplo, é ridículo, espécie de cereja no topo do bolo de uma arbitragem que transformou a segunda parte numa clara caça ao Leão (terá havido algum acordo de cavalheiros com Rui Pedro Soares?). Ah, e quanto ao primeiro golo, é capaz de ser um problemas das repetições, mas comparar o “toque” dado pelo avançado em Rabia e o que Montero supostamente deu no defesa do Rio Ave, parece-me um bocadinho exagerado.

Nada exagerado é dizer que tivemos várias vitórias dentro da derrota (epá, ó Marco, porque raio é que mexeste tão tarde na equipa?), desde logo voltarmos a ver um adversário que disputa a liga principal a ter que meter em campo a sua equipa mais forte para conseguir equilibrar o jogo e terminá-lo queimando tempo de forma vergonhosa (é para merdas como este Belém ou como o Boavista que se aumenta o número de clubes no escalão principal?). Sinal claro da qualidade dos nossos meninos, nomeadamente de Wallyson, Gauld e Podence.
Wallyson e Gauld estão claramente um nível acima e prontos para a equipa principal. Não são jogadores feitos, longe disso, mas opções válidas para um meio-campo que tem, obrigatoriamente, de fazer sorrir qualquer Sportinguista (William, Adrien, João Mário, André Martins, Gauld, Wallyson, com um Rosell cheio de altos e baixos, mas com quem se pode contar. E é uma pena as dificuldades de adaptação de Slavchev). Podence, uma espécie de mini-Hazard, tem um futebol menos adulto, mas os olhos estão sempre na área adversária e não há medo de arriscar. Uma palavra de elogio para André Geraldes, que continua a calar desconfianças, e para Tanaka, pelo que voltou a trabalhar em prol da equipa. Já Esgaio, está claramente a precisar de um novo desafio e espero que tenha a oportunidade de crescer ao longo da segunda metade da época