Passadas quase 14 horas sobre o final do jogo, continuo com o mesmo sorriso. Foi quase tudo como eu imaginei. E digo-te ‘quase’ porque só marcámos um golo. Aposto que se aquela cabeçada do Montero tivesse entrado, ainda alguns se ajeitavam no lugar, a história teria sido bem diferente e acabaríamos a festejar uma goleada. Não consigo compreender como é que uma equipa de futebol parte para um jogo com a postura que a Académica teve, desinteressando-se da tentativa de chegar à baliza adversária, mas consegui perceber, ao vivo, as dificuldades que o Sporting tem quando defronta estes ferrolhos. Os extremos são realmente de topo, mas depois temos dificuldade no jogo interior. E não é pela ausência de qualidade dos médios, pois Adrien, João Mário e William são belíssimos jogadores – aliás, que privilégio é poder ver a classe com que o William resolve as situações de aperto e era bem merecido ter marcado naquele remate de ressaca, na sequência de um canto que o menino Tobias ganhou nas alturas. Dizia-te eu que não é pela ausência de qualidade dos médios, provavelmente porque nestes jogos se pede maior rapidez de pensamento e maior capacidade de inventar os espaços que não existem. Também não entendo a cerimónia que por vezes mostramos em rematar, como naquela jogada em que o Carrillo quer oferecer o golo ao Montero. E é bem capaz de ter feito falta um Slimani para ir ao choque e abanar a defesa. Tudo somado, vamos para intervalo empatados e irritados com aquela decisões finais do árbitro que parecem pensadas para nos tirar do sério.
Para a segunda parte exigia-se maior rapidez de processos e a verdade é que conseguimos enfiar a Académica ainda mais dentro do seu meio-campo. Aquele pontapé acrobático do Adrien ainda me fez gritar golo e a bomba do Cédric entraria para os melhores momentos do ano, mas o relógio continuava a correr e o resultado continuava em branco. Creio que, tal como no meu caso, as nossas maiores esperanças residiam no génio do Carrillo, que foi subindo de produção e que ia deixando adversários pregados ao relvado. Foi por isso uma enorme surpresa quando vejo que o peruano era um dos escolhidos para sair. Sai Carrillo e Adrien, entra Mané e Tanaka. E este é daqueles momentos em que eu penso que treinadores de bancada podem haver muitos, mas poucos têm aquela qualquer coisa extra que os torna treinadores a sério. Duvido que qualquer um de nós tivesse tirado o Carrillo. E o próprio Adrien. A verdade é que a partir do momento em que recuou, João Mário subiu muito de produção. A verdade é que Mané trouxe agitação ao jogo. E a verdade é que na ausência de Carrillo, Nani assumiu definitivamente a responsabilidade de decidir (podia era ter deixado o brilharete e acabado com o jogo quando surgiu isolado). E a verdade é que chegámos ao golo que tanto ansiávamos, numa grande cabeçada do João Mário depois de outra do Tanaka.
Três pontos, sofridos é verdade, mas muito merecidos e que nos aproximam dos lugares cimeiros da classificação. Não sei o que acontecerá até ao final do campeonato, mas queria pedir-vos para não deixarem de acreditar. E para não deixarem de apoiar a nossa equipa. Aliás, a propósito de apoio, queria agradecer-vos a onda verde e branca que se formou no sentido de me proporcionar um dia inesquecível em Alvalade. Mas, acreditem, eu tive esse dia. Não fui ao centro do relvado, não fui para um camarote, não conheci pessoalmente os jogadores, mas estive lá. Misturei-me com milhares que comungam a mesma paixão, senti o cheiro das bifanas, vi cachecóis e bandeiras verdes e brancas a esvoaçar, entrei no nosso estádio e senti um arrepio a percorrer-me o corpo.
E foi esse o meu objectivo com as palavras que te dirigi e que, enquanto eram escritas, me emocionaram tanto quanto viriam a emocionar-te. Já perguntaste a ti mesmo, o porquê das palavras escritas por um desconhecido te terem mexido com os sentimentos? Eu arrisco: porque aquela forma apaixonada de viver o Sporting está dentro de cada um de nós. Está dentro de ti! O que acontece é que, semanalmente, são-nos colocados desafios a essa paixão e, invariavelmente, é mais fácil deixá-la ir-se esbatendo. É mais fácil ficar no conforto do sofá, é mais fácil assobiar, é mais fácil criticar, é mais fácil questionar. O que se te escapa, é que esse estado de alma vai-se apoderando de ti. Essa inércia, essa crítica constante, esse afastamento.
Escuta o eco. Esse afastamento. Foi esse afastamento que foi quebrado pelo texto que te escrevi. E não imaginas o quanto eu sorri ao perceber que o que te dizia te tinha feito decidir estar presente em Alvalade. Era tudo o que eu queria. Ou melhor, era parte do que eu queria. Porque, agora, quero que jamais esqueças que qualquer um de nós é um Sportinguista perdido na Nova Zelândia. Fazê-lo sentir-se apaixonado pelo Sporting depende de ti, principalmente nos momentos mais complicados. Não é a distância que te quebra a paixão. És tu. És tu que decides onde levas o teu coração Rampante. És tu que decides se esse coração dá vida ao Sporting ou se, mesmo vivendo ao lado de Alvalade, o deixas aprisionado do outro lado do mundo.
26 Janeiro, 2015 at 13:06
naby sarr vai de vela……….
26 Janeiro, 2015 at 13:51
Sai ali em Algés, sobre em direcção a UK … entra pelo Tâmisa e fica logo ali.
26 Janeiro, 2015 at 13:54
onde é que isso saiu?
26 Janeiro, 2015 at 13:07
em principio pro charltron da 2ª liga inglesa………..
26 Janeiro, 2015 at 13:17
Espero que refine as qualidades…e deixe para trás alguns defeitos (que não me parecem de fabrico…)…
SL
26 Janeiro, 2015 at 13:31
Por mim, até pode seguir o exemplo de shika….que vá e não volte
26 Janeiro, 2015 at 14:18
vai para um clube que aprecia jogadores com estas características..
pode ser que corra bem e que acabe por ficar..era mais um excelente negócio…
26 Janeiro, 2015 at 13:24
Desculpem…
Morreu ontem um dos meus cantores preferidos..
Démis Roussos…
Permitam-me uma pequena homenagem…
http://youtu.be/XXfPO-thpZo
Até sempre Démis…!!
SL
26 Janeiro, 2015 at 13:48
MUITAS HORAS… esse senhor cantou em minha casa…a minha mãe era uma Fãzoca.
Eu acabei por gostar de o ouvir.
Que fique bem …onde esteja.
26 Janeiro, 2015 at 13:28
Continuo a dizer que o Marco desde que houve a crise interna (antes disso não, mas já falámos disso) tem tido nas conferencias de imprensa e ontem não foi exceção: é normalíssimo que o Ewerton não entrasse já na equipa. Tem de se integrar com os colegas, adquirir ritmo competitivo, etc. O Marco Silva disse que ele tinha qualidade e que não temos poder económico para adquirir um jogador que jogasse logo. Perfeitamente razoável.
Os filmes que querem fazer… já os conhecemos.
Ainda sobre o que o Miguel Cotovio disse que haverá jornalistas que vêm à Tasca (tivemos a prova num trabalho que veio sobre os blogs há pouco tempo num dos jornais das nádegas) é preciso ver que ninguém pode garantir que alguns que aqui vêm (sobretudo paraquedistas) sejam mesmo sportinguistas (e nem estou a considerar os sportingueiros que também os há infelizmente).
Eu não me dá para ir a blogs do Benfica participar, assim como também não comentava as notícias das nádegas quando o fazia no Rascord ou A Bosta, em que só opinava sobre as nossas. Mas há malta que gosta de o fazer (pode ser que assim aprendam algo) e vêm para aqui desestabilizar.
Por último era bom que os jornalistas que aqui possam vir tirassem inspiração para investigar muitos dos podres que assolam o futebol português. Temas não faltam. Assim houvesse vontade e algum brio profissional…
26 Janeiro, 2015 at 13:29
leia-se ” tem tido nas conferencias de imprensa um comportamento exemplar e ontem não foi excepção”
26 Janeiro, 2015 at 13:34
Agora é que me fodeste bem fodido, ó tasqueiro do caralho!…
Atão eu leio esta belíssima exposição de um neozelandês que até podia ser eu (e que bem que ele escrevia português!), emociono-me ao ponto de não conseguir emitir nenhum comentário de jeito para lá de uma interjeiçãozinha, “mudo” o meu fim‑de‑semana a pontos de ter que me pegar com a mulher por ir passar menos tempo do Domingo que estava previsto passar com os sogros (por mim tudo bem, mas isso vai-se pagar bem caro agora ao longo dos próximos dias…), dou a ler aos meus filhos essa história épica que, com certeza, só podia acontecer com o Sporting, e eles devoram a história no meu iPhone no carro a caminho do estádio, gasto uma pipa de massa em bilhetes e viagens, claramente movido pela emoção deste impulso afinal imaginário, até tentei topar se havia ali alguém com trombas neozelandesas na A01 para onde consegui bilhetes (mas depois lá pensei, a não ser que o gajo traga crocks, não tenho hipóteses porque descende de um gajo com bigode à Meszaros; mas pode ser que veja a loira de olhos verdes…).
Tudo, verdadeiramente, movido pelo impulso daquele texto, daquela… mentira.
E agora descubro que eras tu!!?
Olha, vai para o caralho! E obrigado… 😉
26 Janeiro, 2015 at 13:52
ahahahahaha
26 Janeiro, 2015 at 14:10
Ahahahahahahahaha.
E deixa aparecer aqui o PsicoPete que isto vai ser o bom e o bonito.
26 Janeiro, 2015 at 14:24
Já cá estou!
E NÃO ESTOU NADA CONTENTE (por termos sido ‘só’ 37769 a ir lá ontem).
Mesmo depois de perceber que de facto chorei a lei um texto do Paulo Coelho, a.k.a. Cherba, pensei que a história do Pedro e a forma como se espalhou por tudo o que foram páginas do SCP no facebook e afins, tivesse o condão de encher Alvalade como nunca. Mas não, afinal a Violenta e os afazeres do fim de semana fizeram a que tivéssemos mais uma assistência normal para o que se quer do Sporting.
Eu fiz a minha parte e levei a minhas duas pequenas leoas que vibraram com o golo do JM como se delas tivesse sido!
Em relação ao(s) texto(s) tenho a dizer que se apanho o Cherba na ruolote dou-lhe um carolo. Isto de fazer chorar um homem crescido é inadmissível. 🙂
26 Janeiro, 2015 at 14:39
Talvez “tenha resultado”…quem sabe se “sem o Pedro”…
Não seriam apenas 27769…??
Abr e SL
26 Janeiro, 2015 at 14:54
Olá amigo Max.
Sem querer (ou intencionalmente) reforçou o que eu quero dizer, ou seja, um clube da nossa dimensão não pode contentar-se com menos de 30.000 espectadores (pagantes) por jogo. As desculpas do ‘é de noite’, ‘está frio’, ‘está a chover’, ’tá calor’………….. não servem!
Adaptando a máxima do JFK em relação aos USA para a nossa realidade é algo como: O Sportinguista tem de merecer ser do Sporting e não o é só porque diz que é!
Para mim o Sporting vem à frente de quase tudo, o que aliás me está a fazer passar por um dilema lixado em relação ao jogo com os carnideiros por calhar exactamente no dia de aniversário da minha mãe. (Acho que este ano a prenda dela é ir ver o Sporting a Alvalade!) 😀
E por pôr o Sporting à frente de quase tudo é que faço sempre questão de lá estar jogo após jogo, ganhemos, percamos ou sejamos roubados à descarada como tantas vezes acontece. E por pôr o Sporting à frente de quase tudo é que os meus fins-de-semana nunca chegam para nada do que tenho de fazer.
Mas é por pôr o Sporting à frente de quase tudo que cada vez que entro em Alvalade e chego ao varandim do B06 me sinto em casa e me sinto tranquilo e em paz. Bem, pelo menos até ouvir o apito inicial, porque aí transformo-me!
Obrigado Sporting por me dares o privilégio de ser teu sócio!
26 Janeiro, 2015 at 15:59
Transformas-te em Leão que ruge? 😀
26 Janeiro, 2015 at 16:09
Pois é…
Adaptado será mais ou menos…:
Nãoperguntes o que o Sporting pode fazer por ti…pergunta antes o que é que tu podes fazer pelo Sporting…
É isso não é…?
Abr e SL
26 Janeiro, 2015 at 16:43
@AlexiaFerreira, e olha se ruge!
Quem me conhece saberá que sou um tipo normalmente tranquilo e do tipo ‘não se passa nada’, mas quando soa o apito pareço um arruaceiro do pior! Vocifero, chamo nomes (numa frase de 5 palavras consigo dizer 7 palavrões), assobio canto, grito, bato palmas como se não houvesse amanhã! Sou o verdadeiro Hulk quando fica(o) em modo Verde.
@Max, não quis ser literal mas sim, é isso. 😉
26 Janeiro, 2015 at 16:50
Assobias?
e estás na Central não é?
Pronto já percebi de onde vêm os assobios e eu a pensar que eram os velhadas croquetes que assobiavam 😀
26 Janeiro, 2015 at 16:54
Eh lá! Calma!
Assobio normalmente o Senhor do Apito e Anti-jogadores como foram os da académica. Nunca, mas nunca assobiarei um dos nossos.
E não é central, é lateral. 😉
26 Janeiro, 2015 at 16:56
Ahhhh bom
Fico mais descansada então 😀
26 Janeiro, 2015 at 15:06
Bem seriam no máximo 37765.
