Por coincidência, ou até um leve toque de ironia, o último título oficial ganho pelo Sporting foi a Taça de Portugal. Corria o mês de Maio, em 2008, e numa tarde de jogo equilibrado e muito sol, Tiui haveria de marcar os dois golos da vitória que nos viriam a garantir o troféu. Essa era uma altura em que o Sporting jogava completamente descomplexado contra os seus rivais. Era a altura em que a ida à Luz ou ao Dragão era sinal de um jogo disputado e, muitas vezes, da nossa vitória. E foi a época em que ficámos conhecidos por “papa-taças”, título que poucos gostávamos, mas do qual não nos importaríamos anos mais tarde.

taça 2008No topo da tribuna, aquele a quem chamávamos pequeno grande capitão levantava mais um troféu e fazia o orgulho dos milhões de sportinguistas. Aos nossos olhos, a coisa podia não correr muito bem, mas o Moutinho era o mais fiel, o que nunca baixava os braços pelo clube. Ao lado, erguia-se uma camisola com o famoso 31, em honra do “Levezinho” que não pode disputar aquela final. Sabemos como acabou a história do Moutinho e até como Liedson decidiu terminar a carreira. Mas, por algum motivo ao longo de todos estes anos, ficou-me aquela imagem na tribuna e toda a mágoa que ela viria a representar para nós.

Depois disso nada melhorou, antes pelo contrário. Vieram os Paulos Sérgios, Couceiros, Domingos, Vercauterens, e Carvalhais. Vieram os terceiros lugares, depois os quartos, até chegarmos ao humilhante sétimo. Vieram as desilusões, os maus jogadores, os maus dirigentes e as péssimas vendas. E todo este tempo foi passando sem que víssemos entrar no nosso museu uma única peça de prata. Nem uma Taça da Liga, nem Campeonato, nem uma mísera Supertaça. Um completo deserto que era agravado por um clube gerido por arrogantes que achavam que podiam não só destruir a potencial desportiva, como também a económica. E, no pano de fundo, sempre a imagem do Judas a segurar o último título. Nem a recordar a história podíamos fugir ao que era um Sporting adormecido.

Em breve teremos a oportunidade de apagar essa história e começar, mais uma vez, uma nova Era. Uma era em que o Sporting prova que voltou a ser competitivo, em que a prata já não se divide por dois. Um Sporting que vai cada vez mais estar perto do primeiro lugar e que precisa de começar a ganhar para que se volte a tornar um hábito. Para além da dívida que esta equipa tem para connosco, que temos estado presentes e temos sido uma autêntica força dentro e fora dos relvados, fica a necessidade de celebrar algo, para que não fique o sentimento amargo de mais uma época que muito prometeu mas que não deu em nada. Mais importante do que quem joga, quem marca, quem resolve, importa que o Sporting ganhe. Quanto mais não seja, para que nos apaguem de vez a imagem do último título ganho.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa