Este fim-de-semana fomos presenteados com vários momentos que encheram a nação sportinguista de orgulho e o museu do clube com mais umas pratas para compor as prateleiras.

Primeiro, o futsal, que perante 12 mil vozes de leões e leoas deu uma resposta incrível dentro do campo, mesmo estando desfalcados e com sem aquela estrelinha de sorte que normalmente protege os campeões. Infelizmente a presença na final não foi possível, por erros próprios e pela qualidade do adversário, mas fica na memória o dia em que batemos o recorde de assistência da UEFA Futsal Cup e, diz quem lá esteve, o dia em que um ambiente foi tão incrível que ficará para sempre na memória dos presentes. Conseguimos, ainda assim, um mais que merecido terceiro lugar perante quase dez mil adeptos, que com os jogadores e equipa técnica fizeram a festa, como que agradecendo aquela equipa o bicampeonato, as taças de Portugal e as Supertaças, que um ano menos conseguido não vão apagar.
No final, Benedito diz que se fosse para viver aquele ambiente, nem que fosse por um minuto, lesionava-se outra vez. Mais uma demonstração de amor que só Benedito nos sabe dar, ele que será sempre um intocável no Sporting.

Depois de tudo isto, o hóquei. Um jogo impróprio para cardíacos que foi incerto e emocionante até ao final. Teve adrenalina, teve reviravoltas atrás de reviravoltas, teve o normal grito com o árbitro e um enorme Girão. No talento do nosso guarda redes esteve parte do segredo para o nosso título europeu, mas também na qualidade, na raça e no querer dos seus companheiros, que se recusaram a baixar os braços. Um título europeu chega a casa depois de 23 anos, no ano em que a equipa se tornou profissional, e perante os milhares de sportinguistas que se deslocaram ao aeroporto para receber os “Reis da Catalunha”.

Este é, sem dúvida, o Sporting que queremos e que idealizamos. O Sporting que não desiste e se motiva com a presença, ainda que pequena, dos seus adeptos. O Sporting que responde a quem grita por ele, que assume sempre ser um dos favoritos, que não se acanha perante os mais experientes ou com orçamentos superiores. Este é o clube que escolhemos pare ser nosso, onde a raça, a atitude e a mística também jogam e onde o sentimento de dedicação tem de estar presente em toda a estrutura. Sentimos orgulho porque vimos projectos construídos que foram ganhos, mesmo tendo em conta a redução de orçamento que se sofreu em todo o clube. Sentimos orgulho porque sabemos que a nossa voz fez diferença dentro do campo. E, perante tudo isto, não podemos deixar de nos questionar se, no desporto que mais acompanhamos e onde mais estamos presentes em massa, este tipo de sentimentos não fará alguma diferença.

A equipa profissional de futebol do Sporting é a que mais nos motiva, a que nos deu mais ídolos e a que mais acompanhamos. Mas é também a que menos se motiva com a nossa presença, a que menos consegue colmatar as suas lacunas com raça e a atitude dentro de campo. Fica o claro sentimento que com o querer o hóquei ou com o acreditar do futsal, muitos pontos perdidos não tinham acontecido e, talvez, ainda estivéssemos a disputar o tão ansiado campeonato. Mas, em vez disso, somos muitas vezes presenteados com exibições amorfas, adormecidas, onde os níveis de concentração sobem e baixam com a velocidade da luz, mesmo quando são as nossas vozes na bancada. A força, o lutar até ao último minuto, a ligação com os adeptos, que sempre caracterizou o nosso clube é às vezes esquecida no seio daqueles que acompanhamos para todo o lado, na esperança de somar três pontos.

É claro que não vamos abandonar o futebol e ligar agora apenas às modalidades ditas amadoras. Continuamos a sentir imensa paixão pelo relvado e os onze contra onze. Continuamos a gostar do Patrício, do William ou do Carrillo. Continuaremos a discutir qual a melhor posição para André Martins e qual a importância de Paulo Oliveira. O que muda agora é que, perante as demonstrações de sportinguismo que tivemos num fim-de-semana sem futebol, temos de ser mais exigentes com quem defende as nossas cores em campo. Nós, o seu treinador e os seus dirigentes.

Não queremos desmotivação, nem falta de atitude, nem desconcentrações. Queremos um Sporting em Estado Puro em campo, que veste a camisola com orgulho e sabe que tem sempre mais alguma coisa para lutar. Queremos um título, o único possível nesta época, sem desculpas nem contrariedades. E tudo isto com brio e com respeito pelo símbolo que trazem ao peito, o mesmo que encanta milhões no nosso país e o mesmo que já levantou tantos e tantos troféus. No fundo, queremos apenas que juntem o talento aquela dose de atitude que lhes está a faltar, e muito, desde Fevereiro. Primeiro porque já a vimos nesta equipa, mas desapareceu, segundo porque passámos o fim-de-semana a olhar para ela.

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*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa