cedric e carrilloMuito se tem falado sobre a próxima época, graças às constantes notícias que colocam os nossos jogadores na ribalta, e da renovação de alguns dos membros mais valiosos do nosso plantel, com Carrillo à cabeça. Mas pouco é o tempo em que paramos e analisamos a situação em que se encontra um dos membros mais antigos do nosso clube, Cédric Soares.

Miguel Lopes foi chamado e correspondeu, disso não temos dúvidas. Lopes era tudo menos um dos meus favoritos, pode dizer-se que era o oposto, mas provou a todos que estavam errados ao se apresentar em campo com qualidade, segurança e muita ajuda no ataque. Mas, o facto de atribuir mérito ao Miguel Lopes pelo seu momento de forma não quer dizer que me esqueça do nosso verdadeiro titular, pela terceira época, de seu nome Cédric.

O nosso 41 comemorou esta época o 17º ano de ligação ao Sporting Clube de Portugal. Foi sempre uma espécie de “patinho feio”, que nunca mereceu grande destaque na imprensa nem entre adeptos. Cumpria a posição, cometia os seus erros mas, a cima de tudo, nunca foi um problema e sempre uma solução. Renovou depois de um empréstimo à Académica, numa altura em que Adrien era a novela de Verão, e nem aí se atribui grande importância aquele gesto.  Começou como titular, teve de cair, regressar mais forte e tornar-se um dos indiscutíveis ao serviço de Leonardo Jardim.
Foi assim que chegou à selecção nacional e rapidamente rotulado pela opinião pública de “flop” ao serviço das Quinas. Tudo porque num jogo foi só “um bocadinho melhor” que o picanhas Eliseu. Como sempre fez na sua carreira, caiu, lutou e voltou a ser internacional para descontentamento dos adeptos de Bosingwa (a sério?). E em todo este processo, Cédric mostrou uma raça incrível e uma maturidade enorme para um jovem de 22/23 anos. E durante todos estes anos, como pano de fundo, um respeito enorme pelo Sporting Clube de Portugal.

Suponhamos que é verdade, que Cédric quer mesmo aqueles 550 mil euros por ano para renovar. Isso é metade do que recebe o Patrício ou o Capel e quase metade do que recebe Adrien e Miguel Lopes, por exemplo. E supondo agora que o Sporting achará que é demais  e não está disposto a oferecer isso ao atleta que formou. Então será o mesmo Sporting que tem de acabar toda esta relação de quase décadas em bem. Assumir que financeiramente esse esforço não é possível e aceitar que o jogador possa dar um passo diferente na carreira.

Não sei Cédric vai marcar a história do Sporting,  ou se pretende mesmo ficar, mas sei que o Sporting marcou mais de dois terços da sua vida. Sei que não é menos sportinguista de muitos que são louvados por isso. Nunca “chorou”, nunca criticou, nunca lavou a roupa suja na imprensa e representou sempre aquela camisola com o que tinha e podia. É um filho da casa e possivelmente o melhor lateral direito em muitos muitos anos a sair de Alcochete. Sei que tem tudo para ser o melhor lateral português, se lutar e trabalhar para isso.

Por tudo o que mostrou em campo e pela gratidão com que usou a nossa camisola, merece aquele carinho extra que damos a um amigo que conhecemos desde crianças. Merece ficar e voltar à titularidade. E, se for embora, merece sair sem palavras de ódio da nossa parte.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa