Patrício, Cedric, Esgaio, Tobias, Nuno Reis, William, Wallyson, Adrien, João Mário, Mané, Iury Medeiros e Daniel Podence. 12 jogadores. Diferentes níveis de afirmação.
Patrício, Adrien e William, três jogadores de Selecção A com titularidade no clube assegurada, fiáveis (por favor não vão na conversa da errática forma de Adrien…é pura idiotice) e com muito valor de mercado.
Cedric, João Mário e Mané. 3 excelentes jogadores com muita margem de progressão que de época para época dão saltos qualitativos enormes. Todos eles com a promessa de serem convocados para a Selecção, dependente da sua forma e mais ou menos aposta na geriatria desportiva portuguesa.
Tobias e Wallyson. Recheados de talento. Seguramente jogadores a fazerem parte do plantel da próxima temporada e em qualquer dos casos uma excelente aposta de crescimento. Não enganam ninguém e prometem ser solução a curtíssimo prazo.
Esgaio, Medeiros e Podence. Ainda com pouca experiência e pouco contacto com o futebol da alta roda…qualidade há, e muita, mas todos eles a precisar de “espaço” para jogar, errar e conquistar aqueles momentos que não tiram jogadores do onze.
E depois há…Nuno Reis. Um excelente jogador, que prometeu ser dos melhores centrais que alguma vez “fizemos”, mas que as entradas e saídas, as apostas e as meias-apostas, fizeram perder o timing de afirmação.

Cinco lotes de jogadores que me dão um orgulho estratosférico de estarem de leão ao peito e terem todas as possibilidades de alguém com olhos na cara defender a sua manutenção e valorização na próxima época. Todos e qualquer um deles acrescenta algo a qualquer equipa e temos de parar com o sindroma das salvações sul-americanas ou dos diamantes de leste. Os craques já cá moram e estão na prateleira à espera de serem os “meninos” de um Busby desta vida. Basta um treinador, apenas um treinador inteligente, corajoso e sensato…que coloque acima da sua resultância, o futuro do Sporting…e sim pode ser Marco Silva…e não haverá quem descubra petróleo debaixo das pedras da calçada.

O futebol é momento. Timing. Ondas, maré e rebentação. Um jogador pode enterrar uma equipa, uma equipa pode revelar um jogador. Há colectivos e individualidades, tácticas e técnicas…mas as palmas do público, o apoio do treinador, a confiança de uma direcção ainda são tudo o que pode “descobrir” uma promessa. Não é por mero acaso que tantos jovens se afirmam no Sporting. Não. Não é porque não temos dinheiro para os outros…lembro-me de Cristiano (o brasileiro), de Ângulo, de Farnerud e outros flops que provam que mesmo quando os euros não abundam é sempre possível ignorar a formação. O Sporting forma, lança e afirma tantos jovens “canteranos” porque acredita neles e, já agora, porque são bons. Em contra-peso, existem muitos interessados em que os Sportinguistas não acreditem que temos óptimos jogadores jovens na nossa folha de pagamentos, capazes de ser excelentes soluções a um preço muito recomendável.

Acredito profundamente que a grande crise da Academia, é de confiança. Ouvir e ler 2345 vezes por ano, a todo o tipo de bandalho, que a nossa formação está em crise. Que este ou aquele jogador não está preparado, que esta ou aquela equipa não está ao nível dos pergaminhos do clube…tem o seu preço. Sei que esta direcção tem-se batido, como pode, por manter o universo leonino imune a estas intoxicações convenientes, mas por mais remédios e terapias que se apliquem, as pessoas acreditam no que querem…e há muitos sportinguistas, que infelizmente guardam muito melhor na memoria os falhanços do que os sucessos, e sendo assim, é difícil de dar o segundo e terceiro passo, quando ninguém tem a certeza se o primeiro foi bem dado.

Apesar de Gauld, Carrillo, Rubio, Oliveira ou outros estarem a reunir os consensos…é preciso não esquecer estes 12 atletas e preparar o seu caminho de forma sustentada. No caso de Patrício, Adrien e William, essa via, gostaria eu, seria a conquista de troféus e a consagração como símbolos (não como os de pés de barro de Liedson ou Moutinho) verdadeiros da identidade do clube. Nos restantes, a opção terá de ser sempre a primazia do que já existe em stock, em vez das permanentes loucuras dos “saldos” dos outros.

Alguns de vocês estarão a pensar “mas ainda há o Gelson, o Matheus, o novo “Pogba”, o Geraldes, o…” e eu digo-vos que se valorizar os putos é bom, glorificá-los antes de tempo é péssimo. Antes do Boubacar Djaló, há o William, depois há o Zezinho e ainda pelo meio um surpreendente Palhinha…o Pogba tem de comer ainda muita papa no nosso afecto e depósito de esperança e convém que não “saltemos” fornadas há procura de wonderkids, pois isso pressiona as jovens mentalidades dos nossos atletas e dá combustível à imprensa para por na “montra” os projectos em curso como prontos, quando estão bem longe de o ser.

A inarrável “corrida” de Zé Turbo para o Inter é um exemplo de como se confunde muitas vezes uma longa maratona de ascensão ao futebol de primeira linha com um sprint para as medianas ou medíocres escolas de reservas de muitos dos grandes emblemas europeus. Deixar uma das melhores faculdades, para ingressar num estágio (bem) remunerado a marcar passo é uma decisão que me custa a entender. Ou não, a nova escravatura em que o futebol mergulhou em que milhares e milhões de euros justificam qualquer pessoa fazer o que for preciso trouxe novos paradigmas em que a ética, a palavra, a lei ou a dignidade são compradas com a promessa de muitos maços de notas. No passado, como agora, a ignorância de uns é o lucro de outros. A inocência de muitos é a sabujice de uns poucos que reformaram as correntes, algemas e chicote por Jaguares, canetas de ouro e livro de cheques.

O desafio não é salvar a Academia para que vença as competições de Infantis, Juvenis ou Juniores. Não é para que brilhe na II Liga à frente das outras B´s. Salvar a Academia é formar cada vez menos atletas com Turbos ou outros distúrbios, criando atletas que não estejam “desertos” na ambição de rumar à Terra Prometida dos empresários, vendendo o seu talento inacabado prematuramente, deixando para trás o que tantas vezes prometia ser um oásis de vantagens para clube e jogador. Ao contrario do Seixal, Alcochete não é um viveiro para empresários e muito menos um armazém de lenha para troca chamado Olival, é a principal origem dos atletas da nossa equipa principal e da Selecção Nacional. Isso merece o nosso respeito, carinho e orgulho. Para os 12 atletas mencionados neste post, essa origem deve ser sempre um sinal de qualidade e uma garantia de competência e não o contrario.

E voltamos ao Nuno Reis. O perfeito exemplo de um jogador em quem nunca ninguém apostou apesar de todo um historial de formação exemplar, uma conduta imaculada e um Mundial de Sub-20 onde capitaneou (mesmo!) as nossas Quinas a uma brilhante final. Sarr foi muito menos que isso, mas…o futebol é o momento. Onda, marés e rebentação. Há quem nade e há quem navegue.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca