manecasHá muito que ando para escrever este texto, porque é algo que me tem incomodado profundamente e que, a meu ver, marca a gestão de plantel que tem sido feita até ao momento.

Marco Silva é um homem conhecido por saber tirar o melhor rendimento possível dos seus jogadores. Em especial dos seus extremos e avançados. Vejamos o que o homem conseguiu fazer com o Balboa, com o Sebá, Carlinhos, Lord Licá ou Luís Leal. Estes foram homens importantes no seu sucesso e a sua fórmula foi repetida no Sporting, com Andre Carrillo. Mas um jogador, que já nos deu algumas alegrias e esperança de um grande futuro, não tem tido a mesma sorte. Falo claro do talentoso Carlos Mané.

Com 21 anos, Carlos Mané foi capitão de quase todos os escalões de formação do Sporting e teve uma ascensão incrível ao quase nem cheirar a equipa B, nem ser emprestado e passar imediatamente para a equipa principal. Essa foi uma das melhores decisões de Leonardo Jardim e um momento que aplaudi de pé. No Sporting desde 2001, o jovem avançado formou-se como ponta de lança, jogou a dez e na ala, foi sempre um goleador nato. Quando entrou a época passada trouxe poder de fogo, imaginação e velocidade. Tudo graças a um treinador que acreditou no seu talento, que o lançou sem medos e que sabe potenciar como poucos os seus atletas.

Hoje, Mané parece ser para a equipa técnica leonina “o gajo melhorzinho que o Capel”. O rapaz que entra lá para os 70 para que o Carrillo descanse um bocadinho. O que só é titular quando um dos outros dois deixa de ter tanta velocidade nos jogos. Esse não é um papel que seja condizente com as suas qualidades e com a forma como agita qualquer jogo em que entra. Não combina com um extremo goleador, capaz de fazer todas as posições de ataque, com gosto por golos bonitos e uma velocidade incrível. E, mais importante que tudo, não combina com uma das maiores pérolas da nossa formação, que tem de ser lapidada e potenciada.

Carlos Mané sai muito prejudicado da inconsistência exibicional da equipa. Foi vítima maior de uma protecção do grupo, que pelos altos e baixos de resultados e de gestão desportiva fizeram com que fosse relegado para um lugar longe dos relvados. Não há como negar, Mané evoluiu pouco como futebolista este ano. Porque a falta de oportunidades faz com que queira dar tudo em cada lance, porque parece mais desmotivado e até perdeu aquela alegria de jogar que tanto o caracteriza e que tanto gosto nos dá ver. Não o escondo, o Carlos é um dos meus favoritos e um grande sportinguista, que terá sempre o meu apoio mesmo quando da bancada surgir o ocasional assobio. Mas precisa de minutos e de ganhar o papel preponderante que todos esperamos que assuma rapidamente.

O Sporting tem de ter uma política completamente virada para os jogadores que forma e para a valorização dos seus activos. Não pode ter medo de os lançar, de perceber que eles falham mas que dão um encanto ao jogo como poucos. Tem de o fazer com o Mané, com o Matheus, com o Iuri e todos os outros. Eles têm de ser a prioridade, bem como o seu desenvolvimento como futebolistas. Mané já nos ajudou tantas vezes, já nos alegrou tanto os relvados, que merecia mais apoio da equipa técnica e, já agora, uma imprensa um bocadito melhor também.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa