Numa altura em que a época parece praticamente terminada e quando temos apenas um título em disputa, as fileiras leoninas dividem-se em quase todos os aspectos que giram à volta da equipa de futebol profissional. Desde o desempenho do treinador ou da própria estrutura, desde a necessidade de comprar ou manter jogadores e até na avaliação geral de uma temporada que, queiramos ou não, frustrou as expectativas de todos. O futebol pouco conseguido ou medíocre que a equipa apresenta desde o famoso empate com o Benfica parece ter sido a estocada final para que todos se esqueçam dos grandes momentos de futebol a que presenciámos e parece ter descredibilizado ainda mais alguns dos elementos do plantel e o seu treinador, que foi protagonista de uma novela absurda com o nosso Presidente.
Sei bem que muitos imaginavam, depois do segundo lugar da passada temporada, que este ano estaríamos, pelo menos, a disputar o título. A realidade é que nunca estivemos, nunca verdadeiramente. Nunca estivemos no primeiro lugar e foi pouco o tempo que passamos pelo segundo. Aliás, demos a volta ao campeonato num quarto lugar quase arrepiante que previa o desfecho final. Mas, numa altura que precisamos de união, não custa lembrar que o trabalho desenvolvido estará dentro de uma normalidade que poucos quisemos admitir antes de rolar a bola no relvado. O nosso plantel é bom, bem melhor que o de Jardim, mas faltam-nos algumas peças chave de maior qualidade. O nosso treinador é bom, inferior a Jardim, mas tem uma inexperiência que foi fatal em imensos jogos. O nosso Presidente é grande, muito melhor que os antecessores, mas também ele e a sua estrutura falharam ao não dar a estabilidade de que necessitava o plantel em certos momentos da temporada.
Ainda assim, são imensos os exemplos do futebol europeu que provam que a nossa recuperação e presença nos lugares cimeiros da tabela não deixam de não ser incríveis. Clubes como o Liverpool , que se preocupam demasiado em manter jogadores com ordenados absurdos e menos em cultivar a mística que os caracterizou durante tantos anos. E, depois 150 milhões gastos em transferências, não irão, mais uma vez, jogar a Liga dos Campeões. Clubes como os gigantes de Milão que, sem perceber o que realmente era necessário, gastaram, gastaram e gastaram até que se viram a jogar praticamente sem público, longe do topo da tabela e longe do lugar que conquistaram por mérito próprio. Exemplos como o fantástico Dortmund, que se esqueceu de que a mística não fazia tudo em campo e se afundou numa crise imensa até aos lugares mais baixos da tabela, por não apresentar a qualidade suficiente nas suas fileiras. O Atlético de Madrid, que demorou quase duas décadas a vencer um novo campeonato, destronando os dois gigantes num feito que demorou, demorou, demorou. Ou, ainda Espanha, o Valencia, clube que tem uma enorme massa adepta e se deixou adormecer de tal forma que teve mesmo de ser comprado para voltar a ser alguma coisa.
Não será expectável que alguém olhe para um terceiro lugar como algo positivo, ainda mais tendo em conta que apenas três clubes são realmente competitivos em Portugal. Mas, esquecendo essa parte, o Sporting está numa excelente posição para conquistar um título e, sobre esse título, construir a sua próxima temporada e preparar os seus jogadores para um espírito de vitória. Os clubes que referi não tiveram essa sorte, não puderam, dois anos depois de uma enorme crise, carimbar duas presenças na Champions League e ainda ganhar uma Taça por cima disto. Não puderam porque não foram competentes o suficiente para o fazer, nós fomos.
Este é o momento de acreditar no nosso jovem treinador e nos nossos jovens jogadores, mesmo que por dentro saiam aqueles insultos feios. É o momento de perceber que estamos a construir um futuro com base no sucesso, sucesso esse que não sentimos desde 2008 (!). Não é altura de falsas arrogâncias nem sentimentos de exigência desmedidas porque, na realidade, o que já está perdido está, mas ainda temos algo a ganhar. Eu sei que muitos dos adeptos do Milan ou do Liverpool (por exemplo) trocariam de lugar connosco sem piscar os olhos, mesmo tendo em conta a grandeza dos seus emblemas na Europa, maiores até que o Sporting. Vamos ao Jamor ganhar. Vamos conquistar o título que nos falta e vamos encarar o mercado sem dramas, sabendo que o caminho dos troféus está a ser traçado de forma séria e cheia de sportinguismo.
21 Abril, 2015 at 16:43
Que ninguém tenha dúvidas a preparação da nossa época não se compara nem podia comparar com a preparação dos nossos rivais.
LFV e PC demoraram alguns anos a aprender, não começaram logo a ganhar. É natural que BC cometa alguns erros.
Por exemplo Jonas era um jogador livre. O seu ordenado face ao rendimento não era nada de extraordinário, poderia ter sido uma opção. Melhor sem dúvida que a compra de Slavchev.
Não basta ter o Nani se começamos a época sem centrais.
Na próxima época se MS continuar teremos que estar muito atentos ao mercado na tentativa de conseguirmos os melhores negócios, um PL que garanta 20 golos é fundamental. Nas duas últimas épocas em que fomos campeões Acosta e Jardel, alcançaram e superaram essa marca.
Vamos em Frente. SPORTING.
21 Abril, 2015 at 21:32
“Começarmos a época sem centrais” ??? P.Oliveira já lá estava, Tobias também…e Maurício (apesar das debilidades) era o habitual titular na época passada ( onde tivémos uma performance defensiva muito boa!)
Slavchev não consigo compreender…e não foi barato…com tantos 8 foi uma compra desnecessária (mas ainda é muito jovem e pode me contrariar!)
PL é fundamental!!!
21 Abril, 2015 at 17:29
Assino por baixo. Estou farto de dizer, para mim claro, o Marco Silva, faz parte da solução, e nunca do problema, como alguns, querem fazer crer. Ainda no Domingo, com todas as incidências que o jogo teve, o homem esteve á altura. Um abraço.
21 Abril, 2015 at 18:14
Sem dúvida. Abraço para ti.
21 Abril, 2015 at 19:01
BC e MS para continuarem a trabalhar juntos. Sem dúvida.
22 Abril, 2015 at 9:42
Os fundos até podem “ajudar” uma ou outra equipa a ter sucesso (a que “preço” se verá mais tarde). Mas globalmente e estruturalmente tanto aumentam as desigualdades, como contribuem para o agravar das condições financeiras dos clubes. Veja-se o relatório Deloytte para o futebol (já aqui coloquei, não sei onde está). A táctica como sempre, é tentar vender um ou dois casos de sucesso, e responsabilizar a maioria dos “perdedores”, ignorando as grandes dinâmicas económicas (o bolo não se reparte).