As horas vão passando e a má disposição mantém-se. Agravada, obviamente, quando se passa os olhos na diagonal pelos jornais e se lê merdas como o Paços ter sempre acreditado. Claro que podemos sempre olhar para o empate de ontem como um castigo para o desaproveitamento de oportunidades de golo claríssimas, mas daí a dizer que os “castores” mereceram um ponto… bem, adiante.

O Sporting entrou bem no jogo e mostrou, desde início, querer ganhá-lo. As tentativas de contra ataque pacense foram constantemente anuladas enquanto, na frente, Nani estava de volta e, em conjunto com Carrillo, dinamitava as alas e fazia adivinhar o primeiro golo. Não surgiu numa cabeçada de Tobias Figueiredo (incrível falhanço, com a baliza escancarada), surgiu num belíssimo rasgo individual de Nani, que ofereceu para Slimani encostar. Poucos minutos volvidos, papéis invertidos, com o argelino a cruzar atrasado para a entrada de Nani. O remate saiu mais colocado do que em força e permitiu a um defesa do Paços fazer de guarda-redes.

O intervalo chegava e não existiam dúvidas quanto à justiça do resultado. A curiosidade maior era perceber como regressaria o Sporting para a segunda parte, se embalado à procura do segundo golo se a começar a poupar-se para a meia-final da Taça. A resposta foi pronta: 20 minutos de total asfixia para um Paços de Ferreira que raramente consiga ultrapassar o seu meio-campo com apropósito. Dessa pressão e vontade em colocar um ponto final no jogo, surgiram duas perdidas incríveis: no espaço de dois minutos, João Mário, primeiro, Carrillo, depois, apenas com o guarda-redes pela frente, desperdiçam. O mesmo João Mário, que depois de um grande jogo nas entrelinhas adversárias viria a transforma-se em vilão, acerta no ar após assistência de Slimani e acaba por perder a bola que resulta no golo adversário. Uma pedrada em 90 minutos, um golo, que até dará muito que discutir sobre se Rui Patrício teve culpa num lance em que, em meu entender, o guardião não vê a bola partir.

A um quarto de hora do fim, o Sporting via fugir os três pontos que plenamente justificava. Marco Silva surpreende tudo e todos ao tirar Slimani, até porque a defensiva adversária já tinha dado mais do que provas de ser permeável em lances aéreos (tendo em conta a saída do argelino estranha-se, depois, a entrada de Capel, a não ser que a ideia fosse sacar faltas perto da área). Aliás, seria dessa forma que o Sporting estaria novamente perto de marcar, primeiro por Ewerton, depois por Tobias, com os centrais a irem lá acima e a desperdiçarem mais duas excelentes oportunidades. Mãos na cabeça, num filme tantas vezes visto esta época: a equipa joga um futebol atractivo e personalizado, mas desperdiça de forma inacreditável, muitas vezes displicente, as oportunidades que consegue construir. E, face a isso, o que resta é uma enorme frustração.