Valeu! 🙂
26 Janeiro, 2015 at 15:08
Já a confiança cega (percebo agora) que eu depositava no nosso tasqueiro-mor, essa, ficou ferida de morte….
26 Janeiro, 2015 at 14:26
eu confesso…o Pedro é naquela…mas a louraça…enfim..essa é que eu queria mesmo ver!!
26 Janeiro, 2015 at 15:04
Louraças há muitas.
Eram os “olhos verdes”….
Não há direito de me virem dizer hoje que aquilo não era verdade, pqp!
26 Janeiro, 2015 at 16:14
essa é das partes totalmente reais 😉
26 Janeiro, 2015 at 14:18
Apesar de ter sido uma brilhante fantasia, tenho a certeza que há muitos “Pedros” por todo o mundo, que sofrem por não poder estar junto do Nosso Grande Amor!
Eu digo presente, e acredito até ao fim!!
Quanto ao jogo, 3 pontos difíceis contra 2 equipas (mais uma vez) e objectivo cumprido. Estamos a 1 pontos dos frutas e a meter-lhe pressão, vão-se borrar todos! Excelente golo do Sir William!
SL
26 Janeiro, 2015 at 17:01
Cherba versão M. Night Shyamalan.
Muito bom, grande génio.
26 Janeiro, 2015 at 17:55
Muito bom muito bom, mas para quem realmente mora a milhares de quilómetros do país e familia não tem muita piada ser enganado desta maneira.
Sim emocionei-me, e sim estou fodido por ter sido enganado.
Só quem está longe sem grandes esperanças de poder voltar a breve prazo para perto da familia é que compreende o que custa. E ser gozado desta maneira, para quem tinha este espaço em muita consideração, custa ainda mais.
Sei que pouco valho porque sou apenas 1, mas é menos 1 a entrar aqui diariamente.
Que sejam felizes.
Viva o Sporting.
26 Janeiro, 2015 at 18:03
Era tão bom que os outros cogumelos que por aqui saltitam seguissem o teu exemplo….
26 Janeiro, 2015 at 18:06
Ramos,
podes interpretar da forma que quiseres e estás no teu pleno direito ao decidires não voltar aqui (eu tenho pena, tu fazes mal), mas repudio completamente a utilização do termo “gozar”. Basta pensares que nunca publiquei ou publicarei um texto que não seja meu, sem estar devidamente assinado. E já nem vou aos diversos indícios que deixei ao longo do texto (nome, idade, filha…).
Que consigas compreender o que me motivou a escrever este texto e que voltes, é o que desejo.
abraço
26 Janeiro, 2015 at 18:18
lramos…
desculpa lá, mas isso é conversa de trampa….
eu tambem estou a 2190 e poucos Km, e nao me senti gozado…pelo contrario, deu-me a “energia” de que quado resolver a minha situacao financeira, serei eu tambem um “Pedro”…
isso de ter sentires gozado é mesmo conversa para boi dormir…
26 Janeiro, 2015 at 19:30
Deixei um comentário no início deste post que explica bem o que penso do post do Cherba.
O Pedro existe LRamos e pelos vistos tu és um deles. Espero que rapidamente o entendas.
SL
26 Janeiro, 2015 at 19:22
Como já tinha mencionado, esta bela homenagem ao “Sportinguista deconhecido” faz lembrar o ditado italiano “se non è vero è ben trovato”. Recordou-me também a bela cena final do filme Spartacus de Kubrick: https://www.youtube.com/watch?v=FKCmyiljKo0
SL
26 Janeiro, 2015 at 20:02
Eu não tenho razões para criticar a exibição do SCP. A equipa entrou com vontade de ganhar o jogo. Faltou o clique que galvanizaria a nossa exibição. Foi pena que a bola tenha entrado demasiado tarde. Deixou-nos ansiosos. A equipa nesse aspecto pareceu-me serena e capaz. Nota-se que o Nani ainda procura o flare. Carrillo anda desinspirado (embora tenha tido alguns lances com categoria). Felizmente que alguém apareceu para compensar a ofuscação momentânea dos extremos. Ontem o Montero teve pouco jogo e na primeira parte nem sempre decidiu bem. Além disso ontem tivemos um reforço de Inverno importante. Sir William está de volta. Grande notícia!
26 Janeiro, 2015 at 20:05
BTW bela prosa Pedro! 😉
28 Janeiro, 2015 at 1:09
Estes dois posts são os melhores que já li até hoje… Talvez porque no próximo ano também eu seja “mais um Pedro”, estudando em terras Britânicas, longe de Alvalade…. Mas o Rampante estará sempre comigo!