No princípio desta época, depois de as transferência terem sido mais ou menos fechadas, fiquei honestamente com a convicção de que o Sporting tinha legítimas aspirações a lutar pelo título. A venda de Rojo seria a pedra no sapato, mas a chegada de Nani e mais umas promessas compensava, a meu ver, essa perda. Marco Silva substituía Jardim. Do mal o menos, o treinador do Estoril contava como proezas os anos de treinador que tinha. Além disso, é visto por todos os entendidos (os que o são a sério) como a nex big thing a sair dos bancos portugueses.

Olhando à volta, o porto comprara um plantel inteiro de jogadores de fundos, mas pusera à sua frente um treinador sem currículo de Ligas. No Carnide, despachou-se muito do que era bom para os Lims e amigos que tais…chegaram os Bebés e os Eliseus, por mim…olhando para o que tínhamos, tranquilo da vida – o Sporting podia bater-se com estes de igual para igual. Mas a verdade é que às portas de Março, estamos a um desaire de dizer adeus ao título e a um ou dois maus resultados de ficar a olhar para o 4º lugar com alguma cautela, isto se as dinâmicas de vitória dos primeiros se mantiverem.

Aconteceram duas coisas para chegarmos a este ponto: 1/ O Sporting foi perdulário em alguma partidas em casa, deixando-se empatar com adversários mais do que acessíveis. 2/ Os nossos rivais foram-se segurando à tábuas patrocinadas pelos árbitros, invariavelmente quando a dificuldade aperta – os erros salvadores aparecem. E são erros factuais, não são duvidosos nem inventados. Estarei a insinuar corrupção? Sim. Há muitos tipos de corrupção e o que penso estar a percorrer os “colinhos” deste ano podem não estar condenados em nenhum código civil, mas são formas ilegais de patrocinar competição. Não é segredo para ninguém que benfica e porto estão a “sustentar” o nosso futebol. A Liga está falida, a FPF não pode fazer o que lhe apetece (é uma instituição de utilidade pública), a maioria dos clubes profissionais não tem dinheiro para mandar cantar um cego, e as empresas que “pagam” ao futebol estão cada vez menos saudáveis. Como é que os nossos rivais “pagam” as dívidas da Liga? Como “pagam” os salários dos árbitros? Como é que chegámos a um ponto em que 2 clubes e um fantoche se arrogam de “salvar” a casa de todo o futebol profissional português? A resposta é só uma – com uma granda filha da puta de falta de vergonha na cara!

Os mesmos que enterraram o prestígio e o desportivismo das nossas competições durante décadas, vestem agora a pele de figuras providenciais, os mecenas da virtude, os patronos da regularidade e boa gestão. Que monumental comédia! Puta que os pariu! Cambada de corruptos e arruaceiros. Salvar o quê?! Só se for a vossa sobrevivência, pois consta que as continhas que apresentam aos sócios são mais marteladas que o prestígio do NovoBanco. Mas enquanto não se descobrem as carecas (porque ninguém quer descobrir os esqueletos de políticos, partidos, câmaras municipais, governos, bancos e tribunais que ficaram enterrados) o “sistema” vai se auto-regenerando. Os lobos vestem de fato e gravata e sentam-se à mesa com os cordeiros, com promessas de paz e boa convivência. São essas “promessas” que tanto alegram os nossos árbitros. Porque não há nada mais cordeirinho que um árbitro português. Quem é que quer desagradar ao patrão? Especialmente se este te puder (porque o quer) comer?

O colinho vermelho tem sido mais evidente, mas eu não sou tão ingénuo ao ponto de achar que existe um pacto com os azuis para deixar o Carnide festejar este ano. Não acho. Tenho a certeza. Só um pacto desses não poria o Bufas completamente histérico semana após semana nos media. Só um pacto desses faria com que os arautos do clube portista aceitassem, com uma paz de enervar um buda de areia, ver as repetições dos lances polémicos dos jogos dos encarnados sem espumar litros de Kompensan pela boca. A cumplicidade com o colinho de vermelhos é sustentada pelo colinho dos azuis…porque a sorte do sorteio desta época na pré-eliminatória da Champions pode não se repetir e o 3º lugar pode ser um jogo perigoso, especialmente para quem apostou todas as fichas como o clube do Pintinho.

O 3º lugar significa o quê então no caso do Sporting? Bom…parece-me, antes de mais, que é o mínimo olímpico para o nosso projecto. Não trará nada de acrescido ao desenvolvimento do clube e poderá até ser um dado orçamental bastante difícil de gerir, mas não seria o fim do mundo. Não nos enganemos, o salto desportivo do Sporting só poderá ser feito com vendas de jogadores, um controlo orçamental divinal e acessos regulares à Champions. Na verdade, até mais do que os títulos, recuperar financeiramente é a prioridade. Convém é não justificar todos os insucessos com a comparação de orçamentos. Por aí já andamos e festejar segundos lugares é pouco para a dimensão do Sporting. Cada ano terá de ser encarado como fundamental. A subida de qualidade do clube terá de ser evidente em todos os parâmetros….se isso for o grande plano e especialmente se for cumprido, dentro de algumas épocas a situação será já bem diferente e tanto a máquina desportiva como a financeira, serão apoios mais concretos para chegar onde queremos. Todos os anos, um pouco melhores. No fundo a regra do jogo a jogo aplicada às épocas desportivas. Um 3º lugar não mede o avanço e evolução do clube e da SAD, mede apenas o seu posicionamento na competição do futebol profissional.

Não ganhar, não significa perder. Cegar com títulos e não melhorar a estrutura significará a ruína.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca